sexta-feira, 29 de maio de 2009

Os objetos da providência

Falando de instrumentos e objetos, há uma coisa muito importante do ponto de vista da Língua Portuguesa, o sujeito da providência é só um: DEUS. Todos os demais seres não são sujeitos da providência, são instrumentos, porque sujeito é só DEUS. Então, além dos instrumentos temos também os objetos da providência de Deus.

Romanos 11.36 – Porque d’Ele, e por meio d’Ele, e para Ele são todas as coisas. A Ele, pois, a glória eternamente. Amém.

Se d’Ele, por Ele e para Ele são todas as coisas. Todas, é uma palavra que aparece muitas vezes na Bíblia e, curiosamente, não prestamos atenção; todas ou todos inclui tudo, sem exceção: todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus; todos pecaram. Tudo o que foi criado diretamente por Deus, ou tudo o que foi criado pelos instrumentos que Deus usa, está debaixo do controle de Deus. Nada escapa da providência de Deus. Deus está cuidando de todas as coisas e governando sobre todas as coisas. Todas. Nada podemos fazer que Deus não saiba ou não queira, porque Ele sabe tudo e controla tudo, Deus pode deixar acontecer ou não. Quando falamos “se Deus quiser” é para nós mesmos que falamos, para nos convencer de que só vai acontecer mesmo se Deus quiser.

A Bíblia diz: Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. Há um ditado que diz: há males que vem para bem. Há diferença entre a declaração bíblica e o ditado. Qual é? Primeira: o ditado está dizendo que existe mal que não vem para o bem, porque quando diz “há males que vem” ele está dizendo que alguns vêm para o bem e outros não. A Bíblia diz que todas as coisas cooperam. Segunda: o ditado está sendo genérico quanto a aplicação. A Bíblia afirma que tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus. Aquele que não ama a Deus está fora, o seu destino final é o inferno. O destino daqueles que não amam a Deus é o inferno, aliás, como diz o Apocalipse, é o lago de fogo; Satanás e o inferno serão lançados no lago de fogo e ficarão ardendo lá eternamente. A chance de salvação é enquanto viver aqui na terra, depois da morte não há mais nenhuma oportunidade. Se quisesse tirar alguém do inferno Deus poderia, porque é Onipotente, mas não é essa a Sua determinação.

Neemias 9.6 – Só Tu és Senhor, Tu fizeste o céu, o céu dos céus e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto há neles; e Tu os preservas a todos com vida, e o exército dos céus Te adora.

Tu os preservas a todos com vida, o céu, o céu dos céus, a terra, os mares, os que habitam no céu, os que habitam na terra e os que habitam nos mares. Preserva tudo e todos. Sobrou nada.

Jó 9.7-8 – Quem sala ao sol, e este não sai, e sela as estrelas; quem sozinho estende os céus e anda sobre os altos do mar.

Os astros estão todos sob o controle de Deus. Quem os colocou lá? Foi Deus.

Hebreus 1.3 – Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do Seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do Seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direta da Majestade, nas alturas.

Sustentando todas as coisas. Ele sustenta algumas coisas? Não. TODAS.

Salmo 136.7-9 – Àquele que fez os grandes luminares, porque a Sua misericórdia dura para sempre, o sol para presidir o dia, porque a Sua misericórdia dura para sempre; a lua e as estrelas para presidirem a noite, porque a Sua misericórdia dura para sempre.

E as coisas vão durar até o final dos tempos, enquanto Deus exercer a Sua misericórdia. Porque no momento final Deus já exerceu a Sua Graça com quem tinha de exercer a Graça, já exerceu a Sua misericórdia com quem Ele tinha de exercer a misericórdia. Deus vai deixar de ser misericordioso? Não, porque a Sua misericórdia dura para sempre. Deus usou a Sua misericórdia por causa do nosso pecado. Quando estivermos no céu, não seremos mais pecadores, não será preciso exercer a Sua misericórdia.

Salmo 147.7-8 – Cantai ao Senhor com ações de graça; entoai louvores, ao som de harpa, ao nosso Deus, que cobre de nuvens os céus, prepara a chuva para terra, faz brotar nos montes a erva.

Deus cuida de cada detalhe, de cada coisa. Jesus disse que não cai um passarinho no campo sem que Ele permita, nem um fio de cabelo! porque Deus concorre com a Sua criação. Não significa que Deus esteja derrubando passarinho ou fazendo o cabelo cair. Nada acontece sem que Ele esteja no controle até o mínimo detalhe.

Mateus 8.28-32 – Tendo Ele chegado à outra margem, à terra dos gadarenos, vieram-Lhe ao encontro dois endemoninhados, saindo dentre os sepulcros, e a tal ponto furiosos, que ninguém podia passar por aquele caminho. E eis que gritaram: Que temos nós contigo, ó Filho de Deus! Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?Ora, andava pastando, não longe deles, uma grande manada de porcos. Então, os demônios Lhe rogavam: Se nos expeles, manda-nos para a manada dos porcos. Pois ide, ordenou-lhes Jesus. E eles, saindo passaram para os porcos...

Jó 1.11-12 – Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra Ti na Tua face. Disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder; somente contra ele mãos estendas a mão. E Satanás saiu da presença do Senhor.

Ou seja, Deus não só permitiu, mas Ele está no controle e o diabo tem de obedecer.

Os objetos da providência são todos. Os seres humanos, pegando desde o indivíduo aos coletivos nacionais, vai desde a geração à preservação, até a morte. E também nenhum de nós morre sem que Deus queira, sem que seja da vontade de Deus, principalmente dos salvos.

