domingo, 21 de fevereiro de 2010

Governo Providencial de Deus

É um governo coletivo, Deus governando as nações, Deus dirigindo a História no tempo e no espaço.

Romanos 13.1-4 – Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por Ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação. Porque os magistrados não são para temor; quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres, tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal.

1ª Pedro 2.13-14 – Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, quer seja ao rei, como soberano, quer às autoridades, como enviadas por Ele, tanto para castigo dos malfeitores como para louvor dos que praticam o bem.

Vamos fazer uma retrospectiva histórica. Você sabe o que é um pelego? Pelego é a manta colocada sobre o cavalo antes de ser colocada a sela, para que a sela se encaixe melhor. Por ter essa função de acomodação o pelego sindical ganhou esse nome, que é alguém que deve estar lutando pelos interesses dos trabalhadores, mas ele se adaptam ao poder porque tem as suas benesses em relação a isso. O texto de Romanos dá a impressão que Paulo teve “um ataque de peleguismo”. Paulo era alguém que se dava bem com as autoridades e que as autoridades gostavam dele? Paulo foi autoridade como membro do Sinédrio de quem recebia cartas para prender os cristãos; de perseguidor passou a ser perseguido e teve problema com todas as autoridades possíveis. Ele teve problema com autoridade romana, autoridade judaica e teve problema até com as autoridades da Igreja Primitiva. Pedro também não se deu muito bem com as autoridades constituídas e elas também não se davam muito bem com Pedro. Aos romanos Paulo escreve: todo homem esteja sujeito às autoridades; e Pedro escreve: todo homem esteja sujeito à instituição do poder, seja magistrado, rei, soberano. Não é “peleguimo” de Paulo ou Pedro, porque eles não se acomodaram às autoridades; mas eles escreveram porque esta é a revelação de Deus para nós. A Palavra é forte porque está afirmando que essas autoridades estão a serviço de Deus. Eles são ministros de Deus. Foram enviados para alguma missão dentro do plano de Deus. Eles nos exortam a sujeitar e a respeitar as autoridades. Mesmo quando não concordamos com certas atitudes dos governantes, temos certeza de que Deus está acima deles e está no controle de tudo. Podemos não concordar com eles, mas temos de reconhecer que é o poder constituído, e que é constituído por Deus. Temos de respeitá-los. A única alternativa que Deus nos dá de não seguir a lei é quando ela é contrária à Palavra de Deus. Quando a lei é contrária à vontade de Deus, de forma passiva, ou seja, uma lei contrária à Palavra de Deus, mas que não nos obriga a fazer alguma coisa, não nos afeta, porque não nos obriga a coisa nenhuma. Quando a lei nos obriga a fazer algo contrário à Palavra de Deus, prevalece a Palavra de Deus. Os amigos de Daniel resistiram ao rei Nabucodonosor, quando exigiu que adorassem a estátua. Daniel resistiu ao rei quando orou em seu quarto. Pedro e João diante do Sinédrio também resistiram às autoridades porque exigiam que se calassem, não anunciassem a salvação em Jesus. Mas, nenhum deles desrespeitou a autoridade.

João 19.11 – Respondeu Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada; por isso quem me entregou a ti maior pecado tem.

Jesus estava falando a Pilatos, a maior autoridade da região; Jesus não se referiu ao imperador romano que o nomeou para ser governador da Judéia, mas autoridade de Pilatos vinha de cima, do alto, vinha de Deus. Jesus como ser humano estava sujeito à Pilatos, tanto que, quando Pedro corta a orelha do soldado, Jesus diz a Pedro: se eu quisesse Deus mandaria vir legiões de anjos, mas agora estou sujeito à autoridade. Jesus contesta a autoridade de Pilatos, mas não se rebela contra ela, porque era o plano de Deus. Deus instituiu Pilatos como autoridade porque tinha um objetivo.

No Seu Governo Providencial Deus não usa somente as autoridades; elas são uma das formas de Deus governar todas as coisas. O Governo de Deus é a direção de Deus no coletivo, na História. Ele vai usar a natureza, vai usar homens que não tem poder de autoridade.

