domingo, 22 de novembro de 2009

Quase convertido...

Antes de continuar, leia Atos 26:1-32

Muitas vezes nos perguntamos por que certas pessoas nunca se convertem. Pessoas que estão envolvidas com o povo de Deus, por parentesco ou amizade. Que frequentam a igreja onde aprendem a palavra e conhecem testemunhos reais e sinceros dados por seus familiares ou conhecidos.

Não conseguimos entender como que elas não são tocadas por sermões geniais, por cânticos emocionantes ou pela vida cristã de quem está ao seu lado. Entendemos menos ainda como é que essas pessoas, mesmo sendo alvo de orações por muitos anos, nunca se arrependem dos seus caminhos longe de Cristo.

Algumas delas chegam mesmo a dar sinais de que poderiam se converter, mas sempre falta um pouquinho para o passo decisivo.

Essas pessoas não são as primeiras, nem serão as últimas a passar por essa situação. Temos uma situação muito semelhante no começo da era cristã.

Paulo estava preso em Cesaréia, aguardando ser enviado para Roma. Os dois governadores romanos que o mantiveram preso (Félix e Festo) sabiam que não havia nenhuma questão legal que justificasse a prisão de Paulo, mas o mantinham lá para não desagradar os judeus e, ao mesmo tempo, para protegê-lo dos mesmos judeus que queriam matá-lo.

Um certo dia, Agripa II, rei da região da Cilícia (a mesma de Paulo) e judeu colaboracionista com o governo romano, vem visitar Festo. Esse, sabendo que Agripa era conhecedor das leis e das tradições judaicas lhe expõe o caso de Paulo. Agripa pede para conhecê-lo e o apóstolo é trazido ao governador e ao rei.

Paulo não tinha nada a perder, já tinha apelado a Roma. Faz um discurso que não é uma defesa jurídica, mas um testemunho cristão. Agripa o ouviu atentamente e, quando Paulo encerrou seu discurso, declarou que por pouco não tinha sido persuadido a tornar-se cristão.

Por que por pouco? Agripa era um homem envolvido com o povo de Deus, conhecia os profetas e as promessas, acabara de ouvir um testemunho real e sincero de um dos maiores evangelistas de toda a história. Todas as condições eram favoráveis à sua conversão. Mas ela não aconteceu.

Não sabemos quais foram os motivos que impediram Agripa de se converter, assim como não sabemos por que isso acontece com tantas pessoas. Mas podemos imaginar hipóteses.

A primeira é a de que Agripa não era a pessoa certa. Deus é soberano na eleição. Todos nós nos perdemos em pecados e como pecadores não temos nenhuma capacidade de fazer escolhas espirituais. Para alguns isso soa injusto mas não podemos nos esquecer de que se a justiça fosse aplicada sobre nós, todos estaríamos condenados à morte eterna. Só mesmo a graça de Deus para escolher alguns para a salvação.

Outra possibilidade é de que não fosse o momento certo. Deus é soberano no tempo. Jacó conviveu anos com Deus, mas foi se converter já velho, voltando para Canaã. Paulo testemunhou a pregação de muitos mártires, mas não foi nesse momento que teve seu encontro com Cristo. Judas conviveu pessoalmente por muito tempo todo com Jesus e se perdeu, o ladrão da cruz teve poucos minutos antes de morrer para reconhecer Cristo como seu Senhor, e se salvou.

Por fim, é possível que a mensagem não fosse a certa para tocar o coração de Agripa. Deus é soberano na forma de conversão. Não é oratória bonita, nem linguagem adequada, nem testemunho comovente que transformam o coração do pecador, mas a ação do Espírito Santo. Conversão não é mérito de quem evangeliza.

A pergunta que fica é: se o que fazemos não é o que leva os homens a Cristo, qual é a nossa função?

Nós não sabemos quem são os eleitos, mas sabemos que temos a missão de levar o evangelho a toda criatura.

Nós não sabemos qual é a hora certa, mas fomos instruídos a pregar em todo tempo, quer seja oportuno ou não.

Nós não sabemos a forma certa, mas não podemos partir do princípio que algum meio é melhor que outro, se calarmos as próprias pedras clamarão.

Podemos orar para que o Espírito Santo toque o coração das pessoas, mas sem nunca esquecer que a soberania é de Deus, não nossa.

Cabe a nós obedecermos aquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.

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