Eclesiastes 3.1-2, 13 – Tudo tem o seu tempo determinado; e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou... e também que é dom de Deus que possa o homem comer, beber e desfrutar o bem de todo o seu trabalho.

Há tempo para tudo debaixo do controle de Deus, e tudo o que desfrutamos é porque Deus quer. Mas não só nós.

Salmo 36.6 – A Tua justiça é como as montanhas de Deus; os Teus juízos, como um abismo profundo. Tu, Senhor, preservas os homens e os animais.

As montanhas, os abismos também estão debaixo da providência de Deus

Mateus 6.28-30 – E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé?

Deus veste o lírio do campo, dá proteção, dá abrigo; e o lírio do campo não é a flor rara cultivada por colecionadores, mas é a florzinha do mato. Jesus pergunta: porque vocês estão preocupados? Deus tem cuidado de vocês mesmo com essa fé tão pequena!

Salmo 4.8 – Em paz me deito e logo pego no sono, porque, Senhor, só Tu me fazes repousar seguro.

Insônia não é um problema de sono, é um problema de vida. Em paz me deito e logo pego no sono porque só o Senhor me faz dormir tranqüilo. Até do meu sono Deus cuida.

Eclesiastes 9.1 – Deveras me apliquei a todas estas coisas para claramente entender tudo isto: que os justos, e os sábios, e os seus feitos estão nas mãos de Deus; e, se é amor ou se é ódio que está à sua espera, não sabe o homem. Tudo lhe está aculto no futuro.

Tudo está nas mãos de Deus. Todas as coisas, de todos os dias, todos os Seus filhos.

Salmo 139.16 – Os Teus olhos me viram a substância ainda informe, e no Teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda.

Todos os meus dias. Isto não significa que eu não tenha a minha vontade, mas Deus conhece todas as coisas. Deus age não só com os homens, mas Ele age coletivamente com as nações, porque também exerce a Sua providência sobre as nações. Como no tempo de Abraão que Deus passa a criar uma nação, que não existia e passa a existir por José, Moisés, pela saída do povo do Egito, tendo cuidado não só com Seu povo, mas com todos os povos da terra, inclusive com os gentios, porque Ele vai usar os gentios como instrumento de repreensão do Seu povo.

O que acontece? A providência de Deus continua igual. Aquela que Ele usou com o povo de Israel, Ele continua usando até hoje, para o nosso bem, para nos sentirmos bem e também para a nossa correção, como Ele fez com o povo de Israel.


Aula ministrada na Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo

Transcrição da Missionária Heloísa Martoni

Bibliografia usada na preparação da aula:
A providência – Rev Héber Carlos de CamposAs Institutas – João Calvino
Razão da Esperança – Rev Leandro Antonio de Lima
Teologia Sistemática – Louis Berkhof
(todos da Cultura Cristã/CEP)

As citações Bíblicas são da tradução de Almeida - revista e atualizada - Sociedade Bíblica do Brasil

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Instrumentos da providência

Os instrumentos da providência são todos os elementos, a começar de d’Ele mesmo, que Deus usa para executar essa preservação, esse governo que Ele exerce sobre todos nós. Deus mesmo é o primeiro e o principal instrumento da providência.

Romanos 11.36 – Porque d’Ele, e por meio d’Ele, e para Ele são todas as coisas. A Ele, pois, a glória eternamente. Amém.

Porque d’Ele, por Ele e para Ele são todas as coisas. Tudo e todos são instrumentos de Deus para executar a Sua providência. O primeiro conceito é sempre lembrar do concurso providencial. O segundo conceito é que Deus é a causa primeira de todas as coisas. Isso é fácil de admitirmos porque é bastante simples, mas difícil de entender na prática. É fácil de entender porque cremos que Deus criou todas as coisas que existem, e que antes da criação nada existia a não ser Deus mesmo, portanto tudo o que existe, tudo o que acontece, nasce a partir do momento em que Deus começa a criar. Assim Deus é a causa primeira de todas as coisas. Fica difícil de entender porque são todas as coisas, boas e más. Porque não aconteceria uma desgraça se Deus não tivesse criado o mundo. Deus é responsável por tudo o que surgiu. Não significa que Ele seja o agente de tudo o que surgiu. Está claro na Bíblia que Deus não peca, mas se Deus não tivesse criado o Universo não existiria o pecado. Antes da criação só existia Deus, e como Ele é santo, não existiria o pecado.

E Deus não só é a causa primeira de todas as coisas, como Ele é a causa última de todas as coisas, porque todas as coisas acontecem para a glória de Deus. Até a consumação e a glória, que para nós passará a ser eterna, para Deus sempre foi, todas as coisas vão convergir para a glória de Deus. Portanto, tudo o que acontece é porque Deus criou o Universo, e tudo o que acontece é para a glória de Deus. Podemos nos perguntar: Como é que aquela desgraça concorreu para a glória de Deus? No futuro talvez possamos entender. Tudo está debaixo dos propósitos de Deus, que não conhecemos ou que só conseguimos ver em retrospectiva histórica. Sabemos com certeza que é para o louvor da glória de Deus.

