domingo, 23 de outubro de 2011

As reações de Deus

A Reação de Deus ao Mal Entre os Anjos

O mal não tem origem espontânea, é temporal e dependente; faz sobressair determinados atributos de Deus; não sabemos quando surgiu, mas foi algum momento; e como Deus reage ao mal. Sabemos que o mal não existe fora da vontade de Deus; mesmo sendo dentro da vontade Deus, Ele toma uma série de atitudes em relação a isso. Não sabemos a data, mas sabemos que o mal surge primeiro entre os anjos. Disto termos certeza, pois está claro na Bíblia que antes do mal surgir entre os homens, surgiu entre os anjos. Há quanto tempo não interessa. Sabemos que surge depois da criação e antes da queda do homem.

1ª Timóteo 3.6Não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do Diabo.

Não caia na mesma condenação que o diabo foi condenado, mas não sabemos qual é a condenação.

Judas 1.6E a anjos, os que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio, Ele tem guardado sob trevas, em algemas eternas para o juízo do grande Dia.

Alguns anjos não guardaram o seu estado original, deixaram seu domicílio, afastando-se de Deus. Esses anjos são tão incompetentes que se resistirmos eles fogem! O diabo não é criativo, porque nos ataca em nossas fraquezas. Ele é observador e aproveitador.

2ª Pedro 2.4Ora, se Deus não poupou anjos quando pecaram, antes, precipitando-os no inferno, os entregou a abismos de trevas, reservando-os para juízo.

Deus não poupou nem os seres que são considerados acima dos homens.

Apocalipse 20.10O Diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite pelos séculos dos séculos.

Preste atenção: O Senhor do inferno é Deus, não é o diabo. O inferno não é lugar onde o diabo manda; ele não manda coisa alguma. O diabo nada manda. Ele está lá como condenado. O diabo não ter poder sobre o inferno. O inferno é um lugar de castigo, e o diabo está sendo castigado, não está no comando. Essa idéia do diabo comandando o inferno está na Divina Comédia escrita por Dante Alighieri. Esta visão do inferno como reino do diabo é uma visão dualista, com dois senhores, dois poderes separados, independentes. Há muito do dualismo em nossa cabeça, achando que existem dois poderes, como se o mal fosse independente de Deus. Não, não é. O mal não é independente de Deus. O diabo tem poder limitado por Deus; ele só pode agir com a permissão de Deus. Deus é o Senhor de tudo, inclusive do local de condenação. Esta é a reação de Deus em relação aos anjos.

A Reação de Deus ao Mal Entre os Homens

Há muitos textos em relação entre Deus, os homens e o pecado, porque a Bíblia foi escrita para nós, a revelação foi feita para nós, para o nosso conhecimento e compreensão da nossa vida aqui na terra.

Gálatas 6.7Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.

Não se deixe enganar, não pense que conseguirá fazer alguma coisa e fora do controle de Deus; diz o diabo que pode fazer pois Deus não verá é mentira como foi mentir o que disse a Eva.

Salmo 7.14-16Eis que o ímpio está com dores de iniqüidade; concebeu a malícia e dá à luz a mentira. Abre, e aprofunda uma cova, e cai nesse mesmo poço que faz. A sua malícia lhe recai sobre a cabeça, e sobre a própria mioleira desce a sua violência.

O salmista diz uma coisa muito próxima do que Paulo está falando, a maldade que o homem pratica é o próprio buraco que ele está cavando para si próprio, ou seja, aquilo que semeou, colherá.

Apocalipse 21.8Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte.

Os homens sob a ira de Deus, sob a condenação divina, irão para o mesmo lugar onde estão os anjos condenados por Deus. Existe a graça de Deus comum a todas as pessoas, salvos e ímpios, todos têm a graça de ter o ar, o sol, a chuva, a natureza, a partir do julgamento acaba essa graça comum. A graça geral é somente para os salvos, a graça do arrependimento, confissão e perdão dos pecados. A segunda morte é o castigo do julgamento final de todos aqueles que rejeitaram a Deus e estavam separados de Deus. A morte é a separação eterna de Deus. A segunda morte é o processo da morte contínua. Depois da morte física o corpo em decomposição nada sente, mas a alma, o ser vivente, que é propriamente a pessoa, sofrerá, terá o sentimento de dor da morte permanentemente.