Os Objetos do Governo de Deus

Salmo 135.5-7 – Com efeito, eu sei que o Senhor é grande e que o nosso Deus está acima de todos os deuses. Tudo quanto aprouve ao Senhor, Ele o fez, nos céus e na terra, no mar e em todos os abismos. Faz subir as nuvens dos confins da terra, faz os relâmpagos para a chuva, faz sair o vento dos seus reservatórios.

Deus não ditou as palavras da Bíblia aos escritores. Mas foram homens que tinham percepção daquilo que estavam escrevendo. O salmista descreve, numa linguagem poética, fatos reais da natureza.

Jeremias 31.35-36 – Assim diz o Senhor, que dá o sol para a luz do dia e as leis fixas à lua e às estrelas para a luz da noite, que agita o mar e faz bramir as suas ondas; Senhor dos Exércitos é o Seu nome. Se falharem estas leis fixas diante de mim, diz o Senhor, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre.

Deus está dizendo que só vai abandonar o Seu povo quando o universo parar de funcionar.

Romanos 9.20-21– Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra?

Vaso para honra e vaso para desonra! Como é difícil de entender! Paulo não está falando de artesanato, ele está falando de nós, seres humanos. Deus fez alguns para honra e outros para desonra. Alguns são feitos para salvação, outros não. A pergunta é: quem somos nós para questionarmos isto? Somos vasos, somos criaturas! Todas as coisas do mundo, todos os seres humanos. Mas não é só o universo físico, o moral também.

Romanos 2.11-16 – Porque para com Deus não há acepção de pessoas. Assim, pois, todos os que pecaram sem lei também sem lei perecerão; e todos os que com lei pecaram mediante lei serão julgados. Porque os simples ouvidores da lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem, por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos. Estes mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se, no dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens, de conformidade com o meu Evangelho.

Para Deus não há acepção de pessoas. O que Paulo está dizendo aí? Mais adiante ele disse que Deus fez alguns para honra e outros para desonra! Paulo está falando do plano de salvação, aliás a Carta aos Romanos é toda o plano de Salvação. Ele está dizendo que Deus não faz acepção entre judeu e gentil. Para Deus não existe acepção entre aqueles que receberam a lei de Deus e aqueles que não tinham recebido a lei de Deus. Tanto entre os judeus como entre os gentios haverá vasos para honra e outros para desonra. Diante de Deus não somos todos iguais porque alguns Ele escolheu para a honra e outros para desonra. Paulo explica que quem recebeu a lei vai ser julgado e receber retribuição de acordo com a lei; e quem não recebeu a lei, recebeu a percepção das coisas de Deus e vai ser julgado do mesmo jeito. Alguns salvos e outros não salvos. No universo moral Deus vai tratar disso aqui como se fosse uma coisa só. A única acepção que Deus faz é a d’Ele mesmo enquanto vasos para honra e desonra. Agora, se somos negro, vermelho, amarelo, branco, se nascemos em Israel, se temos sangue judeu, ou sangue árabe ou maori, não existe acepção de pessoas.

Provérbios 14.34 – A justiça exalta as nações, mas o pecado é o opróbrio dos povos.

Provérbios 16.12 – A prática da impiedade é abominável para os reis, porque com justiça se estabelece o trono.

Para Deus pecado é pecado em qualquer situação, inclusive as autoridades pecam. Têm coisas que aos olhos de Deus são piores, são aquelas que Ele chama de abominação, mas em nenhum momento diz que há pecado maior ou menor, pior ou melhor; nem diz que aquele que praticou abominação não pode se arrepender e ser salvo. Deus governa o mundo físico, o mundo moral e o mundo espiritual também.

Efésios 1.20-23 – O qual exerceu Ele em Cristo, ressuscitando-O dentre os mortos e fazendo-O sentar à Sua direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro. E pôs todas as coisas debaixo dos pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, O deu à Igreja, a qual é o Seu corpo, a plenitude d’Aquele que a tudo enche em todas as coisas.

Deus colocou tudo debaixo dos pés de Jesus, como sempre esteve. O mundo não é governado pelo diabo, que o príncipe deste mundo de pecado. Precisamos sempre nos lembrar de que Deus é Rei.

Mateus 6.26 – Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?

Ponto número um: o mundo é horrível, as autoridades são horríveis, mas Deus está dizendo assim: estou cuidando de você.

