quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Memórias do cárcere

E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram têm antes contribuído para o progresso do evangelho... Filipenses 1:12


Paulo, quando escreveu à igreja de Filipos, estava naquilo muitos chamam de "fim de carreira". Já estava velho, cada dia mais abandonado pelos homens e, ainda por cima, estava preso, esperando um julgamento que sabia que não iria vencer.

Qualquer pessoa nessa situação daria sinais de cansaço, mostraria sua revolta contra os homens e contra Deus e destilaria pessimismo. No entanto, a carta aos Filipenses é chamada por muitos comentaristas bíblicos como a carta da alegria.

Ao contrário do que se podia esperar, a prisão representava apenas mais uma oportunidade de pregação. De um lado porque o apóstolo pregava aos guardas que o mantinham em cadeias. De outro porque estimulava outras pessoas a pregar (se até preso esse sujeito prega, porque eu não?)

É verdade que ele reconhece que muitos pregavam por outros interesses. Alguns para ganhar dinheiro. Outros para conquistar prestígio. Muitos para terem seus próprios partidos eclesiásticos. Situações muito diferentes das que vivenciamos hoje no mundo evangélico...ou não ?

Esse, aliás, poderia ser mais um motivo para Paulo se amargurar. Costuma ser um motivo que faz com que muitos (que se dizem) crentes de hoje se amargurem e desdenhem a religião, as igrejas e os pastores de uma forma generalista e desonesta.

E mais uma vez, Paulo, ao invés de imprecar contra os pseudo-pregadores, nos dá uma lição de vida cristã. O que importa é que Cristo está sendo pregado. Isso era o que realmente fazia sentido. Ele sabia que o destino dos pregadores picaretas estava nas mãos de Deus e não nas dele. Muito pior somos nós quando ficamos resmungando dos que pregam erradamente e ficamos calados.

Nós que não estamos presos. Nós que declaramos ser portadores da verdadeira mensagem e a guardamos nas gavetas junto com aquela Bíblia que nunca lemos. Nós os cristãos do culto de domingo - alguns nem isso, pois também resmungam que a música da igreja é muito quadrada, ou muito redonda, ou que não gostam do sermão...

Nós precisamos pregar, primeiro porque é uma ordem de Deus : Ide por todo mundo e PREGAI...a toda criatura. Não conheço na história do povo de Deus alguém que tenha se dado bem desobedecendo.

Também precisamos pregar porque o mundo precisa da mensagem de salvação. Um mundo que anda cada dia pior e, apesar disso, continua confiando mais nas ideologias políticas, filosóficas e científicas do que em Deus.

Mas, não menos importante, precisamos pregar porque a igreja precisa disso. Quanto mais prega, mais a igreja cresce espiritualmente. Seja porque se prepara melhor para levar a mensagem, seja porque a pregação fortalece a fé dos crentes.

Nós que somos livres, vamos continuar encarcerando o evangelho ?

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