Mateus 25.41Então, o Rei dirá também aos que estiverem à Sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos.

Preparado para o diabo, seus anjos e para seus seguidores, os malditos; todos irão para o fogo eterno.

Hebreus 10.31Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo.

Realmente é uma coisa horrível! Apartados de Deus irão para o inferno! Aquilo que semeou, colheu. É a condenação para os malditos, que são os mentirosos, os idólatras, os sodomitas, etc.

Mateus 7.21-23Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em Teu nome, e em Teu nome não expelimos demônios, e em Teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade.

Quantos vão dizer ao Senhor que fizeram tantas coisas em nome Dele, mas eles não faziam a vontade de Deus. Não julgamos. Ouvimos a mensagem, mas não sabemos como vive o pregador. Jesus não está falando do falso profeta, daquele que prega o Evangelho diferente da Bíblia. Não. Jesus está falando daquele que anuncia o Evangelho da salvação, mas não tem esse Evangelho em seu coração, vive outra coisa, fazendo a sua própria vontade, não de acordo com vontade de Deus. No estudo da Providencia, vimos que todos os seres são instrumentos de Deus, inclusive o assassino, o idolatra, o mentiroso, etc., isto não significa que entrarão no Reino dos Céus. Pela Bíblia vemos que o nosso problema doutrinário não é em relação a quem pensa completamente diferente de nós, é com quem pensa parecido e parece que está falando a verdade! Há cem anos atrás quando o catolicismo era dominante, era estabelecida a diferença doutrinária; hoje em dia quem não sabe qual é a diferença entre protestantes e católicos? Nos dias de hoje há uma proliferação de igrejas, ditas evangélicas e uma proliferação de doutrinas. Parece que todas partem do mesmo princípio, mas acabam seguindo caminhos alternativos. Precisamos tomar cuidado! Quando Paulo escreve aos Gálatas alertando para a doutrina errada que estavam aceitando. Reparem uma coisa: o pecado original foi o homem querer ser igual a Deus; e desde então, o homem quer ser igual a Deus. Historicamente, o pecado da igreja é dizer que para a pessoa ser salva ela precisa de Deus e mais alguma coisa. Os membros da igreja dos gálatas estavam dizendo que para ser salvo precisava de Cristo e também ser judeu! Precisava de Cristo e das obras!

Vimos a punição eterna para os homens, mas existe também a punição temporária.

2º Samuel 12.7-10Então, disse Nata a Davi: Tu és o homem. Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Eu te ungi rei sobre Israel e eu te livrei das mãos de Saul; dei-te a casa de teu senhor e as mulheres de teu senhor em teus braços e também te dei a casa de Israel e de Judá; e, se isto fora pouco, eu teria acrescentado tais e tais coisas. Por que, pois, desprezaste a palavra do Senhor, fazendo o que era mal perante ele? A Urias, o heteu, feriste à espada; e a sua mulher tomaste por mulher, depôs de o matar com a espada dos filhos de Amom. Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher.

Davi, aquele servo fiel do Senhor, nesse momento se qualifica como assassino, adúltero, mentiroso. Ele não terá condenação eterna, mas também não ficará impune, porque aquilo que semeia, colhe; e cai no buraco que cavou. Qual o nome que se dá para essa punição temporária sobre os salvos? É uma reação de Deus ao mal, e chama-se Disciplina.

Números 14.33-35Vossos filhos serão pastores neste deserto quarenta anos e levarão sobre si as vossas infidelidades, até que o vosso cadáver se consuma neste deserto. Segundo o numero dos dias em que espiastes a terra, quarenta dias, cada dia representado um ano, levareis sobre vós as vossas iniqüidades quarenta anos e tereis experiência do meu desagrado. Eu, o Senhor, falei; assim farei a toda esta má congregação, que se levantou contra mim; neste deserto, se consumirão e aí falecerão.