Salmos 4.8 – Em paz me deito e logo pego no sono, porque, Senhor, só Tu me fazes repousar seguro.

João 14.30 – Já não falarei muito convosco, porque aí vem o príncipe do mundo; e ele nada tem em mim.

Jesus se referiu a Satanás como um príncipe; e príncipe não deixa de ser um governante, que estará lá enquanto Deus permitir. Quando o arcanjo Miguel lutou contra o Diabo não o desrespeitou, mas deixou que o Senhor o repreendesse (Judas 1.9).

Apocalipse 20.10 – O Diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos.

Deus o colocará no lago de fogo, porque Deus é o Senhor de todas as coisas, inclusive do inferno. O diabo será lançado no lago de fogo e será atormentado juntamente com todos que lá estiverem.

Gálatas 6.7 – Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear; isso também ceifará.

De Deus não se zomba; aquilo que o homem semeia, aquilo ele colhe como retribuição de Deus. Não é verdade o ditado que diz aqui se faz, aqui se paga. Algumas vezes sim, ma não é uma regra geral. Há ocasiões que a retribuição de Deus é imediata. Nabucodonosor é um exemplo; Davi foi punido. De uma coisa podemos ter certeza: o castigo virá; e os tormentos do inferno serão eternos. Seria cômodo pensar que a segunda morte será cruel, mas daí acabou... não, não acabou, porque começa o sofrimento eterno no inferno e depois no lago de fogo.

Estudamos a Doutrina da Providência dividindo, para efeito de estudo, as ações providenciais de Deus, sempre lembrando que é um estudo sistemático. Deus não age dessa forma dividida, uma coisa de cada vez, mas Ele governa, conserva, provê tudo ao mesmo tempo. Para efeito de estudo e para entender as diversas ações de Deus, dividimos, organizamos, sistematizamos o conteúdo da doutrina, Por isso esse estudo chama-se Teologia Sistemática..

Já vimos a Conservação Providencial de Deus, que é a manutenção da obra criada até que sirva para os Seus planos. Porque todas essas coisas acontecem em benefício do plano divino para todo o Universo.

Depois vimos a Provisão Providencial de Deus, que se refere às coisas que faz para nossa manutenção no dia-a-dia. Isso tem a ver com a conservação da vida e com a manutenção cotidiana. Deus dirige essa vida que mantém viva e abastecida. Não somos marionetes nas mãos de Deus. Não. Deus dirige todas as coisas para que elas aconteçam de acordo com a Sua vontade e serve para a execução do Seu plano. Isto significa que Ele permite que façamos coisas que estão em desacordo com a vontade prescritiva de Deus. A Bíblia deixa claro que Deus tem a Vontade Diretiva, na qual Ele decreta o que deve acontecer; não podemos mudar, nem dizer não; e tem a Vontade Prescritiva de Deus, na qual Ele prescreve como devemos proceder. Os Dez Mandamentos é parte da Vontade Prescritiva de Deus. Através deles Deus está dizendo como devemos agir, mas que podemos fazer diferente. E fazemos diferente porque somos pecadores.

A direção tem a ver com a Direção Providencial de Deus em relação a cada pessoa. Vimos que o Governo Providencial de Deus que é a Direção Providencial de Deus, quando se refere a coletivo em relação à História, às ações e como Deus dirige essas coisas. Vimos inclusive que os instrumentos que Deus usa no Governo são os mesmos que usa em Suas outras ações, incluindo as pessoas que não são d’Ele, que não acreditam n’Ele.

2 comentários:

Gaucho disse...

De onde vocês tiraram a informação que um pelego é colocado sob a sela? Um pelego é colocado SOBRE tudo, e serve para a acomodação do cavaleiro e não da sela sobre o cavalo. Fiquei com a impressão que todo o resto do texto deve ter o mesmo grau de precisão...
Emitir opinião é fácil, o difícil é dizer alguma coisa consistente e referenciada.

Fábio Adiron disse...

Segundo a definição que encontrei:"a palavra pelego quer dizer uma pele de carneiro que os gaúchos botam, entre a sela e o couro do cavalo... assim a cela não machuca o cavalo "

Mesmo que não o seja, tenho a impressão que eese não é o ponto fundamental do texto, mas apenas uma ilustração.