Sabemos que Deus age de forma imediata, ou seja, sem mediação, sem nenhum intermediário; e age também de forma mediata, ou seja, através de outras criaturas, de outras obras da criação. Temos vários exemplos na Bíblia de Deus agindo diretamente, Ele fazendo as coisas aconteceram, principalmente quando acontecem os milagres. Os milagres são fatos que não podemos explicar pela nossa lógica humana. Além de Suas ações imediatas, Deus age de forma mediata, e para isso Deus usa instrumentos. É importante termos em mente que Deus criou tudo o que existe e nunca abandonou a Sua criação; ao contrário, Ele está sempre presente, agindo e cuidando de tudo, porque Deus é imanente.

Daniel 4.35 – Todos os moradores da terra são por Ele reputados em nada; e, segundo a Sua vontade, Ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem Lhe possa deter a mão, nem Lhe dizer: Que fazes?

Segundo a Sua vontade, Ele age com os exércitos do céu e com os moradores da terra. Quem são os exércitos do céu? Os anjos. Temos anjos bons e anjos maus, que são os anjos caídos.

Lucas 22.42-44 – Dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim a Tua. Então, lhe apareceu um anjo do céu que o confortava. E, estando em agonia ora mais intensamente. E aconteceu que o Seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra.

Deus manda anjos para confortar Jesus. Já tinha mandado anjos para servir a Jesus apos a tentação.

Salmo 91.11-12 – Porque a Seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra.

Esse texto foi usado pelo diabo quando tentou a Jesus. Deus usa os Seus anjos para dar ordens.

Mateus 26.53-54 – Acaso, pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim deve suceder?

Jesus está dizendo que se Ele quisesse, o Pai enviaria multidões de anjos, mas se fizesse isso Jesus estaria indo contra o decreto de Deus.

Salmo 78.49 – Lançou contra eles o furor da Sua ira: cólera, indignação e calamidade; legião de anjos portadores de males.

Como vemos, existem mensageiros de males. Há dois extremos: há quem negue a existência do diabo e a culpa é só do homem; há outros que jogam toda a culpa no diabo. Nós ficamos no meio.

Jó 1.6 – Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles.

Satanás não foi muito ousado, o seu comparecimento fazia parte da obediência a Deus, do governo de Deus. Satanás está debaixo do controle de Deus. Os filhos de Deus são os seres celestiais. Deus não queria fazer mal a Jó, quem queria isso era Satanás. Precisamos entender bem esse fato. Deus não é responsável pela vontade de fazer o mal, e nem pela execução do mal. Porém, Deus está no controle, ou seja, nada pode acontecer sem a permissão de Deus, por pior que possa parecer. Todos os anjos são instrumentos de Deus para executar a Sua vontade, porque Ele é a causa última da criação. A vontade de Deus significa que isso vai concorrer para a Sua glória. O que aconteceu a Jó serviu para a vida de Jó, pois ele mesmo declara que antes conhecia a Deus só de ouvir, mas agora passou a conhecê-Lo pessoalmente. Essa história de Jó serviu também para os amigos dele e serviu para a glória de Deus. E ela serve para nós até hoje. A história teve um objetivo. Ela mudou a vida de Jó, mudou a vida dos amigos de Jó e muda a nossa até hoje. Deus conhecia o coração de Jó e sabia que ele era fiel, não precisava por Jó à prova, mas Jó não sabia, nem seus amigos e nem o mundo inteiro. Com a história de Jó aprendemos até hoje. Satanás foi instrumento de Deus. A intenção de maldade não foi de Deus, mas de Satanás, e todo o mal praticado contra Jó pelo diabo, Deus usou para concorrer com o Seu plano como um todo.

Não só os anjos são instrumentos de Deus, também os homens, como diz em Daniel. Que homens? Todos os homens. Todos. Inclusive aqueles que não gostamos, como por exemplo, as autoridades. Se houve alguém que teve problemas com autoridade, esse alguém foi Paulo e ele escreveu:

Romanos 13.1 – Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por Ele instituídas.

Todas as autoridades são instituídas por Deus. Para mim é a suprema prova da inspiração divina da Bíblia. Vejo Deus dizendo a Paulo: você vai escrever o que Eu quero. Todo mundo tenta limitar as autoridades para deixar algumas de fora, mas a Bíblia é clara: não há autoridade que não proceda de Deus. Isto significa que concordamos com o que fazem todas as autoridades? Não. A Bíblia não diz que somos obrigados a concordar com o que diz toda autoridade, mas está dizendo o seguinte: mesmo aquela pessoa, por mais corrupta que seja, está colocado ali porque Deus quis. Esse tipo de autoridade serve para a nossa repreensão.

1º Reis 17.9 – Dispõe-te, e vai a Sarepta, que pertence a Sidom, e demora-te ali, onde ordenei a uma mulher viúva que te dê comida.

Elias, profeta de Deus, profetizando contra o Reino do Norte, governado pelo rei Acabe e Jezabel, sua mulher. Este período de profecias e durante os três anos e meio que ficou sem chover, e, portanto, não havia comida. Deus enviou Elias para fora do país, para a casa de uma viúva, por quem seria alimentado. Na casa da viúva também não tinha comida. Por que Elias, o profeta judeu, morando em Israel, tem de ser socorrido por uma estrangeira? Para o judeu, pior do que ser mulher era ser estrangeira! É a primeira vez que isso acontece? Não. Temos Raabe e Rute. Então, não é só o povo de Deus que é instrumento de Deus para fazer coisas acontecerem, mas Deus usa todas as pessoas, não só autoridades. Deus usa Raabe, que não era uma autoridade, era uma prostituta! Deus usa as autoridades, mas também as pessoas comuns como a viúva de Sarepta. Não é preciso ocupar um alto cargo para ser usado por Deus.

