quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Estou em férias


O ano de 2008 foi cheio de idéias que se espalharam em todos os meus blogs. Durante 366 dias foram 447 publicações sendo

310 textos no Mens Insana

39 textos no Inclusão: ampla, geral e irrestrita (além de mais uma coleção de textos escritos por convidados)

37 textos no Espicaçando o Marketing ( além dos textos do Volney Faustini e de outros escritos por convidados)

61 textos aqui no Calvinistas, graças a Deus

Acredito que você possa aproveitar as minhas férias para colocar suas leituras em dia....risos

Um abraço aos meus leitores e comentaristas. Volto no final de janeiro.

Fábio Adiron

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Chamados para sermos discípulos (final)

Beleza é conteúdo

Quão formosos os pés dos que anunciam coisas boas! Rm 10:15

Metonímia é uma figura de linguagem que consiste numa transposição de significado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser usada com outro significado. Não com base em traços de semelhança, como na metáfora, mas por alguma relação lógica entre os termos. Calvino entendia que a figura dos pés formosos era uma metonímia.

Quando Isaías (52:7) fala dos pés formosos, expressão que Paulo vai lembrar os Romanos, ele se refere aos mensageiros que traziam as notícias do fim do cativeiro. Assim como nós levamos as notícias do fim da escravidão do pecado. Os mensageiros desciam os montes e chegavam com os pés cobertos de pó e de sujeira. Mesmo assim, eram os pés que traziam a notícia da salvação, tão maravilhosa que, até aquilo que aparentava ser feio se tornava belo.

Nós que fomos vocacionados e comissionados a levar essa mensagem refletimos essa beleza, que está em Cristo, não em nós.

Santa rebeldia

pois nós não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido. At 4:20

Pedro e João, diante do sinédrio, não foram exemplo de rebeldia, mas de compromisso com a seara do Senhor, de pregar o evangelho da salvação. Um exemplo que nos mostra que a submissão, a obediência, não é sinônimo de um suicídio mental, de uma auto-hipnose, de uma obediência cega. Quantos e quantos irmãos são amedrontados por alguns, a apenas "obedecer" e nada mais, sem questionar? Talvez nos dias de hoje alguns diriam até que Daniel entrou da cova dos leões por que foi desobediente, rebelde, com o rei Dario. Alguns diriam que os leões só não o comeram "pela misericórdia", mas que Deus poderia ter permitido, por desobedecer. Quantas coisas ouviríamos de alguns crentes! Nem Daniel, nem Pedro e João eram obreiros fraudulentos, nem vasos covardes, para entregar o recado de Deus com ousadia somente para os humildes e temer os "grandes".
Sejamos obedientes às autoridades, dentro e fora da Igreja. De acordo com a Palavra de Deus, à luz das Escrituras. Mas saiba que, em primeiro lugar, o seu compromisso é com Deus. O Deus dos deuses e Senhor dos senhores

Senhor dos frutos

...mas Deus deu o crescimento. 1 Co 3:6

Muitos creram e, provavelmente, muitos não creram. O que diferencia uns dos outros? Não tinham ouvido a mesma mensagem, pregada pelos mesmos apóstolos? Não viram os mesmos sinais? No entanto, nem todos os que são alcançados pela palavra de Deus se arrependem e se convertem dos seus maus caminhos.

Paulo já dizia que plantamos e regamos o evangelho, mas que o crescimento e a colheita são de Deus. Ele é que escolhe os frutos que Lhe apraz, não conforme a beleza e a aparência da fruta, mas de acordo com o beneplácito da Sua vontade e para o louvor da Sua glória.

Nós devemos nos preocupar com a semeadura, com o ensino, com a pregação. Certos de que existirão frutos que não serão por nossos méritos, nem para o nosso deleite, mas daquele que nos chamou das trevas para sua maravilhosa luz.

