quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Estou em férias


O ano de 2008 foi cheio de idéias que se espalharam em todos os meus blogs. Durante 366 dias foram 447 publicações sendo

310 textos no Mens Insana

39 textos no Inclusão: ampla, geral e irrestrita (além de mais uma coleção de textos escritos por convidados)

37 textos no Espicaçando o Marketing ( além dos textos do Volney Faustini e de outros escritos por convidados)

61 textos aqui no Calvinistas, graças a Deus

Acredito que você possa aproveitar as minhas férias para colocar suas leituras em dia....risos

Um abraço aos meus leitores e comentaristas. Volto no final de janeiro.

Fábio Adiron

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Chamados para sermos discípulos (final)

Beleza é conteúdo

Quão formosos os pés dos que anunciam coisas boas! Rm 10:15

Metonímia é uma figura de linguagem que consiste numa transposição de significado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser usada com outro significado. Não com base em traços de semelhança, como na metáfora, mas por alguma relação lógica entre os termos. Calvino entendia que a figura dos pés formosos era uma metonímia.

Quando Isaías (52:7) fala dos pés formosos, expressão que Paulo vai lembrar os Romanos, ele se refere aos mensageiros que traziam as notícias do fim do cativeiro. Assim como nós levamos as notícias do fim da escravidão do pecado. Os mensageiros desciam os montes e chegavam com os pés cobertos de pó e de sujeira. Mesmo assim, eram os pés que traziam a notícia da salvação, tão maravilhosa que, até aquilo que aparentava ser feio se tornava belo.

Nós que fomos vocacionados e comissionados a levar essa mensagem refletimos essa beleza, que está em Cristo, não em nós.

Santa rebeldia

pois nós não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido. At 4:20

Pedro e João, diante do sinédrio, não foram exemplo de rebeldia, mas de compromisso com a seara do Senhor, de pregar o evangelho da salvação. Um exemplo que nos mostra que a submissão, a obediência, não é sinônimo de um suicídio mental, de uma auto-hipnose, de uma obediência cega. Quantos e quantos irmãos são amedrontados por alguns, a apenas "obedecer" e nada mais, sem questionar? Talvez nos dias de hoje alguns diriam até que Daniel entrou da cova dos leões por que foi desobediente, rebelde, com o rei Dario. Alguns diriam que os leões só não o comeram "pela misericórdia", mas que Deus poderia ter permitido, por desobedecer. Quantas coisas ouviríamos de alguns crentes! Nem Daniel, nem Pedro e João eram obreiros fraudulentos, nem vasos covardes, para entregar o recado de Deus com ousadia somente para os humildes e temer os "grandes".
Sejamos obedientes às autoridades, dentro e fora da Igreja. De acordo com a Palavra de Deus, à luz das Escrituras. Mas saiba que, em primeiro lugar, o seu compromisso é com Deus. O Deus dos deuses e Senhor dos senhores

Senhor dos frutos

...mas Deus deu o crescimento. 1 Co 3:6

Muitos creram e, provavelmente, muitos não creram. O que diferencia uns dos outros? Não tinham ouvido a mesma mensagem, pregada pelos mesmos apóstolos? Não viram os mesmos sinais? No entanto, nem todos os que são alcançados pela palavra de Deus se arrependem e se convertem dos seus maus caminhos.

Paulo já dizia que plantamos e regamos o evangelho, mas que o crescimento e a colheita são de Deus. Ele é que escolhe os frutos que Lhe apraz, não conforme a beleza e a aparência da fruta, mas de acordo com o beneplácito da Sua vontade e para o louvor da Sua glória.

Nós devemos nos preocupar com a semeadura, com o ensino, com a pregação. Certos de que existirão frutos que não serão por nossos méritos, nem para o nosso deleite, mas daquele que nos chamou das trevas para sua maravilhosa luz.

Publicado em formato reduzido no boletim da
Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo em Dezembro de 2008

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Chamados para sermos discípulos (II)

Vasos preciosos

...este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome perante os gentios, e os reis, e os filhos de Israel; At 9:15

No Novo Testamento a palavra vaso “skênòs”, é usada 22 vezes, umas literalmente, outras em sentido figurado: vasos de ouro, de prata, de pau, de barro, de madeira preciosíssima, de bronze, de ferro, de mármore e de marfim. Mas há também vasos vivos uns para honra, outros, porém, para desonra. Os de honra são preparados para toda a boa obra.

Um vaso pode servir só como ornamento, só para ser visto. Mas em termos de utilidade prática, um vaso serve como recipiente, serve para conter algo. A diferença entre os vasos reside naquilo que eles contêm. Não naquilo que aparentam. Estes vasos somos nós, a quem Jesus arrancou da lama, limpou e quer usar. Vasos quebrados em pedaços pelo pecado, mas que o Senhor reúne os cacos e reconstitui, pela ação do Espírito Santo. Ele faz isso por nos amar e para nos usar. O Senhor tem um propósito a respeito destes vasos que somos nós. Quer que sejamos Seus instrumentos...Para dar a conhecer as riquezas da Sua glória.