Lucas 4.25-26 – Na verdade vos digo que muitas viúvas havia em Israel no tempo de Elias, quando o céu se fechou por três anos e seis meses, reinando grande fome em toda a terra; e a nenhuma delas foi Elias enviado, senão a uma viúva de Sarepta de Sidom.

Jesus está dizendo que não faltava viúva em Israel, mas Deus mandou Elias para o estrangeiro. Todos os anjos, bons ou maus; todos os homens, bons ou maus; todas as autoridades boas ou más. Todos estão sob o controle de Deus. Quando diz todas as autoridades não significa as autoridades do povo de Deus. Deus chamou Nabucodonosor de “meu servo” e Ciro de “meu pastor”! Eles são autoridades estrangeiras! Deus usa todos. Mas Deus usa também alguns coletivos, Deus usa como instrumento as nações.

Gênesis 15.13 – Então, lhe foi dito: Sabe, com certeza, que a tua posteridade será peregrina em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos.

Deus está falando a Abraão que sua descendência será escrava por 400 anos depois, porque uma nação serviu como instrumento de Deus para o povo de Israel. Egito é uma nação que tem muita história com Israel. Abraão foi para o Egito, Isaque foi para o Egito, Jacó e seus filhos foram para o Egito, depois alguns profetas se refugiaram no Egito, Jesus quando nasceu, foi morar no Egito. O Egito é muito mais importante para o nosso conhecimento religioso.

Deuteronômio 28.49-50 – O Senhor levantará contra ti uma nação de longe, da extremidade da terra virá, como o vôo impetuoso da águia, nação cuja língua não entenderás; nação feroz de rosto, que não respeitará ao velho, nem se apiedará do moço.

Estamos ainda no tempo de Deuteronômio, Moisés está vivo e forte, o povo ainda não entrou na terra, não passaram os juízes, nem os reis e Deus, através de Moisés, está dizendo que vai levantar uma nação perversa que não respeita ninguém para ser instrumento de castigo, de vara da justiça. Deus está se referindo a Assíria.

Jeremias 51.20 – Tu, Babilônia, eras meu martelo e minhas armas de guerra; por meio de ti, despedacei nações e destruí reis.

Deus está dizendo a Babilônia que ela é Seu martelo para destruir nações!

Isaías 13.17-18 – Eis que eu despertarei contra eles os medos, que não farão caso de prata, nem tampouco desejarão ouro. Os seus arcos matarão os jovens; eles não se compadecerão do fruto do ventre; os seus olhos não pouparão as crianças.

Deus está dizendo através do profeta Isaías, que também a Babilônia será castigada por quem vem depois. Deus diz que a Assíria é ruim, mas a Babilônia é pior, e para acabar com a Babilônia só alguém que seja pior que os babilônios, que eram os medos. A Pérsia é hoje o Iraque. A Média fica um pouco mais para o norte, uma mistura de turcos e dos russos mulçumanos do Afeganistão, Azerbaijão, Cazaquistão, etc. Deus usa toda a Sua criação como instrumento para realizar Seus intentos. Ele usa todos os seres humanos, alguns animais: moscas, gafanhotos, sapos no Egito, a mula de Balaão, as codornizes no deserto, os corvos para Elias, ursas para Eliseu, um grande peixe para Jonas, leões em Samaria, etc. Deus também usa toda a natureza e nem sempre de forma natural. Chover fogo e enxofre não é um acontecimento natural, como foi sobre Sodoma e Gomorra e as cidades da planície. Deus usa a natureza que conhecemos como furacão, terremotos, maremotos e coisas assim, e também aquela que para nós parece antinatural.

Gênesis 20.1-6 – Partindo Abraão dali para a terra do Neguebe, habitou entre Cades e Sur e morou em Gerar. Disse Abraão de Sara, sua mulher: Ela é minha irmã; assim, pois, Abimeleque, rei de Gerar, mandou buscá-la. Deus, porém, veio a Abimeleque em sonhos de noite e lhe disse: Vais ser punido de morte por causa da mulher que tomaste, porque ela tem marido. Ora, Abimeleque ainda não a havia possuído; por isso, disse: Senhor, matarás até uma nação inocente? Não foi ele mesmo que me disse: É minha irmã? E ela também me disse: Ele é meu irmão. Com sinceridade de coração e na minha inocência, foi que eu fiz isso. Respondeu-lhe Deus em sonho: Bem sei que com sinceridade de coração fizeste isso; daí o ter impedido eu de pecares contra mim e não te permiti que a tocasses.

A mentira de Abraão vai fazer o ímpio Abimeleque pecar. Deus age de uma forma imediata, ou seja, não enviou um anjo, veio Ele mesmo falar em sonhos com Abimeleque.

Mateus 2.13; 19-21 – Tendo eles partido, eis que apareceu um anjo do Senhor a José, em sonho, e disse: Dispõe-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e permanece lá até que eu te avise; porque Herodes há de procurar o menino para o matar... Tendo Herodes morrido, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonha a José, no Egito, e disse-lhe: Dispõe-te, toma o menino e sua mãe e vai para a terra de Israel; porque já morreram os que atentavam contra a vida do menino. Dispôs-se ele, tomou o menino e sua mãe e regressou para a terra de Israel.

Em sonho outra vez, mas agora de uma forma mediata, porque desta vez usou um anjo.

