segunda-feira, 5 de abril de 2010

Teleologia e panteísmo - outras teodicéias

Teleologia

Teleologia é um ramo da filosofia que estuda a finalidade das coisas. Enquanto a metafísica procura qual é a essência das coisas, como elas surgiram e de que forma surgiram, a Teleologia estuda a finalidade de qualquer coisa. Quando o filósofo pensa na teleologia, não está pensando qual é a origem do mal, qual é a essência do mal, mas vê que o mal existe e, portanto, o mal deve ter uma finalidade.

Então o filósofo vai procurar qual é a finalidade do mal. Ele parte do princípio que o mal tem um lugar dentro do Universo. Ele está partindo de um princípio comum que não discutível. Se a Bíblia diz que todas as coisas cooperam para o bem, então o mal coopera para o bem. O mal traz algum benefício, existe um propósito para isso. É isso que o filósofo vai buscar: qual é a finalidade. Se o mal traz algum benefício, o mal tem algum propósito, portanto, temos de entender que o mal é um bem, no sentido da ordem natural das coisas do mundo, não que cada mal específico seja um bem para todo mundo; na ordem natural da criação de Deus, o mal é uma coisa que faz bem, que é boa, porque ele tem uma finalidade.

Claro, que existe um propósito para todas as coisas, Deus tem um propósito para todas as coisas e ele controla tudo de acordo com a vontade que vai executar os Seus decretos eternos. Ou seja, aquilo que vai influenciar na direção dos Seus planos eternos, Deus vai permitir ou não permitir. O fato de Deus usar homens pecadores para atingir os Seus fins, não significa que eles sejam menos pecadores. O fato de Deus usar Ciro, não significa que Ciro era menos pecador, era bonzinho e que foi para o céu porque era ungido de Deus. Ciro foi ungido no sentido de ter sido escolhido para realizar o propósito de Deus, mas não significa que ele tenha sido salvo.

Apesar de muita gente ter sido usada para executar os planos de Deus, como, por exemplo, a Assíria que foi vara de justiça nas mãos de Deus sobre Israel, há profecia de castigo contra a Assíria, porque ela usou de perversidade contra Israel, os assírios foram excessivamente maus. As nações foram usadas por Deus para castigar Israel, mas eram responsáveis por suas ações, elas se ensoberbeciam em seus corações e abusavam do poder e da perversidade contra o povo; tinham prazer nessa destruição, por isso o castigo de Deus sobre elas.

A teleologia é o assunto mais difícil de estudar, porque tem algumas afirmativas certas. Deus tem um propósito para todas as coisas, nada acontece que não sirva para a glória de Deus, principalmente para a Sua glória, portanto, Deus permitiu o mal no mundo para ter a sua finalidade. O problema da teleologia é que distorce a idéia do mal moral, porque o mal moral passa ser algo bom! Se ele tem uma finalidade, no sentido de ser útil, devemos aceitar o pecado como sendo uma coisa boa! Ela está dizendo que tem lugar que o pecado conduziu a história para um final útil. Não significa que deixou de ser pecado. A Assíria, a Babilônia, a Média e a Pérsia, depois a Grécia e Roma, serviram para os propósitos divinos dentro da providência governativa de Deus.

Dois problemas são: o pecado continua sendo pecado, a pessoa é responsável pelo seu pecado porque ela tem livre agência, tem liberdade para agir, não para julgar entre o bem e o mal, a pessoa não tem independência.

Panteísmo

Diz que Deus está em todas as coisas, em todas as pessoas, em todos os seres. Não diz que há vários deuses, mas que Deus está em tudo. Se Deus está em todas as coisas e a pessoa comete ações más, está dizendo que o mal é inerente a Deus. Se Deus faz parte do ser e este ser comete coisas ruins, significa que Deus é mal, que a maldade faz parte do ser de deus, desse deus panteísta, pulverizado em todas as coisas. Contudo, Deus não pode ser mau. Como é que os panteístas responde a essa questão?

Se Deus está em todos os seres e o ser comete o mal, a lógica seria que Deus também é mau! Mas, os panteístas querem justificar Deus, procurando uma saída para não chegar a conclusão que Deus é mau. Acharam a saída mais esdrúxula de todas as teodicéias: para eles o mal não existe, o mal é uma ilusão em nossa mente; a nossa mente é que vê coisas ruins no mundo. O mal é uma criação, é uma ilusão da nossa mente. Por que a nossa mente cria essa ilusão? Porque ela não tem o conhecimento e a percepção plena de Deus. No momento em que chegarmos a um estado espiritual que tenha tamanha percepção, tamanho conhecimento de Deus, o mal desaparece, porque ele é só uma ilusão! O que causa a dor no mundo é a distorção da nossa mente! Como a pessoa se afasta de deus e como não tem conhecimento suficiente desse deus que está no paletó, na cadeira, nos seres e nas plantas, comete erros; ou seja, é a falta de conhecimento desse deus que está em tudo.

Há várias religiões panteístas, ou próximas do panteísmo, mas, os mais puros como os budistas, os hindus, têm até uma figura para isso, o Maya, o nome hindu para ilusão, que é exatamente essa ilusão do mal. Por exemplo, aqueles que praticaram o genocídio se deixaram levar por uma ilusão. A pessoa deixa o mal tomar conta de si levada por uma ilusão, porque não tem intimidade, conhecimento de Deus. Apesar de antigas, essas idéias religiosas acabam respingando dentro da Igreja, porque a pessoa acaba misturando as coisas, uma bela confusão.

Um comentário:

Robson Garcez disse...

Caro irmão Fábio Adiron,

Começo hoje a ser um dos leitores do seu blog, que encontrei ao ler o tema "panteísmo" na Web.

Sou pastor no presbitério em que o seu tio Boanerges tanto cooperou para a expansão da causa de Cristo.

Parabéns pelo trabalho denso e belo que tem publicado, que pretendo ler aqui nos próximos tempos.

Feliz Natal, com Cristo, para você e sua família.

Também vou seguir o "Insana". Bom demais...!

Abraço!

P.S. Acabei postando no "Insanadiron" este mm comentário. Mas o que está lá é pura verdade...