terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Eu tenho a força

Todos os dias recebo alguma mensagem que vai mudar a minha vida. Que fará de mim uma pessoa melhor, satisfeita comigo mesmo e, especialmente, bem sucedido.

De acordo com as propostas de fórmulas mágicas, que variam de manuais de instruções a receitas infalíveis de como ficar rico, eu preciso tomar posse de mim mesmo. me pertencer e, de acordo com o que me der na veneta (ou na telha, como queiram) definir o meu destino que eu atingirei o que eu quiser.

A ênfase da auto ajuda seria o desenvolvimento da personalidade e dos poderes mentais, mas o que se vende é a solução de problemas, o progresso social e o bem-estar pessoal.Especialmente se o que eu quiser for dinheiro.

Claro que esse tipo de falácia não é coisa da nossa modernidade. Quando escreveu o seu monumental livro "Os miseráveis", em 1862, Victor Hugo já criticava esse tipo de comportamento. Chamava a atenção para a falsa similitude entre bom êxito e merecimento e a ilusão de que prosperidade fosse sinônimo de capacidade (segundo essa lógica, os homens mais hábeis seriam aqueles que ganharam na loteria).

Ser feliz passou a ser simplesmente um sinônimo de riqueza e de egolatria (idolatria de si mesmo).

Até aí, nada surpreendente. As escrituras já nos advertem sobre isso. O homem natural preferiu adorar a si mesmo. Abandonou o criador a favor da criatura. Um antigo provérbio chassídico diz que "Não existe espaço para Deus naquele que está repleto de si mesmo".

O que é assustador é a quantidade publicações ditas evangélicas e/ou reformadas sobre o tema. Títulos com temas como "surpreenda-se com o seu potencial", "automotivação", "você é maior que os seus medos" chegando ao cúmulo de absurdos de "posso ser quem sou" (mesmo afastado de Deus ?)

Que tipo de pregação é essa que defende a supremacia da vontade individual sobre a vontade de Deus ? Que tenta nos convencer que o ser humano precisa de aperfeiçoamento e não de transformação ? Ou que propõe que a transformação é possível por conta própria ?

A Bíblia nos conta a história de um homem que achou que poderia ser auto-suficiente. Que seu poder, riquezas e exércitos lhe bastariam. Vivia, como ele mesmo declarava, sossegado e próspero, como uma árvore que subia aos céus e sustentava a todos. Provavelmente, todos os dias quando olhava para o espelho, ele declarava para si mesmo : eu nasci para vencer...

Até o dia em que Deus derrubou a árvore e esse homem, literalmente foi comer grama.

Quando foi restaurado ele mesmo reconheceu que "todos os moradores da terra são reputados em nada; e segundo a Sua vontade Ele opera no exército do céu e entre os moradores da terra; não há quem Lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes? "(Dn 4:35). O nome do sujeito era Nabucodonozor.

Certamente os autores e fabricantes de produtos de auto-ajuda devem estar ricos. Já os crentes que depositam sua esperança nesse tipo de expediente e não em Deus estão se tornando, rapidamente, um bando de miseráveis espirituais.

Que não precisem comer grama para descobrirem o único caminho da felicidade.

6 comentários:

carmen disse...

Amei o seu texto!!!

Fico indignada com esta receita de "você é o que acredita poder ser", desta nova "atitude" atomar, sem colocar Deus no controle das nossas vidas...

Nós temos um potencial enorme, mas, sem Deus, não nos levará muito longe...

Ou até leve, mas Deus acaba por ser banido da nossa vida e depois, quando "atravessarmos o Jordão", teremos que dar contas da nossa alma... que ficou lá para trás,perdida em meio a tantas tarefas, tantas riquezas, que não lhe servirão no porvir...

abçs

Volney Faustini disse...

Interessante que estes dias estou repassando a leitura de Daniel. E como é forte a maneira como Nabucodonosor despencou, beirando a loucura.

Outro dia vi alguém lendo (apesar de não ser uma obra de pastores), "Enriqueça como Salomão" - acho que é esse o título. Sem saber o conteúdo - se de fato dá ênfase e prioriza a Sabedoria, imediatamente fiz um paralelo entre a riqueza e o poder de Salomão e de Nabucodonosor.

Mais um pitaco: o Marketing aceitaria hoje (sem saber da obra de Victor Hugo) colocar no livro um título tipo: Os Pobres; ou Os Destituídos; ou até mesmo Os Miseráveis?

Certamente a recomendação seria: Os Vencedores, Os Campeões, Os Bambambans ...

Anônimo disse...

Muito Bom Esse Texto, precisamos da ajuda do alto e não da auto ajuda, meu potencial esta em Deus poder e mim reside Jesus e por isso eu posso, não quero conhecer meu potencia não quero ser um crente que auto se justifique merecedor ou realizador.

Na Paz
Alan

www.leidosentidocomum.blogspot.com

Maria disse...

Eu li em algum lugar que tu é ateu ou eu sonhei? Devo ter sonhado sim, lembrei que tu comentou sobre a missa dos domingos, to ficando doida. Nunca consegui ler livros de alto ajuda, tentei várias vezes mas acho que eles se repetem muito, além de faazer parecer ser tudo muito fácil.
Mais Fabio por aqui, bom...

Fábio Adiron disse...

Mariazinha

Realmente deve ter sonhado. Se tem algo que, definitivamente, eu não sou é ateu.

Estou no extremo oposto. Creio em Deus, num Deus único, soberano e Senhor de todas as coisas.

Fábio Adiron disse...

Mariazinha

Só uma correção semântica. Nós protestantes não temos missa.

Chamamos de culto