Este castigo é para o povo de Deus que tinha acabado de sair da escravidão do Egito.

1ª Tessalonicenses 1.10e para aguardardes dos céus o Seu Filho, a quem Ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura.

Apesar de passarmos por disciplina, nós somos livres da ira que virá, que é a ira que condenará ao lago de fogo e enxofre. A disciplina vem de Deus e coopera para o nosso bem, porque Deus pune aquele que Ele ama, Seus filhos.

Esdras 9.13Depois de tudo o que nos tem sucedido por causa das nossas más obras e da nossa grande culpa, e vendo ainda que Tu, ó nosso Deus, nos tens castigado menos do que merecem as nossas iniqüidades e ainda nos deste este restante que escapou...

Ainda temos de admitir que fomos castigados, mas Deus usa de misericórdia aliviando o nosso castigo, não dando tudo o que merecemos. Então, a disciplina é menos do que merecemos.

Como já vimos, há conclusões a respeito do mal que temos certeza porque a Bíblia revela e de algumas conclusões que não temos certeza porque a Bíblia nada diz. Sabemos que o mal não nasceu por conta dele próprio, não tem origem espontânea; não é eterno, não existe desde sempre e nem para sempre; não é independente, está debaixo do controle de Deus. Sabemos que todos os atributos de Deus são eternos porque Deus é Eterno. Quando pensamos em eternidade, pensamos sempre para frente, ou seja, algo que nunca vai acabar, eternidade é também algo que nunca começou, existe desde sempre. Este pensamento é próprio da nossa natureza finita. Deus, na Sua essência, é Amor, Gracioso, Misericordioso, Santo, Justo, Poderoso, Soberano, Glorioso, desde sempre, ou seja, estes atributos divinos não começaram a partir de um determinado momento, são da natureza do Ser de Deus. Mas esses atributos só se manifestaram depois do pecado. O amor, a graça, a misericórdia, a justiça, o poder e a soberania de Deus só se manifestaram efetivamente para nós depois do pecado. Antes do pecado estes atributos de Deus estavam Nele, mas não precisavam se manifestar. A Soberania de Deus se manifesta na eleição dos santos; se todos fossem santos não haveria escolha. Se não houvesse pecado não haveria necessidade da manifestação de nenhum atributo de Deus. Como a Bíblia diz todos os homens da terra são reputados em nada diante de Deus (Daniel 4.35), portanto nada merecemos; no entanto, Deus dá uma série de coisas para nós que não merecemos, e algumas Ele dá para todos, é o que chamamos de Graça Comum. Vimos que o mal é uma questão que entra na vida dos seres racionais, conscientes, que têm vontade: os anjos e os humanos. Sabemos que parte dos anjos optaram pelo mal e estão condenados. Sabemos que há, entre os humanos, aqueles que serão salvos e os que não serão salvos. Sabemos ainda que os não salvos terão a condenação eterna e irão para o mesmo lugar junto com os anjos que pecaram. Sabemos que o Senhor do inferno é Deus; no inferno o diabo é condenado como todos os que estão lá.

Aula ministrada na Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo

Transcrição da Missionária Heloísa Martoni

Bibliografia usada na preparação da aula:
A providência – Rev Héber Carlos de Campos
As Institutas – João Calvino
Razão da Esperança – Rev Leandro Antonio de Lima
Teologia Sistemática – Louis Berkhof(todos da Cultura Cristã/CEP)
As citações Bíblicas são da tradução de Almeida - revista e atualizada - Sociedade Bíblica do Brasil


segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A finalidade do mal

Vimos que pela simples ausência do bem que o mal existe; depois, na verdade, vimos a existência real do mal e não simplesmente a ausência do bem. A grande discussão é: sabemos que existe o mal, que ao mesmo tempo é pela ausência do bem e pela existência real do mal, que o mal não é só uma ilusão passageira; então, a pergunta é: Qual a origem do mal?

