quinta-feira, 17 de julho de 2008

A utilidade de um desertor

Toma a Marcos e traze-o contigo, porque me é muito útil para o ministério. II Tm 4:11b

Na sua primeira viagem missionária, além de contar com a experiência e apoio de Barnabé, Paulo também teve a companhia do sobrinho deste, João Marcos.

O jovem filho de Maria, dona da casa onde se reuniam os cristãos (At 12:12), não aguentou o tranco e, provavelmente, deu algum trabalho aos dois antes de desertar e voltar para casa. Quando faziam os seus planos para a viagem seguinte Paulo e Barnabé se desentenderam. Barnabé convidara Marcos de novo, e Paulo disse que com esse tipo de gente ele não ia.

Não se sabe o motivo da insistência de Barnabé, se era pelo vínculo familiar ou pelo fato do cipriota ser um mestre em dar segundas chances às pessoas (não tinha sido o próprio Paulo rejeitado pelos discípulos e acolhido por Barnabé? At 9:26-27). Paulo não quis correr riscos com um companheiro duvidoso e arriscado, estava mais preocupado com a missão do que com o jovem fujão. Cada um foi para um lado levando o seu auxiliar preferido.

Mas é o próprio Paulo que vai mostrar, anos depois, que ele mudou e que Marcos mudou.

O mesmo desertor covarde vai ser o companheiro de prisão do apóstolo (Cl 4:10). De companheiro de risco passou a ser uma companhia consoladora e altamente recomendada. Quando escreve a Timóteo, Paulo afirma que Marcos lhe é útil para o ministério (II Tm 4:11). O que aconteceu com Marcos ?

Certamente a combinação da tutela de Barnabé, a influência de Pedro (que o considerava como filho - I Pe 5:13) e a disciplina de Paulo tiveram impacto na sua vida. Instrumentos de Deus para mudá-lo. Marcos esteve em Roma, de onde foi para a Ásia, provavelmente foi missionário na região de Colossos ou Éfeso - certamente estava perto de Timóteo.

Paulo também mudou. Reconheceu em Marcos um homem transformado por Deus. Viu nos seus atos (testemunho) a prova da sua fé. O homem que acabou sendo um dos personagens mais importantes da nossa herança cristã ao escrever um dos evangelhos, mesmo não tendo convivido com Jesus, a partir dos relatos de Pedro e de outros que frequentavam sua casa.

Quando observamos pessoas que se afastam da Igreja temos sido Paulos ou Barnabés ? Será que também não estamos abandonando aqueles que consideramos desertores ? Quando essas mesmas pessoas reaparecem na Igreja, temos as acolhido como Paulo, ou temos guardado ressentimento de suas atitudes do passado.

Seja um pouco Barnabé com aqueles que se afastam. Seja um pouco Paulo com aqueles que retornam. Quem ganha é a obra de Deus, a quem devemos toda glória.

Um comentário:

bete p.silva disse...

Fábio, você é professor de ED? Se for, saiba que sempre que leio aqui, sinto-me na sua classe. Sou uma desertora, maior abandonada.