quinta-feira, 1 de maio de 2008

Ensino na Igreja

Ensino Com Esmero – Romanos 12:7

O escritor Bernard Shaw era um especialista em frases jocosas. Numa delas ele dizia que “quem sabe faz, quem não sabe ensina”, o que, infelizmente têm se tornado comum no nossos sistemas de ensino. Se isso é uma realidade no mundo secular, não pode nunca ser dentro da Igreja. Assim como indivíduos temos a missão de sermos sal da terra e luz do mundo, os que ensinam na Igreja precisam ser muito diferentes do que acontece no mundo. Esmero é muito mais do que um pouco de dedicação, significa aperfeiçoar algo até o ponto de atingir a pureza absoluta. Nós sabemos que não podemos atingir a pureza se não for através da ação do Espírito Santo. Dessa forma, o preparo de um professor cristão, seja na Igreja, seja em qualquer outro local, vai muito além do estudo dos temas de uma lição. Sem oração, conhecimento bíblico e vida em comunhão com Deus, o professor é apenas um repetidor de frases. Com Deus, ele se torna um instrumento precioso para a obra a que foi chamado.

Que didática !– Mateus 7:28-29

Vivemos a época dos especialistas. Os jornais, programas de televisão e a Internet nos abastecem da opinião de autoridades sobre os mais diversos assuntos. Pessoas que estudaram profundamente algumas questões e parecem saber tudo a respeito delas, mesmo que isso signifique saber cada vez mais sobre cada vez menos, ou que suas autoridades estejam atreladas ao saber científico. Jesus, no Seu ensino, conquistou a admiração de Seus alunos porque tinha conhecimento de todas as coisas e a Sua autoridade provinha de Deus. Mais do que saber técnicas didáticas (e Ele também as sabia), Ele conhecia as Escrituras, qual era a vontade de Deus e praticava ambas. Para pessoas que estavam acostumadas a ouvir professores que só arrotavam sabedoria da boca para fora, isso era um fato incomum. A verdadeira didática cristã é aquela onde os alunos reconhecem o seu professor como um conhecedor e praticante das verdades bíblicas.

Visão do professor Marcos 6:30-32

Quando olhamos para o Mestre dos mestres aprendemos que, antes de mais nada, Ele foi o pastor exemplar. Conhecia Suas ovelhas, sabia o nome de cada uma delas, identificava quais eram do Seu aprisco e quais não. Além das suas características espirituais também cuidava das suas necessidades pessoais. Preocupou-se com a fome da multidão e com o cansaço dos Seus discípulos. O bom professor nem sempre vai ter o discernimento espiritual sobre os seus alunos, como tinha Jesus, mas precisa estar atento ao comportamento e reação dos mesmos. Para isso precisa estar atento a cada um deles. Alguns momentos serão de alimento sólido, outros de coisas mais leves. Para alguns palavras de conforto, outros de encorajamento. O aprendizado será tão mais eficaz quanto for a capacidade do professor em lidar com todas essas situações. Se achar que todos são iguais nunca será bem sucedido.

Disposição do professor Marcos 6:33-34

Qual é a melhor hora para ensinar? Quando os alunos estão mais propensos a aprender? Algumas pessoas acreditam que existam melhores dias ou horários e muitos professores acham que é perda de tempo ensinar em horários que julgam inconvenientes, a ponto de se recusarem a fazê-lo. Não existe melhor momento do que aquele em que os alunos estão ávidos e famintos por conhecimento e isso pode acontecer a qualquer hora. Um professor cristão ama os seus alunos e nunca lhes recusa o alimento do conhecimento, mesmo que isso implique em sacrifício pessoal, mesmo que alguns ao redor dele digam “despede a multidão”. A satisfação do professor é ver seus alunos plenamente satisfeitos com a verdade, que nunca é demais.