Atos 10.9-16 – No dia seguinte, indo eles de caminho e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao eirado, por volta da hora sexta, a fim de orar. Estando com fome, quis comer; mas, enquanto lhe preparavam a comida, sobreveio-lhe um êxtase; então, viu o céu aberto e descendo um objeto como se fosse um grande lençol, o qual era baixado à terra pelas quatro pontas, contendo toda sorte de quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu. E ouviu-se uma voz que se dirigia a ele: Levanta-te, Pedro! Mata e come. Mas Pedro replicou: De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum e imunda. Segunda vez, a voz lhe falou: Ao que Deus purificou não consideres comum. Sucedeu isto por três vezes, e, logo, aquele objeto foi recolhido ao céu.

Temos os sonhos de pessoas dormindo, e também temos as visões, que são sonhos de pessoas acordadas. Não sabemos exatamente quem está falando, porque o texto diz “uma voz”. Então, vemos que Deus age, também, através de fenômenos não explicados para nós.

Aula ministrada na Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo

Transcrição da Missionária Heloísa Martoni

Bibliografia usada na preparação da aula:

A providência – Rev Héber Carlos de Campos
As Institutas – João Calvino
Razão da Esperança – Rev Leandro Antonio de Lima
Teologia Sistemática – Louis Berkhof
(todos da Cultura Cristã/CEP)

As citações Bíblicas são da tradução de Almeida - revista e atualizada - Sociedade Bíblica do Brasil

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Por que nós oramos?

Qual o nosso modelo de oração? A oração começa com adoração, primeiro o Pai. Depois na parte de pedidos começa com o sustento, proteção, perdão condicional. Isaías foi falar com o rei Ezequias para dizer-lhe que os dias dele estavam contados. Ezequias orou. Deus ordenou e Isaías voltou para dizer-lhe que Deus concedera a ele mais 15 anos. Deus mudou de idéia? Não. Não podemos nos acomodar e pensar que nada temos a fazer já que existe a Providência de Deus.

Por que nós oramos? Primeiro, porque é uma ordem. Nós oramos porque é a vontade preceptiva de Deus. É uma ordem. Deus está dizendo o tempo todo: orai, orai, orai. Mesmo que não tivéssemos a menor compreensão do porque nós oramos, nós deveríamos orar como sinal de obediência. Desde o início desse Curso temos falado que precisamos tomar cuidado com a nossa natureza humana, que é arrogante, querendo ser auto-suficiente, querendo controlar sua vida.

Segundo, nós oramos para reconhecer a nossa dependência. Através de Daniel, Deus diz que todos os seres da terra são reputados em nada. Deus já deixou claro que nós somos nada. Deus tem absoluta certeza disso, nós é que não temos certeza. Para isso precisamos nos colocar em oração, para reconhecermos que tudo vem de Deus. É interessante que na Oração Dominical dizemos: seja feita a Tua vontade, e lá no nosso íntimo estamos desejando que seja conforme a nossa vontade. É, porque só dizemos que a oração foi respondida quando Deus faz a nossa vontade. A nossa oração deve ser como a oração de Jesus lá no Jardim das Oliveiras, Ele pediu ao Pai que passasse d’Ele o cálice, mas que a vontade do Pai fosse cumprida. Por isso a nossa oração deve ser sincera diante de Deus, devemos pedir o que queremos, mas aceitando a vontade de Deus seja ela qual for.

Está escrito na Bíblia que todos os nossos passos são controlados por Deus, e que Deus concorre, anda junto com todas as coisas que Ele criou. As grandes coisas Deus decretou desde a eternidade, ao mesmo tempo, há outras coisas que não estão decretadas desde a eternidade, mas que Deus está, no dia-a-dia, controlando, ou seja, fazendo ou deixando acontecer. Quando digo que Deus não decretou lá na eternidade que eu vou tropeçar nessa cadeira, é porque eu não tenho o fatalismo dos árabes, que dizem que este fato já estava escrito. Mas, se eu for caminhar agora, Deus está governando todas as coisas e Ele pode ou não deixar que eu tropece nessa cadeira. Não significa que na eternidade Deus decretou que no dia 30 de novembro de 2008, às 10h30, eu iria tropeçar na cadeira da Igreja. Precisamos ter cuidado para não cair no fatalismo, achando que tudo o que nos acontece está definido. Deus está ouvindo as nossas orações? É claro que está ouvindo! Senão a Bíblia não diria que muito pode a súplica do justo. Precisamos pedir aquilo que queremos, sempre com a convicção que Deus vai entregar o que for da vontade d’Ele. Não sabemos como responderá porque não podemos entender qual é a vontade de Deus. Em alguns casos, como foi o de Ezequias, Deus resolveu agir e demonstrar a Sua misericórdia. Se Deus não agisse assim não poderíamos entender a misericórdia d’Ele.

Terceiro motivo para a nossa oração é a de fortalecer a nossa fé.

1º Reis 18.1 e 41-44 – Muito tempo depois, veio a palavra do Senhor a Elias, no terceiro ano, dizendo: Vai, apresenta-te a Acabe, porque darei chuva sobre a terra. Então, disse Elias a Acabe: Sobe, come e bebe, porque já se ouve ruído de abundante chuva. Subiu Acabe a comer e a beber; Elias, porém, subiu ao cimo do Carmelo, e, encurvado para a terra, meteu o rosto entre os joelhos, e disse ao seu moço: Sobe e olha para o lado do mar. Ele subiu, olhou e disse: Não há nada. Então, lhe disse Elias: Volta. E assim por sete vezes. A sétima vez disse: Eis que se levanta do mar uma nuvem pequena como a palma da mão do homem. Então, disse ele: Sobe e dize a Acabe: Aparelha o teu carro e desce, para que a chuva não te detenha.

