A Páscoa, seja ela do judeu, seja a nossa Páscoa, desde aquele tempo, é a festa mais importante do povo de Deus.
Páscoa, em hebraico, pesach, significa “passar por cima”, no sentido de poupar. Quem passou por cima de todas as casas dos israelitas foi o anjo do Senhor. Estamos falando de uma passagem, que é muito mais do que a simples passagem pelo mar Vermelho! Não que a passagem pelo mar foi simples. Definitivamente não foi. Porém, é muito mais do que isso, porque é uma passagem de um estado para outro estado. Assim como a nossa Páscoa é a passagem de um estado para outro estado. A passagem do estado de escravidão para o estado da liberdade na terra que o Senhor dará. Assim. Nós também passamos do estado de escravidão do pecado para a liberdade em Cristo Jesus, a caminho da Terra Prometida, a Pátria Celeste. Em ambos os casos, tanto o povo judeu como nós, os cristãos, depois da passagem e antes da Terra Prometida, temos um tempo intermediário que passamos a viver pela esperança. É a nossa esperança. Os israelitas chegaram à Terra Prometida, Canaã. Nós também chegaremos.
Vamos ver algumas coisas que são simbólicas. Na Bíblia não existe coincidência. Em que época do ano se deu esse fato? No mês de Abibe, que passou a ser o primeiro mês do ano; no calendário atual, março ou abril, que no hemisfério norte é saída do inverno para entrada da primavera. O inverno, no hemisfério norte, é uma estação associada a uma situação de morte, tem a simbologia de morte; tudo coberto de neve é como se a natureza estivesse morta. A primavera tem a simbologia de nova vida, de renascimento. A Páscoa aqui é na mesma época, porque, como a Bíblia diz, Jesus estava indo para celebrar a Páscoa em Jerusalém, para a comemoração do Pesach. Há alguns fatos da crucificação de Jesus que estão ligados à Páscoa, como tirá-lo da cruz antes do fim do dia.
Qual era o preparativo para esse Pesach? Um cordeiro, pães asmos (sem fermento), ervas amargas, lombos cingidos, sandálias nos pés, cajado na mão e o SANGUE. Os lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão se ligavam à viagem que empreenderiam, estavam prontos para caminhar. Com a celebração da Páscoa é o cordeiro, as ervas, os pães e sangue. A Páscoa é uma refeição. Para nós é também. Qual é a nossa refeição? A Santa Ceia. A Ceia que Jesus instituiu quando Ele comemorou a Páscoa com os Seus discípulos e separou dois elementos da ceia como símbolos para celebrar a nova Páscoa.
A Páscoa do judeu é esta refeição de um cordeiro perfeito, que será sacrificado e tirado o sangue. Por quê? Porque não existe remissão de pecado sem sangue (Hebreus 9.22). O cordeiro seria assado e acompanhado com ervas amargas para lembrarem o sofrimento da escravidão. Essa erva era um memorial dos tempos de amargura. O cordeiro assado com a gordura, pois a gordura é o que dá sabor à carne. Quando se queima a gordura sai o aroma, por isso em todos os sacrifícios a gordura era queimada em oferta de aroma agradável a Deus. O sangue era para ser derramado para o sacrifício e não ingerido. O pão sem fermento, porque o fermento é símbolo de corrupção. Um pouco de fermento leveda toda a massa. Sem fermento significa: sem o fator que corrompe a farinha.
O sangue foi espargido nos umbrais das portas. O umbral tinha uma simbologia não só judaica- cristã, mas dos cultos pagãos também, porque o umbral é o que mostra a entrada da minha casa, mostrando aquilo que eu creio e aquilo que eu sou.
Deuteronômio 6.9 – E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.
Escrever nos umbrais da porta de casa a Palavra de Deus. O Senhor está dizendo: tenha isso no lugar em que você passa toda hora, todo o dia, para memória, para se lembrar do compromisso com Deus. Anos mais tarde o que o povo colocou atrás das portas?
Isaías 57.8 – Detrás das portas e das ombreiras pões os teus símbolos eróticos, puxas as cobertas, sobres ao leito e o alargas para os adúlteros; dizes-lhes as tuas exigências, amas-lhes a coabitação e lhes miras a nudez.
Os símbolos eróticos se relacionavam com os cultos pagãos, pois as religiões pagãs tinham o erotismo como símbolo da fertilidade, para adorar um deus que fosse dar fertilidade para a terra, o rebanho e o povo. Era uma horrível forma de idolatria.
O Pesach é uma refeição, tem toda a preparação dessa refeição, e durante essa refeição vai acontecer uma passagem, mas essa refeição tem algumas características de como participar dela. O participante começaria a se preparar sete dias antes tirando todo o fermento de casa. Se o cordeiro fosse grande para a família, deveria convidar outra família; nada podia sobrar do cordeiro, o que sobrasse deveria ser queimado. Não podia quebrar os ossos desse cordeiro.
No final de todo esse episódio, o povo foi tirado da escravidão, levado para a terra prometida, e o ano começava celebrando a Páscoa. O povo perdeu essa sincronia, porque hoje o ano judaico começa perto do Iom Kipur, a Festa de Purim, e não da Páscoa. O calendário judeu difere do nosso, porque a cada quatro anos temos um ano com 366 dias, o ano bissexto; no deles tem um ano com 13 meses a cada determinado tempo, para compensar as seis horas que faltam para completar o ano.
Além de ser a festa mais importante dos judeus e dos cristãos, a Páscoa é um memorial. A Páscoa não vai fazer acontecer alguma coisa, não vai criar novas ações, novos milagres, ela é uma Festa de lembrança. Sempre que participamos da Ceia, como disse Jesus: fazei isso em memória de Mim.
Quatro mil anos depois, o Senhor Jesus comemora a Páscoa dos judeus, junto com Seus discípulos. Foi uma refeição normal de Páscoa, como Deus havia determinado. Mas, naquele dia, o Senhor Jesus tomou dois elementos e os tornou símbolo da Páscoa cristã.
Para a nossa Páscoa, comemorada na mesma época, temos o Cordeiro sacrificado, na pessoa de Cristo Jesus, Seu sangue derramado e Seus ossos não foram quebrados. O Cordeiro inicia perfeito e acaba totalmente consumido; tanto que quando o soldado abriu o lado com uma lança, saiu água.
Então, temos o Cordeiro perfeito, sacrificado, mas não temos ervas amargas, não para nós, mas teve para Jesus. É um memorial para nunca esquecermos o sacrifício de Jesus por nós.
Hebreus 7.26-28 – Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como Este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus, que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro, por seus próprios pecados, depois, pelos do povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a Si mesmo se ofereceu.
Um sacrifício completo, suficiente e definitivo. O sacerdote precisava sempre oferecer primeiro um sacrifício por seus próprios pecados e depois outro pelo povo, e isto todos os anos. O de Jesus foi único, completo, perfeito, suficiente e definitivo.
O pão passou a simbolizar a carne, o corpo de Cristo, que Jesus entregou por nós; e o vinho passou a simbolizar o sangue de Jesus derramado por nós. A Santa Ceia é um memorial da nossa redenção.
Embora, todos os anos comemoramos a Páscoa na época certa, toda vez que participamos da Santa Ceia estamos celebrando a Páscoa cristã. A Páscoa é um memorial, a lembrança que temos de fazer todos os dias.
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