Publicado em formato reduzido no boletim da
Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo em Dezembro de 2008

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Chamados para sermos discípulos (II)

Vasos preciosos

...este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome perante os gentios, e os reis, e os filhos de Israel; At 9:15

No Novo Testamento a palavra vaso “skênòs”, é usada 22 vezes, umas literalmente, outras em sentido figurado: vasos de ouro, de prata, de pau, de barro, de madeira preciosíssima, de bronze, de ferro, de mármore e de marfim. Mas há também vasos vivos uns para honra, outros, porém, para desonra. Os de honra são preparados para toda a boa obra.

Um vaso pode servir só como ornamento, só para ser visto. Mas em termos de utilidade prática, um vaso serve como recipiente, serve para conter algo. A diferença entre os vasos reside naquilo que eles contêm. Não naquilo que aparentam. Estes vasos somos nós, a quem Jesus arrancou da lama, limpou e quer usar. Vasos quebrados em pedaços pelo pecado, mas que o Senhor reúne os cacos e reconstitui, pela ação do Espírito Santo. Ele faz isso por nos amar e para nos usar. O Senhor tem um propósito a respeito destes vasos que somos nós. Quer que sejamos Seus instrumentos...Para dar a conhecer as riquezas da Sua glória.

Somos vasos. Vasos vivos. Vazios ou ocupados? E se ocupados, o que há dentro de nós? Ódio, amargura, indiferença, acomodação, egoísmo? Somos vasos cheios de nós próprios, vasos de barro cheios de barro? Sejamos vasos possuídos e habitados por Jesus, por Ele purificados e usados para ir ao encontro dos cansados e oprimidos, de todo os que sofrem e têm uma existência vazia, levar-lhes a boa nova libertadora, o amor ativo, como instrumentos de Deus.

Jamais parados

Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide... Mt 28:18-19a

Chamados, preparados e transformados. Deus não provoca toda essa revolução em nossas vidas para ficarmos sentados em casa ou num banco de igreja. Ele tem um objetivo e uma missão que é comum a todos os crentes. Ainda que tenhamos recebido diferentes dons e tarefas para o trabalho cristão, levar a mensagem da salvação é uma obrigação de todos e de cada um.

A ordem de ir e pregar não foi dada exclusivamente para os que foram vocacionados para serem pastores e/ou missionários. Não é preferencialmente daqueles que tem o dom da oratória ou que são, por natureza, pessoas expansivas.

As nossas desculpas esfarrapadas não servem como justificativa para escaparmos dessa tarefa. Se formos pensar em defeitos e limitações, essas também eram abundantes entre os discípulos de Jesus. A cada um de nós cabe levar a mensagem ao seu amigo, vizinho, colega e até os confins do mundo.

Duvidar da sua capacidade de levar a Palavra é supor que Deus não pode agir nas nossas vidas nos capacitando para tanto. Ou assumir que não estamos tão perto assim dEle.
(continua amanhã)

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Chamados para sermos discípulos (I)

Discípulo é aquele que segue outrem em suas idéias, atitudes, posições ideológicas e determinações existenciais. Para isso fomos chamados por Cristo, para andarmos de acordo com a sua vontade. Mas como é que passamos a ser efetivamente discípulos de Jesus ?

O Senhor da escolha

Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Mt 4:19

Étienne de la Boétie, filósofo francês do séc XVI, cuja obra mais famosa foi o "Discurso da Servidão voluntária". O título parece ser uma contradição do termo servidão voluntária, pois como se pode servir de forma voluntária, sacrificando a própria liberdade de espontânea vontade? Isso parece próprio da natureza humana que deseja e precisa de líderes e de referências. O grande problema reside justamente na escolha de quem seguir e servir. Já houve um tempo que muitos seguiam lideranças políticas das mais diversas cores. A desilusão com os políticos levou as pessoas a seguir outros ídolos. Músicos, artistas de televisão, autores de livros de auto-ajuda e até economistas. Hoje muitos seguem líderes que se auto intitulam donos das revelações divinas.
Diferentemente dessas pessoas que escolhem a quem seguir, Cristo escolheu pessoalmente quem seriam aqueles que Ele queria que o seguissem. De acordo com os Seus próprios critérios escolheu e chamou pessoas simples e incultas. E nenhum deles resistiu a esse chamado, pelo contrário, lemos que os pescadores abandonaram imediatamente suas tarefas para seguir o Mestre. Foram tocados em seus corações e foram atrás daquele que passaria a ser o Senhor das suas vidas.