Há três anos e meio que não chovia. Depois de um tempo resolve que vai mandar a chuva de volta. Elias já sabia que iria chover, e ouviu diretamente de Deus. Para que Elias vai orar? Deus já havia dito a ele que choveria, assim mesmo Elias sobe no monte e ora, não só uma vez, mas sete vezes. Nós oramos, e devemos orar pedindo para que Deus faça aquilo que Ele nos prometeu e estamos certos de que Ele fará. Isto fortalecerá a nossa fé, porque estamos pedindo para que Deus cumpra o Seu decreto. Mas Deus sabe que Ele cumprirá o seu decreto. Quem precisa dessa convicção somos nós. Então, oramos para fortalecer a nossa própria fé.

Tiago 5.17-18 – Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, com instância, para que não chovesse sobre a terá, e, por três anos e seis meses, não choveu. E orou, de novo, e o céu deu chuva, e a terra fez germinar seus frutos.

É a oração de Elias, primeiro para não chover e depois para chover. Assim mesmo ele orou.

Quarto motivo para orarmos. Por que fazemos todas as coisas? Para a glória de Deus. Nós oramos para a glória de Deus. Faz parte do nosso culto a Deus, pessoal e também congregacional. Há orações que fazemos em direção a Deus e há orações que fazemos contra Deus. Você pergunta: Estamos indo contra a vontade de Deus? Quando estudamos a vontade soberana de Deus, vemos que existe a Vontade Prescritiva de Deus, que são as coisas que Deus prescreveu, recomendou para que nós fizéssemos; esta vontade é que conseguimos negar. Os Dez Mandamentos é a Vontade Prescritiva de Deus e que violamos. Mas a Vontade Decretiva, que são os decretos de Deus, nunca poderemos violar, por mais esforço que se faça.

Existem coisas que estão nos decretos eternos de Deus e coisas que estão no dia-a-dia. Porque se Deus fosse apenas transcendente e deixou tudo programado o que vai acontecer, exatamente como Ele faz, não faria nenhum sentido nós orarmos. A nossa oração não é só um dever, ela tem também uma função. Sabemos que a oração é melhor, é mais importante para nós do que para o Senhor, mas não significa que não vamos pedir as coisas para o Senhor, e as coisas que estão dentro das ações imanentes de Deus, aquelas que Ele cuida de nós no dia-a-dia. Por que na vida temos muita gente orando um pelo outro! Por que na Bíblia estaria escrito: muito pode por sua eficácia a oração do justo? Deus sabe o que precisamos, mas Ele quer que peçamos. Precisamos confessar os nossos pecados, mesmo Deus nos conhecendo melhor do que nós mesmos. A oração pode mudar o rumo de alguma coisa? Nesse padrão a oração pode mudar o rumo, como o caso do rei Ezequias. Deus havia dito: você vai morrer. Meia hora depois Isaías voltou para dizer que ele teria mais 15 anos de vida. Não é por causa da nossa livre agência que Deus muda. A livre agência é a nossa capacidade ou direito que Deus nos deu de escolhermos fazer uma coisa ou outra. Deus governa o nosso dia-a-dia de acordo com a vontade soberana d’Ele. Deus muda as nossas ações porque nós mudamos. O que Deus quer de nós é arrependimento e obediência. Quando nos arrependemos e obedecemos, Deus, efetivamente, nos trata de forma diferente. É promessa d’Ele lá no início. A nossa salvação nada tem a ver com as nossas ações, a nossa vida terrena, sim. Deus nos escolheu para a salvação antes da fundação do mundo, independente das nossas ações, porque assim o Senhor quis.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Providência e outras doutrinas

A Teologia Sistemática procura encontrar as relações lógicas. Ela é um sistema. Ela organiza, ela sistematiza a Teologia. Um sistema é uma coisa que tem relações, então, ela procura entender relações entre as várias doutrinas.

Providência e Soberania – são inseparáveis. Deus só pode executar as obras da providência porque Ele é soberano sobre todas as coisas.

Deuteronômio 4.39 – Por isso, hoje, saberás e refletirás no teu coração que só o Senhor é Deus em cima no Céu e embaixo na terra; nenhum outro há.

Só o Senhor é Deus e não existe mais nenhum. Precisamos tomar cuidado com a tendência de fazer aquela relação entre as forças do bem e as forças do mal, como se pudesse existir 2 forças. Na verdade, só existe uma. Só o Senhor é Deus no Céu, na Terra e debaixo da terra. E nós?

Daniel 4.35 – Todos os moradores da terra são por Ele reputados em nada; e, segundo a Sua vontade, Ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem Lhe possa deter a mão, nem Lhe dizer: Que fazes?

Nós somos reputados por nada!!! Mas vejam que coisa interessante! Apesar de sermos nada, Deus opera por meio dos anjos e de nós! Quando entrarmos no estudo dos agentes da providência, vamos ver que nós somos agentes da providência também, porque é Ele que nos controla. Não há nada nem ninguém que possa impedir que a vontade de Deus se realize, seja lá qual for a vontade de Deus.

Romanos 11.36 – Porque d’Ele, e por meio d’Ele, e para Ele são todas as coisas. A Ele, pois, a glória eternamente. Amém!