Somos vasos. Vasos vivos. Vazios ou ocupados? E se ocupados, o que há dentro de nós? Ódio, amargura, indiferença, acomodação, egoísmo? Somos vasos cheios de nós próprios, vasos de barro cheios de barro? Sejamos vasos possuídos e habitados por Jesus, por Ele purificados e usados para ir ao encontro dos cansados e oprimidos, de todo os que sofrem e têm uma existência vazia, levar-lhes a boa nova libertadora, o amor ativo, como instrumentos de Deus.

Jamais parados

Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide... Mt 28:18-19a

Chamados, preparados e transformados. Deus não provoca toda essa revolução em nossas vidas para ficarmos sentados em casa ou num banco de igreja. Ele tem um objetivo e uma missão que é comum a todos os crentes. Ainda que tenhamos recebido diferentes dons e tarefas para o trabalho cristão, levar a mensagem da salvação é uma obrigação de todos e de cada um.

A ordem de ir e pregar não foi dada exclusivamente para os que foram vocacionados para serem pastores e/ou missionários. Não é preferencialmente daqueles que tem o dom da oratória ou que são, por natureza, pessoas expansivas.

As nossas desculpas esfarrapadas não servem como justificativa para escaparmos dessa tarefa. Se formos pensar em defeitos e limitações, essas também eram abundantes entre os discípulos de Jesus. A cada um de nós cabe levar a mensagem ao seu amigo, vizinho, colega e até os confins do mundo.

Duvidar da sua capacidade de levar a Palavra é supor que Deus não pode agir nas nossas vidas nos capacitando para tanto. Ou assumir que não estamos tão perto assim dEle.
(continua amanhã)

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Chamados para sermos discípulos (I)

Discípulo é aquele que segue outrem em suas idéias, atitudes, posições ideológicas e determinações existenciais. Para isso fomos chamados por Cristo, para andarmos de acordo com a sua vontade. Mas como é que passamos a ser efetivamente discípulos de Jesus ?

O Senhor da escolha

Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Mt 4:19

Étienne de la Boétie, filósofo francês do séc XVI, cuja obra mais famosa foi o "Discurso da Servidão voluntária". O título parece ser uma contradição do termo servidão voluntária, pois como se pode servir de forma voluntária, sacrificando a própria liberdade de espontânea vontade? Isso parece próprio da natureza humana que deseja e precisa de líderes e de referências. O grande problema reside justamente na escolha de quem seguir e servir. Já houve um tempo que muitos seguiam lideranças políticas das mais diversas cores. A desilusão com os políticos levou as pessoas a seguir outros ídolos. Músicos, artistas de televisão, autores de livros de auto-ajuda e até economistas. Hoje muitos seguem líderes que se auto intitulam donos das revelações divinas.
Diferentemente dessas pessoas que escolhem a quem seguir, Cristo escolheu pessoalmente quem seriam aqueles que Ele queria que o seguissem. De acordo com os Seus próprios critérios escolheu e chamou pessoas simples e incultas. E nenhum deles resistiu a esse chamado, pelo contrário, lemos que os pescadores abandonaram imediatamente suas tarefas para seguir o Mestre. Foram tocados em seus corações e foram atrás daquele que passaria a ser o Senhor das suas vidas.

Autoridade, não riquezas

Nada leveis para o caminho, nem bordão, nem alforje, nem pão, nem dinheiro; nem tenhais duas túnicas. Lc 9:3

Ser discípulo de Jesus não é ser contratado como direto de multinacional. Não ganhamos nenhum benefício pecuniário (ainda que muitos se achem no direito de enriquecer às custas do rebanho)

Os discípulos de Jesus passaram por um treinamento super intensivo durante cerca de 3 anos. Não poderiam ter professor melhor que esse. Mas, mesmo antes de concluírem sua formação, foram enviados para o trabalho e, para tanto receberam poder para executar a obra que Deus esperava deles. Não existe formação que possa ser efetiva sem autoridade para exercê-la.

Muitos acreditam que só a preparação formal seja suficiente para fazerem o que bem entendem. Isso não é verdade no mundo. Muito menos na obra de Deus. A preparação pode vir através dos livros e dos homens, mas a autoridade é algo que se conquista ou que se recebe por outorga de quem a detém. No caso do trabalho cristão, essa autoridade só pode ser concedida por Deus. Senhor de todas as coisas.

(Continua amanhã)

Publicado originalmente em formato reduzido no boletim da Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo em Dezembro de 2008

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

De quem mesmo é a festa?

A minha casa será chamada casa de oração… Mateus 21:13a


Na semana em que chegou à Jerusalém e que seria a sua última semana antes da crucificação Jesus foi até a igreja – o templo de Jerusalém. Ao chegar lá encontrou um verdadeiro circo de vendedores, cambistas e marreteiros. Sua reação foi a mais lógica possível, expulsou de lá todos os que compravam, vendiam, derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos vendedores de pombas.