Vimos que o mal é existente, dividimos em mal moral e físico, vimos que o mal moral foi executado por seres racionais, ou seja, anjos e humanos; são racionais, são conscientes e têm um determinado grau de liberdade, não liberdade absoluta. Qual a conseqüência de alguém que sabe o que está fazendo, tem consciência do que está fazendo, tem uma certa liberdade e faz o que é mal? A responsabilidade. Ele é responsável por aquilo que faz. Dizemos que Deus é a causa primeira de todas as coisas (e das últimas também, diga-se de passagem); nada existiria se não partisse de alguma coisa criada por Deus, porque antes de Deus criar alguma coisa nada existia. Então, tudo o que existe de uma forma mediata ou imediata, direta ou indireta, Deus tem responsabilidade por isso, inclusive sobre a existência do mal. Vemos na Bíblia que Deus não nega a Sua responsabilidade pelo fato do mal existir. Ele não faz o mal, não executa o mal, mas se o mal existe Ele é responsável por isso. Sabemos que não é só Satanás que executa o mal, ele tem seus exércitos formados de anjos caídos (demônios).

O que a Bíblia não explica é em que momento surgiu o mal (data, hora, local). Sabemos que num determinado momento aconteceu a queda dos anjos, mas a Bíblia não diz quando foi isso. Sobre esse tempo, temos certeza apenas que a queda dos anjos aconteceu depois da criação e antes da queda do homem. Como Deus criou todas as coisas, não existe origem espontânea do mal. O mal não surgiu do nada. O Ser de Deus tem uma característica que nós não temos: a independência. Deus é o único Ser que não depende da existência de coisa nenhuma. Deus não depende de nada nem de ninguém. Portanto, se o mal existe, não é uma coisa que foi imposta a Deus. O mal não surgiu do nada e nem contra a vontade de Deus; e o mal não tem origem eterna, ou seja, o mal não existe desde sempre. Se o mal não existiu desde sempre, se ele não surgiu do nada, se ele não foi imposto a Deus, portanto, o mal existe debaixo da responsabilidade de Deus. Se o mal surge sob a responsabilidade de Deus é porque existe algum motivo para a existência do mal, tem um objetivo dentro do plano de Deus.

Colossenses 1.16-17Pois, n’Ele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio d’Ele e para Ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.

TODAS as coisas foram criadas por Deus, as visíveis, as invisíveis, os principados, as potestades, até o diabo. Deus é a causa primeira e causa última de todas as coisas. Nada subsiste se não for por Deus. Se o diabo continua existindo é por Deus e para Deus.

Jó 42.2Bem sei que tudo podes, e nenhum dos Teus planos pode ser frustrado.

Nenhum pensamento de Deus pode ser impedido. Então, o mal não pode agir independente da vontade de Deus.

Isaías 19.17A terra de Judá será espanto para o Egito; todo aquele que dela se lembrar encher-se-á de pavor por causa do propósito do Senhor dos Exércitos, do que determinou contra eles.

Qual o propósito de Deus que fala Isaías? De castigo, de extermínio, do mal que iria acontecer; e Deus tinha um propósito. Deus criou tudo perfeito, mas Ele permite que tudo fique imperfeito com o pecado. A natureza é imperfeita em conseqüência do nosso pecado. Os instrumentos usados por Deus que são os homens, anjos, tudo o que existe. Porque Deus usa coisas imperfeitas sendo Ele perfeito, vemos que está dentro dos Seus propósitos a imperfeição voltar para a perfeição de Deus.

