sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Guerra "santa" de spams

Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós. (Mateus 5:12-13)

Tenho recebido muitas mensagens de pânico a respeito de leis que tramitam em várias esferas legislativas. Geralmente as mensagens trazem títulos bombásticos : "Querem acabar com a Igreja", "Leis que acabam com a liberdade religiosa", "Lei que tramitam contra a Igreja de Deus". Não são nada diferentes das mensagens de spam que distribuem lendas virtuais (mais uma vez, gente que se acha crente tomando a forma do mundo... quando não deveriam se conformar com esse século)

Junto com uma delas recebi uma resposta enviada pelo amigo, psicólogo e cristão dos mais sérios Ageu Heringer Lisboa. O texto é, ao mesmo tempo, ponderado e incisivo. O que me levou a refletir sobre o tema. O texto abaixo traz essa reflexão, em alguns momentos, com os argumentos do Ageu (em itálico)

Eu não lembro nunca de ter lido na Bíblia que a vida terrena dos cristão seria um mar de rosas. Também não encontrei nenhum texto afirmando que teríamos carta branca para fazermos o que bem quiséssemos. Nem que deveríamos esperar benesses dos poderosos de plantão.

Mas encontrei avisos de dores, de sofrimento, de perseguição. Encontrei exemplos de pessoas que foram apedrejadas, açoitadas, mortas. Pessoas que deram suas vidas pela sua fé. Que não cederam em seus princípios religiosos.

Algumas dessas pessoas foram protegidas por Deus em determinados momentos, em outros casos, o plano de Deus era diferente. Daniel foi salvo da cova dos leões, mas muitos crentes foram devorados por leões nas arenas romanas. Ananias, Misael e Azarias foram salvos da fornalha - não poucos foram queimados nas fogueiras da inquisição. Paulo, mais de uma vez foi salvo da morte, o que não impediu de ser açoitado, apedrejado e passar longas temporadas na cadeia.

Muitos dos que se dizem crentes estão dispostos a qualquer coisa, desde que sejam bem remunerados pelo Criador. Sofrer por Cristo, nem pensar.

O mais grave é que, muito menos do que sofrer física e materialmente, muitos acreditam que estão acima da lei. E não estou falando de leis que afrontam as escrituras, mas de muitas que apenas limitam abusos cometidos... pelas igrejas.

Por que essa insubordinação contra a lei do silêncio ? O louvor a Deus tem o direito de incomodar os vizinhos ? "Ou não devemos ser cidadãos respeitadores do bem comum? Não podemos ser invasivos aos outros. Pregação em rua, deve obedecer a certos parâmetros legais sim, senão fica uma balbúrdia. Do mesmo modo que dirigir automóvel, quando a liberdade de cada um é condicionada ao direito dos demais, e à segurança de pedestres, etc."

Será que precisamos de passeatas que tumultuem a cidade ? Ah...mas a parada é permitida... Quer dizer que queremos ser iguais a eles ? Será que precisamos de demonstrações de força para mostrarmos que somos mais numerosos ? Se somos ou não mais numerosos, que diferença isso faz para Deus ?

Por que esse medo de leis que imponham auditorias fiscais nas igrejas ? Será que temos algo a esconder ? Se temos, isso não é um sinal de que não somos tão cristãos como arrotamos ser ?

Ou será que chamamos de corruptos aqueles que são do mundo e praticam as mesmas coisas, mas por trás de rótulos pseudo eclesiais pode-se burlar a lei ? (de novo, leis que nada contradizem as escrituras). O jatinho ou a fazenda daqueles que se dizem ministros do evangelho passaram por algum processo de purificação em relação à forma como foram obtidas ?

Quando combatemos algumas leis que liberam práticas que consideramos perversas, será que não é porque deixamos de combater o pecado e nos focamos apenas em perseguir os pecadores ? Será que esses não "ganham espaços na medida em que evangélicos estão fragmentados e falando bobagens na televisão, histéricos. Temos de mostrar uma conduta ética superior à média, respeitando os diferentes, mostrando amor firme para com todos, apresentando na prática, as possibilidades de uma vida e de um mundo melhor com Cristo."

Não poderemos falar mal de outras crenças ? Ah... isso que dizer que queremos liberdade religiosa, desde que seja só para nós...

Ah...mas tem uma lei que pode amordaçar a nossa pregação. E desde quando precisamos ter autorização para pregar ? Quando, no passado e mesmo no presente em muitos países, a palavra de Deus precisou de liberação legal ? Se não falarmos, as próprias pedras clamarão. Vamos se perseguidos ? Ótimo, bem aventurados seremos, alegrai-vos e exultai.

Termino com mais um trecho do Ageu, um sincero desafio :

"Por que lideranças de denominações e entidades missionárias não se reunem para estudar os desafios, fazer autocrítica, propor alternativas moralizadoras e éticas, convocar a um estilo de santidade pessoal e pública, dando exemplo a todos? Será que conseguimos reunir liderança de 20 grandes denominações? Eles se respeitam ou estão em disputa de fatias do mercado religioso? E na administração dos bens das igrejas, será que mantém-se contabilidade honesta?

Que tal começarmos a voltar para as Escrituras, meditando em sua inteireza, em todos os livros, nos submetendo ao Senhor Jesus. Constrangidos e dispostos a pensar e colaborar para um saneamento e edificação do Corpo e da cidadania."

Que Deus tenha misericórdia de nós.

Um comentário:

Carla Beatriz disse...

Fábio,

Cheguei agora a teu blog e gostei muito dele. Sou cristã também e pretendo vir te visitar sempre.

Um abraço