Na semana que antecede o Natal, olho para as ruas, para as casas , para as pessoas e parece que só enxergo as palavras : promoção….liquidação…..compre agora….Nas noites de Natal olho para as ruas , para as casas, para as pessoas e parece que só enxergo as expressões : coma…. beba…divirta-se...

Fico imaginando a chegada de Jesus em uma das casa onde supostamente o Seu aniversário está sendo comemorado. Provavelmente se irritaria tanto ou mais do que se irritou ao chegar ao templo. Pior, seria mal visto pelos participantes da festa e ainda correria o risco de alguém chamar a polícia para se livrar daquele “arruaceiro”.

Talvez seja por isso que o Natal acabe sendo uma data triste para muitas pessoas – porque elas esqueceram de convidar para a sua festa e para a sua vida a pessoa mais importante deste dia.

Eu desejo que o seu Natal seja muito feliz. Mas lembro que se Cristo não estiver presente ele vai ser só mais uma reunião de família ou de amigos que simplesmente vai acabar no dia seguinte com uma ressaca, uma indigestão ou uma frustração com os presentes do “papai noel”.

Eu desejo que não só seu Natal seja muito feliz , mas que sua vida toda o seja (e não só no ano novo, mas em todos os que vem pela frente ) , “porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu ; o governo está sobre os seus ombros ; e o seu nome será : Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” ( Isaías 9:6)

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Somos motivo de gratidão?

Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós... Fp 1:3


É comum na estrutura das cartas escritas por Paulo um momento de ação de graças logo depois da sua apresentação e saudação. Isso só não ocorre na carta aos Gálatas (ele devia estar tão bravo com as besteiras que aconteciam por lá que, ao invés de ação de graças, vai direto para a bronca : passaram tão rápido do seu primeiro amor...), mas esse é um tema para escrever outra hora.

Quando escreve à igreja de Filipos Paulo se derrete em elogios. Quando isso acontece é bom prestarmos atenção para ver se a nossa igreja segue esse mesmo modelo.Como qualquer igreja, a dos filipenses não era perfeita - encontramos várias correções doutrinárias e recomendações na carta - mas era lembrada com alegria pelo apóstolo.

Existem vários motivos para agradecer a Deus pela vida dessa igreja, mas um deles é destacado : a comunhão de todos os crentes em Cristo. O que era essa comunhão tão modelar ?

a) É uma comunhão de graça. Não é algo natural ou social. Muito mais do que amizades ou encontros de amigos de clube, é algo que não existiria e que, na verdade, nem mereceríamos. É uma comunhão gerada soberana e espiritualmente por Deus, desde a eternidade, que leva cada um dos crentes a ser atraído por uma grande imã que é Jesus Cristo. Comunhão de pessoas que foram chamadas, redimidas, justificadas e santificadas gratuitamente. Ninguém pode ter essa comunhão senão a comunidade dos salvos.

b) Consequentemente, é uma comunhão de . Essa recebida pela graça e que nos faz crer em um só caminho para a salvação. Um fé que comemora a morte e ressurreição de Cristo e espera a Sua volta em glória.

c) É uma comunhão de oração e de ação de graças, expressões práticas dessa fé e dessa alegria. Oram uns pelos outros e agradecem por tudo ao único Senhor de todas as coisas.

d) É uma comunhão de uns com os outros em amor mútuo. Igreja em que os irmãos não amam sinceramente uns aos outros não tem essa comunhão mútua. Se não tem a comunhão entre os irmãos (a quem vemos), certamente é porque não há comunhão com Deus (que não vemos).

e) É uma comunhão de ajuda mútua, que socorre a necessidade de todos. Ninguém deixa alguém que ama passar por dificuldades. É a manifestação concreta do amor mútuo. Paulo conheceu de fato a manifestação dessa ajuda. Os membros da igreja de Filipos ajudavam uns aos outros que estavam próximos e também os missionários em terras distantes.

f) É uma comunhão que trabalha pelo progresso do evangelho. É uma cooperação ativa e constante a irmãos que estão trabalhando na obra de Deus.

g) É uma comunhão da separação. Por mais que essas palavras pareçam contrastantes, a koinonia é uma comunhão que vive em contraste com o mundo. Não se adapta às circunstâncias terrenas, não adota as práticas, os propósitos, os objetivos e as palavras daqueles que se perdem. A luz não se mistura com as trevas.

h) Por fim, é uma comunhão de luta. Numa igreja que vive em comunhão, os crentes lutam juntos contra o inimigo comum que é o pecado.

Nem sempre temos a coragem de passar a nossa igreja pelo crivo dessas qualidades da comunhão, provavelmente porque já sabemos que falharemos em um ou mais pontos. Mas precisamos fazer isso constantemente.

Senão corremos o risco de achar que comunhão é só participar da ceia ou encontrar rapidamente as pessoas no domingo.