Todos os atributos de Deus são eternos, porque Deus é Eterno. Alguns atributos de Deus existem desde a eternidade enquanto essência de Deus, mas não existem desde a eternidade enquanto Deus mostrar esses atributos. O amor de Deus se manifestou na criação; a santidade de Deus se manifestou desde sempre. A graça e a misericórdia só depois que o pecado surgiu. Os atributos de Deus existem desde a eternidade, mas não precisavam aparecer; da mesma maneira que a Justiça só se manifestou depois que surgiu a injustiça. Deus é Justo desde a eternidade, mas como não havia manifestação do pecado Ele não precisava usar esse atributo. Na criação Deus mostrou o Seu poder criador, mas não precisou do Seu poder redentor, porque não havia ninguém para salvar. A manifestação dos atributos de Deus só ocorre, só aparece, a partir do momento em que existe o mal. Então, o mal existe para que Deus manifeste a Sua justiça, Sua graça, Sua misericórdia? Não sabemos. Pode ser que sim! Não sabemos a intenção de Deus. O que Deus quer é que nós reconheçamos nossa dependência Dele como pecadores, que façamos tudo para a Sua glória. O amor de Deus, esse amor que se manifesta na redenção, seria desnecessário se não fôssemos pecadores.

O amor redentor, resgatador, só tem a ver com o pecado. A Bíblia diz que o sangue de Jesus era conhecido desde antes da fundação do mundo. Deus sabia que o homem cairia em pecado. Deus estabeleceu um plano, Seus propósitos, chamados Decretos Eternos, que significa que esses decretos existem desde sempre. Então, nos decretos eternos de Deus estava incluído o mal. Se dissermos que o mal não faz parte do plano de Deus, não está nos decretos eternos de Deus, estaremos dizendo que existe um outro poder que não está debaixo de Deus. Deus deixaria de ser Onipotente, Onipresente, Onisciente, Soberano. Cremos que Deus é Onipotente, então o mal está sob o Seu poder. Cremos que Deus é Onisciente, então o mal está sob o Seu conhecimento. Cremos que Deus é Soberano, então o mal está debaixo da Sua vontade.

Efésios 1.4-5Assim como nos escolheu, Nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele; e em amor nos predestinou para Ele, para adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade.

Deus nos escolheu, em amor, antes da fundação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis. Somos santos porque fomos purificados com o sangue do Senhor Jesus e separados para glorificar a Deus com nossos vidas; irrepreensíveis só seremos na glória. Esse amor que fez Deus nos escolher, só faz sentido havendo pecado, porque se não existisse pecado, Deus não precisaria nos escolher entre outros. Se não houvesse pecado, não precisaria haver salvação, então não haveria eleição. Portanto, o pecado não tem uma origem eterna, porque ele não surge junto com Deus, mas ele já estava previsto lá no princípio. Se Deus já nos elegeu antes da fundação do mundo é porque o pecado já estava nesse plano. O pecado não existe desde de sempre, mas estava dentro do plano divino. Como o amor redentor sem o pecado não faz sentido, também a graça e a misericórdia. A misericórdia existe porque existe condenação. Por Sua graça Deus nos dá o que não merecemos, por Sua misericórdia Deus tira o castigo que merecemos.

Romanos 9.14-18 Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum! Pois Ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a Sua misericórdia. Porque a Escritura diz a Faraó: Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra. Logo, tem Ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz.

Deus está dizendo que Ele tem misericórdia de quem Ele quer. E aqueles que Deus usa de misericórdia é para que O glorifiquem. A misericórdia é para entender o motivo que temos para glorificar a Deus. Deus disse: “Eu endureci o coração de Faraó”. Para que? Para que o povo de Deus valorizasse ainda mais a obra redentora de Deus. A misericórdia além de nos conceder perdão em nossa condenação, ele nos faz olhar para Deus e confessar nossa gratidão e dependência de Deus. Lembramos de que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, inclusive o mal.

Romanos 9.22-24 Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a Sua ira e dar a conhecer o Seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição, a fim de que também desse a conhecer as riquezas da Sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?

Para a manifestação da Sua glória e do Seu poder. Não teríamos a menor noção do poder de Deus se não fôssemos pecadores. Manifestação do amor, da graça, da misericórdia e da santidade. Não haveria percepção de que Deus é santo se não tivesse pecado, da Sua justiça, poder, glória e soberania.