Autoridade, não riquezas

Nada leveis para o caminho, nem bordão, nem alforje, nem pão, nem dinheiro; nem tenhais duas túnicas. Lc 9:3

Ser discípulo de Jesus não é ser contratado como direto de multinacional. Não ganhamos nenhum benefício pecuniário (ainda que muitos se achem no direito de enriquecer às custas do rebanho)

Os discípulos de Jesus passaram por um treinamento super intensivo durante cerca de 3 anos. Não poderiam ter professor melhor que esse. Mas, mesmo antes de concluírem sua formação, foram enviados para o trabalho e, para tanto receberam poder para executar a obra que Deus esperava deles. Não existe formação que possa ser efetiva sem autoridade para exercê-la.

Muitos acreditam que só a preparação formal seja suficiente para fazerem o que bem entendem. Isso não é verdade no mundo. Muito menos na obra de Deus. A preparação pode vir através dos livros e dos homens, mas a autoridade é algo que se conquista ou que se recebe por outorga de quem a detém. No caso do trabalho cristão, essa autoridade só pode ser concedida por Deus. Senhor de todas as coisas.

(Continua amanhã)

Publicado originalmente em formato reduzido no boletim da Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo em Dezembro de 2008

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

De quem mesmo é a festa?

A minha casa será chamada casa de oração… Mateus 21:13a


Na semana em que chegou à Jerusalém e que seria a sua última semana antes da crucificação Jesus foi até a igreja – o templo de Jerusalém. Ao chegar lá encontrou um verdadeiro circo de vendedores, cambistas e marreteiros. Sua reação foi a mais lógica possível, expulsou de lá todos os que compravam, vendiam, derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos vendedores de pombas.

Na semana que antecede o Natal, olho para as ruas, para as casas , para as pessoas e parece que só enxergo as palavras : promoção….liquidação…..compre agora….Nas noites de Natal olho para as ruas , para as casas, para as pessoas e parece que só enxergo as expressões : coma…. beba…divirta-se...

Fico imaginando a chegada de Jesus em uma das casa onde supostamente o Seu aniversário está sendo comemorado. Provavelmente se irritaria tanto ou mais do que se irritou ao chegar ao templo. Pior, seria mal visto pelos participantes da festa e ainda correria o risco de alguém chamar a polícia para se livrar daquele “arruaceiro”.

Talvez seja por isso que o Natal acabe sendo uma data triste para muitas pessoas – porque elas esqueceram de convidar para a sua festa e para a sua vida a pessoa mais importante deste dia.

Eu desejo que o seu Natal seja muito feliz. Mas lembro que se Cristo não estiver presente ele vai ser só mais uma reunião de família ou de amigos que simplesmente vai acabar no dia seguinte com uma ressaca, uma indigestão ou uma frustração com os presentes do “papai noel”.

Eu desejo que não só seu Natal seja muito feliz , mas que sua vida toda o seja (e não só no ano novo, mas em todos os que vem pela frente ) , “porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu ; o governo está sobre os seus ombros ; e o seu nome será : Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” ( Isaías 9:6)

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Somos motivo de gratidão?

Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós... Fp 1:3


É comum na estrutura das cartas escritas por Paulo um momento de ação de graças logo depois da sua apresentação e saudação. Isso só não ocorre na carta aos Gálatas (ele devia estar tão bravo com as besteiras que aconteciam por lá que, ao invés de ação de graças, vai direto para a bronca : passaram tão rápido do seu primeiro amor...), mas esse é um tema para escrever outra hora.

