sábado, 26 de abril de 2008

Só peço a Deus

E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Mateus 22:39





Não existe nenhuma dúvida de que o propósito da nossa existência é o de glorificar a Deus, aqui e na eternidade. Não é à toa é que um dos motes da reforma é Soli Deo Gloria (Rm 11.33-36; 1Co 10.31). Por isso mesmo que o primeiro grande mandamento é o de amar a Deus sobre todas as coisas, citado na lei e depois relembrado por Jesus Cristo (Dt 6.4-6).

O que não significa que o segundo grande mandamento seja opcional. Senão deixaria de ser mandamento. Infelizmente muitos crentes acham que atender 50% das ordens divinas é suficiente, ainda mais quando a outra metade representa se envolver com essa gentinha humilde, sem graça e pecadora. São os eternos discípulos dos fariseus e, assim como esses se escandalizavam ao presenciar Jesus se misturando com o povão, nossos modernos fariseus também se escandalizam quando vêem um pastor ou um presbítero envolvidos em questões comezinhas desse mundo, ao lado daquilo que julgam ser a escória. Amar ao próximo como a si mesmo deve ser uma tortura para essa casta de narcisistas.

Um discípulo maduro é um seguidor de Jesus Cristo comprometido com o cumprimento das ordenanças não se omite em relação ao que acontece com os seus semelhantes, sejam eles crentes ou não. A preocupação social faz parte do nosso mandado social que, junto com o mandado cultural (que nos coloca como mordomos da criação) deveria representar a nossa preocupação constante com tudo que nos cerca.

Sob a falsa alegação de ceticismo ou de que "esse mundo está perdido mesmo", temos nos tornado insensíveis à dor, à fome, à injustiça, às guerras, à traição e ao futuro - dos outros é claro, porque quando mexem conosco, ou com semelhantes da nossa classe social, ficamos revoltados.

Já não nos escandalizamos mais com a fome provocada pelas guerras étnicas - aliás, nem com as guerras. Toleramos a injustiça e a traição nas novelas e na vida política, como se isso fosse normal. Das novelas chego a ouvir com freqüência que os melhores personagens são os maus. A dor dos oprimidos não nos incomoda e acreditamos que, já que o mundo vai acabar mesmo, porque se preocupar com aquecimento global ?

Quem ocupa esse espaço de preocupação social, onde deveríamos ser líderes e não seguidores acabam sendo outras pessoas. Léon Gieco é um deles. Gieco é um músico argentino, um Bob Dylan meridional, que compôs um hino - sim, a meu ver um belíssimo hino - onde pede a Deus que a vida não lhe deixe cético e nem deixe que se conforme com as atrocidades que se cometem contra os demais seres humanos.

Me lembra alguns cânticos da minha mocidade que caíram no esquecimento. Saudades de letras do Gióia Júnior (Vem Jesus Salvador e Um só corpo), do Rev João Dias de Araújo (Que estou fazendo?) e do Guilherme Kerr (Barnabé). Acho que os jovens de hoje estão mais preocupados com a competição globalizada onde um precisa passar por cima do outro do que com aquilo que acontece fora dos seus círculos.

Enquanto isso , quem sabe alguém não traduz a música do Gieco e saímos cantando por aí ?

Sólo le pido a Dios
León Gieco

Sólo le pido a Dios
que el dolor no me sea indiferente,
que la reseca muerte no me encuentre
vacío y solo sin haber hecho lo suficiente.

Sólo le pido a Dios
que lo injusto no me sea indiferente,
que no me abofeteen la otra mejilla
después que una garra me arañó esta suerte.

Sólo le pido a Dios
que la guerra no me sea indiferente,
es un monstruo grande y pisa fuerte
toda la pobre inocencia de la gente.

Sólo le pido a Dios
que el engaño no me sea indiferente
si un traidor puede más que unos cuantos,
que esos cuantos no lo olviden fácilmente.

Sólo le pido a Dios
que el futuro no me sea indiferente,
desahuciado está el que tiene que marchar
a vivir una cultura diferente.

2 comentários:

Volney Faustini disse...

Fábio,
Realmente é isso mesmo, o vertical (que só Ele realmente sabe) a gente está sempre pronto a obedecer e nos escondemos quando vem os outros 50% que é o horizontal.

Já cantei muito Que estou fazendo se sou cristão ... e postei há um bom tempo sobre isso: http://volneyf.blogspot.com/2005/12/tunel-do-tempo.html

Agora vale a pena a tradução-versão da letra do Sólo le pido a Dios,pelo menos pro meu portunhol que está limitado.

Fábio Adiron disse...

Volney

Já está pronta a tradução/traição, vou publicar no Mens Insana de segunda