Preocupação do professor Lucas 9:12; João 6:5-6

Alguns professores reclamam que têm classes difíceis. Alunos indisciplinados e desinteressados. Chegam a vaticinar que alguns deles jamais irão aprender (e, claro, quando colocam isso na cabeça, não fazem nenhum esforço para que aprendam). Pense nos alunos de Jesus. Eles eram imaturos, impulsivos, hipócritas, ignorantes, preconceituosos e instáveis. Acima de tudo, uma classe de pecadores e condenados à morte. Você ainda acha que a sua classe é que é ruim? Ao contrário do que faríamos, Jesus não só os ensinou como alimentou, curou, serviu e amou a ponto de dar a vida por eles (por nós). Ele se preocupou não só com o alimento espiritual, mas também com o estômago deles. Ele estava ensinando os caminhos da vida eterna, mas nunca esqueceu das necessidades que os alunos tinham no cotidiano. Um professor cristão que sai da sala achando que sua missão foi cumprida, precisava urgentemente rever os seus conceitos.

O aluno conhece o professor Mateus 5:1-2

Não só o pastor conhece as suas ovelhas, mas elas também o conhecem e ouvem a sua voz. Nós, que mesmo quando estamos na posição de professores, não deixamos de ser ovelhas do Divino pastor, recebemos o discernimento espiritual para distinguir o ensino verdadeiro do falso e, com isso, identificar o verdadeiro professor cristão. Esse é um professor de Bíblia, que a conhece e, principalmente, a pratica. Sabe que está à frente de uma sala de Escola Dominical para falar da revelação de Deus e não das suas opiniões pessoais. É uma pessoa comprometida com a obra, que dá bom testemunho dentro e fora da Igreja. Não transige da doutrina, não relativiza a vontade de Deus. Pratica a misericórdia e entende que todos pecaram e precisam dos ensinamentos que ele pode levar. Os alunos percebem isso tudo e valorizam essas características mais que qualquer outra.

A aula que não cansa Marcos 8:1-3

Existem pessoas que acreditam que sabem tudo. Que depois de tantos anos de Igreja não precisam mais de aulas de Escola Dominical porque já tiveram todas as aulas sobre todos os assuntos, ou porque já leram toda Bíblia não sei quantas vezes. A mensagem que essas pessoas estão querendo passar é: já cansei de aprender sobre a vontade de Deus para a minha vida. Não é um professor excepcional ou um tema polêmico que transforma uma aula em algo do qual não se cansa. Nós não cansamos das aulas quando entendemos que o nosso crescimento espiritual depende, também, de um aprendizado contínuo. Nós não cansamos da aula quando entendemos que não somos nada diante de um Deus soberano e que só Sua Palavra pode nos manter. Quem está cansado de aprender de Deus, muito provavelmente, nunca teve um encontro pessoal com Ele.

Publicado originalmente no boletim da Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo em 24/02/2008

Os missionários escoceses Robert e Sara Kalley são considerados os fundadores da Escola Dominical no Brasil. Em 19 de agosto de 1855, na cidade imperial de Petrópolis, no Rio de Janeiro, eles dirigiram a primeira Escola Dominical em terras brasileiras. Sua audiência não era grande; apenas cinco crianças assistiram àquela aula. Mas foi suficiente para que seu trabalho florecesse e alcançasse os lugares mais retirados de nosso país.

A imagem acima é de Robert Reid Kalley

Um comentário:

Anônimo disse...

Não esqueçamos que a aparência e o comportamento dos alunos enganam, lembrem de Judas( o Iscariotes) , o aparentemente bem mais bem preparado dos díscipulos, mas que no seu interior lacrado estavam os piores conflitos.Jesus onisciente sabia disso, mas e os professores sabem o que se passa no interior dos seus alunos? Tendem a dar mais importância aqueles que parecem mais cultos,que parecem ter uma vida prática reta, que entendem tudo o que dizem, e caem no engano de não investir nos que apresentam dificuldade.O professores das igrejas devem estar aprendendo sempre com o mestre, e praticando seus aprendizados, ninguém ensina direito aquilo que não pratica.

Ps: Não sou calvinista, mas sou cristã, desculpe se falei alguma bobagem diante das suas crenças.

um abraço,

Vilma