quinta-feira, 3 de julho de 2008

Coisas de família

Felicidade no Lar – Salmo 128:1-4

A busca da felicidade é uma atividade incessante no ser humano. Todos anos publicam-se milhares de livros que oferecem uma fórmula mágica de satisfação pessoal, são os famosos livros de auto-ajuda. Como se o homem pudesse fazer alguma coisa de boa para a sua própria felicidade. O mais preocupante é ver muitos crentes seguindo as receitas desses livros – existem até alguns que se denominam de auto-ajuda cristãos (uma contradição em termos) – ao invés de procurar a única regra de fé e de prática. Felicidade na vida, incluindo o lar, que é uma parte dela, só com a presença de Deus. O temor ao Senhor é a nossa única certeza de uma família abençoada. A única ajuda que precisamos é a que vem do alto, o único livro necessário é aquele que o Pai nos deu.

Privilégio de Ser Pai – Salmos 127:3-5

Ser pai é algo tão importante que Deus mesmo se apresenta a nós como tal. Seja do seu Filho natural, Jesus Cristo, seja de todos nós, filhos por adoção. Receber a benção dessa analogia com Deus é algo tão maravilhoso que quando temos notícias de pais que abusam de seus filhos, alguns a ponto de matá-los, ficamos profundamente escandalizados. Pior, a cada dia, temos notícias de um número maior dessas situações escabrosas. O que leva o homem a agir como tal é a falta do conhecimento de Deus. Paulo, escrevendo aos Romanos (Rm 1:28-32) mostra os dois lados desse afastamento, o homem perde sua afeição natural pelos que deveria amar e perde o respeito aos próprios pais. Cabe a nós levarmos essa palavra aos que não a conhecem, de forma que possam, transformados, recuperar esse privilégio.

Amor de Pai – Efésios 6:4; I Coríntios 13:4-7

Pai é um bicho esquisito. Os filhos esperneiam, desobedecem, se metem em encrencas. Nós ficamos bravos, castigamos e brigamos. Mas nunca deixamos de amar. Se existe um relacionamento que mais se aproxime do amor perfeito descrito por Paulo aos Coríntios, esse é o dos pais em relação aos filhos. Ao mesmo tempo em que dedicamos esse imenso amor sabemos também que esses mesmos filhos não são nossos e que os recebemos apenas como mordomos de Deus para criá-los de acordo com a vontade d`Ele. Mais do que mimar, agradar e defender os filhos, nosso amor por eles só se concretiza quando os ensinamos a amar a Deus e a se entregar ao poder soberano do Criador. Amar os filhos implica em mostrar a eles a única coisa que realmente é indispensável na vida. O resto é só conseqüência.

Quando Era Menino – I Coríntios 13:11

Não lembro de ter visto meu pai muitas vezes na Igreja. Apesar de ser filho, sobrinho e irmão de pastores, suas raras aparições se limitavam a alguns eventos específicos como a profissão de fé e casamento dos filhos e o batismo dos netos. Quando meu tio ainda era vivo ele ainda ia todo o ano ao culto de Natal da Igreja Presbiteriana do Calvário. Mesmo assim, foi com ele que aprendi a gostar da nossa hinódia protestante, que até hoje ele canta de cor com as letras dos Psalmos e Hymnos e toca na gaita. Apesar de não ficar para os serviços eclesiásticos, nunca deixou de nos levar e buscar na Igreja. Também com ele é que aprendi muito do que sei de ética cristã e de comportamento. Nunca consegui copiar a sua proeza de decorar todas as perguntas e respostas do nosso Catecismo. Bons tempos de menino, mas ainda bons tempos de filho adulto.

Homem Cristão – Colossenses 3:19-21

Pierre Weil, um psicólogo francês, concluiu em seus estudos que há na maioria dos nossos contemporâneos uma crença bastante enraizada, segundo a qual tudo o que a maioria das pessoas pensa, sente, acredita ou faz, deve ser considerado como normal e, por conseguinte, servir de guia para o comportamento de todo mundo e mesmo de roteiro para a educação. A essa crença deu o nome de Normose. Uma das normoses cristãs é acreditar que precisamos nos adequar ao mundo para que os nossos filhos não sejam discriminados pela sociedade. Achamos que isso vai poupar nossos filhos de sofrimentos quando, exatamente ao contrário, estamos expondo-os a todas as conseqüências de uma sociedade materialista, hedonista e imediatista. O homem cristão não pode se deixar cair nessa armadilha. Deve ensinar aos filhos que somos diferentes, separados, povo de propriedade exclusiva de Deus. Mesmo que isso signifique algumas dores no presente, de forma alguma se comparam à glória do porvir.

Reconhece as Virtudes – Provérbios 31:10-12; 28-29

Nossa educação, desde casa, passando pelos vários níveis escolares, sempre foi centrada no déficit, ou seja, sempre destacou mais o que não sabemos fazer do que o que sabemos fazer bem. Nunca tive a experiência de ter sido chamado na diretoria porque tinha tirado nota 10 de matemática. Como passamos cerca de duas décadas de nossas vidas dentro de escolas, acabamos por construir esse modelo de avaliar os nossos relacionamentos. Pergunte a um marido quais são os defeitos e qualidades de sua esposa – ele certamente vai lembrar melhor dos defeitos. Se a pergunta for feita para a esposa vai acontecer à mesma coisa. Poucos reconhecem as virtudes e, mesmo quando o fazemos, raramente as valorizamos. Quando foi a última vez que você parou para pensar nas qualidades únicas das pessoas da sua família? Quando foi a última vez que elogiou algo? Quando agradeceu a Deus a benção de ter essa família? Não lembra? Então aproveite para fazê-lo agora.

A Quem Honra, Honra – Efésios 6:1-3

Ser mãe não é padecer no paraíso. O paraíso que cremos e esperamos não tem nenhum tipo de padecimento ou sofrimento. Ser mãe envolve uma série de alegrias, mas também algumas tristezas e contrariedades que fazem parte na nossa vida terrena. Ainda que a obediência e honra aos pais seja um mandamento de Deus, nem sempre é uma constante nas famílias. É um direito das mães esperar essa atitude dos filhos. E também um dever. Esperar que filhos criados longe da Palavra de Deus e da Igreja honrem aos pais é a mesma coisa que esperar que eles aprendam a ler sem ir para a escola. Mães cristãs são aquelas que conquistam esse direito ao conduzir seus filhos pelo caminho da verdade. Filhos cristãos são aqueles que andam nesse caminho.

Publicado originalmente no boletim da Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo em Maio de 2008

Um comentário:

Anônimo disse...

Bela família, belo texto, vc é muito abençoado!

Um beijo em todos!