Quando escreve à igreja de Filipos Paulo se derrete em elogios. Quando isso acontece é bom prestarmos atenção para ver se a nossa igreja segue esse mesmo modelo.Como qualquer igreja, a dos filipenses não era perfeita - encontramos várias correções doutrinárias e recomendações na carta - mas era lembrada com alegria pelo apóstolo.

Existem vários motivos para agradecer a Deus pela vida dessa igreja, mas um deles é destacado : a comunhão de todos os crentes em Cristo. O que era essa comunhão tão modelar ?

a) É uma comunhão de graça. Não é algo natural ou social. Muito mais do que amizades ou encontros de amigos de clube, é algo que não existiria e que, na verdade, nem mereceríamos. É uma comunhão gerada soberana e espiritualmente por Deus, desde a eternidade, que leva cada um dos crentes a ser atraído por uma grande imã que é Jesus Cristo. Comunhão de pessoas que foram chamadas, redimidas, justificadas e santificadas gratuitamente. Ninguém pode ter essa comunhão senão a comunidade dos salvos.

b) Consequentemente, é uma comunhão de . Essa recebida pela graça e que nos faz crer em um só caminho para a salvação. Um fé que comemora a morte e ressurreição de Cristo e espera a Sua volta em glória.

c) É uma comunhão de oração e de ação de graças, expressões práticas dessa fé e dessa alegria. Oram uns pelos outros e agradecem por tudo ao único Senhor de todas as coisas.

d) É uma comunhão de uns com os outros em amor mútuo. Igreja em que os irmãos não amam sinceramente uns aos outros não tem essa comunhão mútua. Se não tem a comunhão entre os irmãos (a quem vemos), certamente é porque não há comunhão com Deus (que não vemos).

e) É uma comunhão de ajuda mútua, que socorre a necessidade de todos. Ninguém deixa alguém que ama passar por dificuldades. É a manifestação concreta do amor mútuo. Paulo conheceu de fato a manifestação dessa ajuda. Os membros da igreja de Filipos ajudavam uns aos outros que estavam próximos e também os missionários em terras distantes.

f) É uma comunhão que trabalha pelo progresso do evangelho. É uma cooperação ativa e constante a irmãos que estão trabalhando na obra de Deus.

g) É uma comunhão da separação. Por mais que essas palavras pareçam contrastantes, a koinonia é uma comunhão que vive em contraste com o mundo. Não se adapta às circunstâncias terrenas, não adota as práticas, os propósitos, os objetivos e as palavras daqueles que se perdem. A luz não se mistura com as trevas.

h) Por fim, é uma comunhão de luta. Numa igreja que vive em comunhão, os crentes lutam juntos contra o inimigo comum que é o pecado.

Nem sempre temos a coragem de passar a nossa igreja pelo crivo dessas qualidades da comunhão, provavelmente porque já sabemos que falharemos em um ou mais pontos. Mas precisamos fazer isso constantemente.

Senão corremos o risco de achar que comunhão é só participar da ceia ou encontrar rapidamente as pessoas no domingo.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Cartas às missões estrangeiras em Nova Iorque


Há cerca de um mês atrás recebi do meu primo Alberto Carlos César Ribeiro uma jóia preciosa da história da Igreja Presbiteriana do Brasil, a tradução das cartas que os primeiros missionários americanos no Brasil enviaram para a sua junta de missões em Nova Iorque a partir de microfilmes dos textos originais manuscritos, trazidos dos Estados Unidos por volta de 1990.

Ele tentou, sem sucesso, publicá-las através dos canais que tinha contato e constatou que, talvez, o tema não seja de muito interesse, o que me surpreende, uma vez que estamos à vésperas dos 150 anos do presbiterianismo no Brasil.

Como o texto era muito longo para ser publicado aqui, resolvi publicá-lo junto no meu site.


Deixo a sugestão do próprio Alberto : "aos que tem curiosidade orientada aliada a paciência literária. Espero que aproveite e que tudo isso seja útil de algum modo ao plano de Deus nesta nossa era."