Êxodo 33.17-23Disse o Senhor a Moisés: Farei também isto que disseste; porque achaste graça aos meus olhos, e eu te conheço pelo teu nome. Então, ele disse: Rogo-Te que me mostres a Tua glória. Respondeu-lhe: Farei passar toda a minha bondade diante de ti e te proclamarei o nome do Senhor; terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia e me compadecerei de quem eu me compadecer. E acrescentou: Não me poderá ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá. Disse mais o Senhor: Eis aqui um lugar junto a mim; e tu estarás sobre a penha. Quando passar a minha glória, eu te porei numa fenda da penha e com a mão te cobrirei, até que eu tenha passado. Depois, em tirando eu a mão, tu me verás pelas costas; mas a minha face não se verá.

Moisés estava querendo ver a glória do Senhor. Deus diz a Moisés que ele verá a Sua glória através da Sua bondade, Sua graça, Sua misericórdia, Sua justiça. Assim Moisés contemplou a manifestação da glória de Deus. Assim também contemplamos a glória de Deus.

Precisamos entender que não temos a lógica absolutamente correta da origem do mal, porque Deus é a origem de todas as coisas, Ele é a causa primeira e última de todas as coisas. Dele vem todas as coisas e para Ele convergem todas as coisas, para a glória Dele. O que sabemos do mal, com certeza, que o mal não tem origem espontânea, que ele não é eterno, ele não existe desde sempre e não vai existir para sempre, que ele não é independente. Não sabemos quando o mal começou, mas sabemos que não existe desde sempre. A Bíblia não declara que o mal surgiu para um determinado fim, mas ensina que todas as coisas existem para um propósito, que é a causa primeira e última da glória de Deus. Todas as coisas surgem para a glória de Deus; elas existem e vão existir para a glória de Deus.

Vamos voltar aos atributos de Deus, para entender o sentido de tudo isso. Vimos que todos os atributos de Deus são eternos, ou seja, eles existem desde sempre, porque fazem parte da essência de Deus. Não significa que foram eternamente utilizados. O amor de Deus existe desde de sempre, mesmo o amor salvador existe desde sempre, como lemos na Carta aos Efésios, que Deus escolheu amar alguns antes que existisse qualquer coisa. Em amor nos escolheu antes da fundação do mundo. Deus já manifestou esse amor salvador antes que existisse qualquer coisa. A graça divina, favor imerecido, recebemos sem merecer. A misericórdia de Deus é o que não recebemos apesar de merecer. Por causa do nosso pecado merecemos o castigo e a morte, por causa da misericórdia não recebemos. A graça e a misericórdia existem desde sempre, fazem parte da essência, da natureza de Deus, mas só se manifestaram depois que o ser humano foi criado. A justiça de Deus também existia desde sempre, porque também é parte da essência de Deus, mas só se manifestou depois do pecado. Que justiça se manifestaria não havendo pecado? Não havendo pecado não há castigo nem perdão. Lemos em Romanos que é a manifestação do poder de Deus. Em Êxodo 33 vimos que podemos reconhecer a glória através da Sua bondade, Sua graça, Sua misericórdia, Sua justiça. Através dos atributos de Deus conseguimos ver a Sua glória. Não teríamos noção da soberania de Deus se não houvesse manifestação, porque só entendemos que Deus é Soberano a partir do momento em que vemos que Ele é misericordioso com quem Ele quiser ser, que Ele usa da Sua graça com quem Ele quiser, que Ele faz justiça do jeito que Ele quer e que manifesta o Seu poder do jeito que Ele quer.

Aula ministrada na Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo

Transcrição da Missionária Heloísa Martoni

Bibliografia usada na preparação da aula:
A providência – Rev Héber Carlos de Campos
As Institutas – João Calvino
Razão da Esperança – Rev Leandro Antonio de Lima
Teologia Sistemática – Louis Berkhof(todos da Cultura Cristã/CEP)
As citações Bíblicas são da tradução de Almeida - revista e atualizada - Sociedade Bíblica do Brasil