Vamos repetir textos até decorarmos, até ficar gravado em nós, que somos nada diante de Deus, para deixarmos de ser pretensiosos; e também que todas as coisas são d’Ele, por meio d’Ele e para Ele. Tudo o que acontece, seja o bem seja o mal, acontece para Deus, para Sua glória. Ninguém consegue analisar a história no momento em que ela está acontecendo. Mas nós queremos saber de Deus, a razão d’Ele ter permitido aquele acontecimento. Então, dualismo é uma heresia. Alguém diz: “mas o diabo age”; sim, ele age e tem a pretensão de que vai conseguir alguma coisa.

Todo mundo trabalha para Deus – Todo mundo. Não somente nós, mas todo mundo.

2º Samuel 24.1 – Tornou a ira do Senhor a acender-se contra os israelitas, e Ele incitou a Davi contra eles, dizendo: Vai, levanta o censo de Israel e de Judá.

Lembram-se desta história? Foi assim: Deus tinha colocado Davi no trono e deu a ele poder, glória e capacidade, e lhe deu uma ordem: Davi não poderia levantar censo. O censo, naquele tempo, só contava os homens com capacidade militar. Deus estava dizendo a Davi: Você não precisava saber o tamanho do seu exército se confia em mim. O seu exército sou Eu. Mas o povo começou a fazer outras coisas que levantou a ira do Senhor contra Israel. Deus ordenou que Davi não levantasse o censo, mas permitiu que Davi o fizesse para mostrar que Ele é o Senhor e castigar o povo.

1º Crônicas 21.1 – Então, Satanás se levantou contra Israel e incitou a Davi a levantar o censo de Israel.

Deus estava irado contra o povo de Israel e usou Satanás como agente.

Jeremias 27.6-7 – Agora, eu entregarei todas estas terras ao pode de Nabucodonosor, rei da Babilônia, meu servo; e também lhe dei os animais do campo para que o sirvam. Todas as nações servirão a ele, a seu filho e ao filho de seu filho, até que também chegue a vez da sua própria terra, quando muitas nações e grandes reis o fizerem seu escravo.

Nabucodonosor era um homem perverso, mas Deus o chama de “meu servo”. Na parábola dos talentos todos são chamados de servos, tanto os bons como os maus. Agora entendemos que o rei Nabucodonosor foi instrumento nas mãos de Deus para executar a vontade divina, mas o judeu na época não podia entender.

Isaías 44.28 – Que digo de Ciro: Ele é meu pastor e cumprirá tudo o que me apraz; que digo também de Jerusalém: Será edificada; e do templo: Será fundado.

Ciro é outro servo de Deus, para cumprir a Sua vontade. Deus chama Ciro de “meu pastor”!

Isaías 10.5-6 – Ai da Assíria, cetro da minha ira! A vara em sua mão é o instrumento do meu furor. Envio-a contra uma nação ímpia e contra o povo da minha indignação lhe dou ordens, para que dele roube a presa, e lhe tome o despojo, e o ponha para ser pisado aos pés, como a lama das ruas.

Assíria, cetro da minha ira. Deus está dizendo que usará a Assíria como Seu instrumento. Como vemos, mesmo aqueles que desprezam o povo de Deus, são instrumentos de Deus. Hoje, os não crentes, que desprezam a Deus, que desprezam o Seu povo, também são instrumentos de Deus. Quando dizemos que estamos sendo perseguidos pela lei ou por uma autoridade, são instrumentos de Deus.

Romanos 13.1-2 – Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por Ele instituídas. De modo que aquele que opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação.

Paulo estava escrevendo para uma Igreja que estava no centro da autoridade do mundo. Paulo já tinha sido perseguido, apedrejado, chicoteado, preso, pelas autoridades; ainda assim, escreve: toda autoridade é instituída por Deus. Toda: Nabucodonosor, meu servo; Ciro, meu pastor; a Assíria, meu cetro. Toda autoridade instituída por Deus, para nossa disciplina. Todos os moradores da terra estão a serviço de Deus. Se eles são bons servos ou maus servos, é outra história. Devo obediência às autoridades instituídas por Deus, até o limite da Sua vontade. Quando a ordem da autoridade humana está em desacordo com a lei de Deus, então importa mais obedecer a Deus do que aos homens.

Providência e os Decretos de Deus – é bom entendermos que os decretos de Deus são aquelas coisas que Ele resolve desde o antes do antes, que são diferentes das coisas do dia-a-dia. Deus não decretou se vou tropeçar naquela pedra. Deus decretou que vou ser salvo ou se vou me perder.

Isaías 46.8-11 – Lembrai-vos disto e tende ânimo; tomai-o a sério, ó prevaricadores. Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade; que chamo a ave de rapina desde o Oriente de uma terra longínqua, o homem do meu conselho. Eu o disse, eu também o cumprirei; tomei este propósito, também o executarei.

Eu te digo, porque eu te digo desde a antiguidade porque eu já tinha decretado.

Salmo 62.1 e 5 – Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa; d’Ele vem a minha salvação... Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa, porque dele vem a minha esperança.

Aí entra de novo aquela questão que somos reputados por nada. A minha alma espera somente em Deus. A minha alma não espera na minha capacidade, na minha competência, na minha força... aí entra o amor de Deus, que é uma coisa fantástica! Lembramos o hino que diz: Não sei porque de Deus o amor a mim se revelou. Por quê? Não sei. Eu sei que foi pela graça e pela misericórdia, mas não sei por quê. Sei que foi para glória d’Ele também. Porque eu, para a glória d’Ele. Porque não outro, para a glória d’Ele.

Soberania e Onipotência também são coisas inseparáveis, porque a providência só acontece pela Onipotência de Deus. Deus só pode cuidar de todas as coisas se tiver poder sobre todas as coisas.

Efésios 1.19 – E qual a suprema grandeza do Seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do Seu poder.

Suprema potência do poder de Deus sobre todas as coisas.

Romanos 4.17 – Como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí, perante Aquele no qual creu, o Deus que vivifica os mortos e chama à existência as coisas que não existem.

O Deus que é capaz de coisas tão impossíveis como criar a partir do nada!

Hebreus 1.3 – Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do Seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do Seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direta da Majestade, nas alturas.

Sustentando algumas coisas? Não. Sustentando todas as coisas.

Providência e a Criação são ambas decorrentes da vontade, da soberania, da onipotência de Deus, mas uma não é a outra. Criação é a ação de Deus fazendo as coisas a partir do nada. Providência são todas as ações de Deus que acontecem depois da criação. Essas ações são em relação a nós, que cremos, a todos os que não crêem e a toda obra criada. Providência vem depois da criação, ela não é a criação continuada. Deus criou. Quando acabou a criação passou a cuidar daquilo que foi criado.

Atos 17.24-25 – O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois Ele mesmo é que a todos dá vida, respiração e tudo mais.

O Deus que criou todas as coisas é o mesmo Deus que mantém a vida, que dá a vida, a respiração, e também termina a respiração no momento em que Ele determinou. Isto vai determinar uma coisa importante, que a nossa cosmovisão, a maneira como a gente enxerga o mundo. Vamos ver a cosmovisão de quem acredita em Deus e de quem não acredita.

1º Reis 18.17-18 – Vendo-o, disse-lhe: És tu, ó perturbador de Israel? Respondeu Elias: Eu não tenho perturbado a Israel, mas tu e a casa de teu pai, porque deixastes os mandamentos do Senhor e seguistes os baalins.

Com quem o profeta Elias está conversando? Com o rei Acabe, que chama Elias de “perturbador de Israel”, porque a visão que ele tem do mundo é muito pequena, se limitando ao seu reino. Elias responde: o perturbador é você, pois, Israel está nessa situação porque você deixou o Senhor, que é Senhor de todas as coisas.

Para entendermos a questão da providência precisamos ter certeza absoluta da Soberania. Só podemos entender a ação de Deus em todas as coisas, se acreditarmos firmemente que Deus está no controle de todas as coisas. E quando dizemos todas, são todas mesmo; não são algumas, não são somente as que nos interessam ou as que achamos bonitinhas. Cremos porque está assim na Bíblia em diversos momentos. Primeiro está colocado que Deus não parou de trabalhar. Não podemos pensar que Deus trabalhou até o sexto dia, descansou no sétimo e continuou no descanso, fazendo mais nada. Jesus disse “meu Pai trabalha até agora”. Deus está no controle das coisas que consideramos importantes e das que nós não consideramos importantes, mas Deus considera que precisa estar no controle; Jesus disse que Ele sabe até quantos fios de cabelo nós temos! E quando falamos de Soberania, falamos da vontade soberana de Deus, quando Ele atua e faz, quando Ele usa alguém para fazer ou aquilo que Ele deixa que algumas pessoas façam.


Há uma palavra nova: Concurso. O que é Concurso? No conceito comum é uma prova para trabalharmos na área pública ou estamos concorrendo a alguma coisa. Curso é caminho ou ocorrência, é andar em determinado caminho. Concurso é andar junto. Assim Deus está caminhando ao lado, junto com todas as coisas que acontecem. As coisas boas e as coisas más. Quando afirmamos que Deus concorre para que todas as coisas aconteçam, não estamos dizendo que Deus está fazendo alguém pecar, porque isso seria contra a santidade de Deus. A pessoa peca porque é pecadora, porque ela é má. Deus não está fazendo a pessoa pecar. O fato de a pessoa pecar concorre para que se execute a vontade de Deus. Vamos ver o que aconteceu com José. Os irmãos não gostavam dele. Primeiro jogaram José dentro de um poço, depois o venderam para uma caravana que estava passando. Isso foi uma ação boa? Não. Eles fizeram mal para o irmão, mal para o pai, contaram uma mentira para o pai, dizendo que
encontraram a capa de José cheia de sangue em algum lugar. José foi levado para o Egito, onde foi ser instrumento para salvar a família dele anos depois. E quando os irmãos o reencontram, ficam apavorados e pensam que José vai obrigá-los “a fazer pirâmide para o resto da vida”. Porém, José lhes afirma que o que eles fizeram, não que tenha sido bom, no sentido de ser agradável, mas foi bom para os planos de Deus. Não que Deus tenha feito o mal, mas Deus está concorrendo, está andando junto com todas as coisas. Por isso que lá na frente vemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. Todas.

Mateus 24.22 – Não tivessem aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo; mas, por causa dos escolhidos, tais dias serão abreviados.

Deus resolve tudo o que acontece na história, inclusive a duração das coisas. Jesus está se referindo aos dias de sofrimento e de tribulação. Deus é Senhor da História. A História não acontece por acaso. No nosso vocabulário não deveriam existir as palavras sorte, azar, acaso. Nada acontece por acaso e nem o desenvolvimento da própria História. Deus está no controle de tudo.