O arquivo (em formato PDF) pode ser baixado no link



Imagem : Rev Alexander Latimer Blackford

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Memórias do cárcere

E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram têm antes contribuído para o progresso do evangelho... Filipenses 1:12


Paulo, quando escreveu à igreja de Filipos, estava naquilo muitos chamam de "fim de carreira". Já estava velho, cada dia mais abandonado pelos homens e, ainda por cima, estava preso, esperando um julgamento que sabia que não iria vencer.

Qualquer pessoa nessa situação daria sinais de cansaço, mostraria sua revolta contra os homens e contra Deus e destilaria pessimismo. No entanto, a carta aos Filipenses é chamada por muitos comentaristas bíblicos como a carta da alegria.

Ao contrário do que se podia esperar, a prisão representava apenas mais uma oportunidade de pregação. De um lado porque o apóstolo pregava aos guardas que o mantinham em cadeias. De outro porque estimulava outras pessoas a pregar (se até preso esse sujeito prega, porque eu não?)

É verdade que ele reconhece que muitos pregavam por outros interesses. Alguns para ganhar dinheiro. Outros para conquistar prestígio. Muitos para terem seus próprios partidos eclesiásticos. Situações muito diferentes das que vivenciamos hoje no mundo evangélico...ou não ?

Esse, aliás, poderia ser mais um motivo para Paulo se amargurar. Costuma ser um motivo que faz com que muitos (que se dizem) crentes de hoje se amargurem e desdenhem a religião, as igrejas e os pastores de uma forma generalista e desonesta.

E mais uma vez, Paulo, ao invés de imprecar contra os pseudo-pregadores, nos dá uma lição de vida cristã. O que importa é que Cristo está sendo pregado. Isso era o que realmente fazia sentido. Ele sabia que o destino dos pregadores picaretas estava nas mãos de Deus e não nas dele. Muito pior somos nós quando ficamos resmungando dos que pregam erradamente e ficamos calados.

Nós que não estamos presos. Nós que declaramos ser portadores da verdadeira mensagem e a guardamos nas gavetas junto com aquela Bíblia que nunca lemos. Nós os cristãos do culto de domingo - alguns nem isso, pois também resmungam que a música da igreja é muito quadrada, ou muito redonda, ou que não gostam do sermão...

Nós precisamos pregar, primeiro porque é uma ordem de Deus : Ide por todo mundo e PREGAI...a toda criatura. Não conheço na história do povo de Deus alguém que tenha se dado bem desobedecendo.

Também precisamos pregar porque o mundo precisa da mensagem de salvação. Um mundo que anda cada dia pior e, apesar disso, continua confiando mais nas ideologias políticas, filosóficas e científicas do que em Deus.

Mas, não menos importante, precisamos pregar porque a igreja precisa disso. Quanto mais prega, mais a igreja cresce espiritualmente. Seja porque se prepara melhor para levar a mensagem, seja porque a pregação fortalece a fé dos crentes.

Nós que somos livres, vamos continuar encarcerando o evangelho ?

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Ao trabalho...

Muitas pessoas já passaram pela experiência de procurar um emprego. Processo de seleção (preencher uma ficha cheia de dados, ou entregar um currículo com os mesmos dados)

Objetivo : mostrar que estamos preparados para preencher a vaga – mostrar que não existe ninguém tão bom quanto nós !

Com exceção dos pessimistas nós sempre acreditamos que
a) Merecemos um trabalho melhor
b) Merecemos um salário maior
c) O nosso potencial está sub aproveitado

Mas quando se trata de trabalhar para Deus....não mais que de repente

a) Nem pensamos em disputar a vaga : geralmente se há eleição para alguma sociedade interna nós só nos esforçamos para nos livrarmos da candidatura
b) Sempre achamos que qualquer outra pessoa é melhor que nós (Moisés : ah Deus , manda qualquer um menos eu....)
c) Nunca achamos que estamos “preparados” para fazer aquilo para que somos chamados

Um processo de seleção de Deus : Juízes 7:1-7,12, 22-25

A história dos 300 de Gideão talvez seja uma das mais populares da nossa Escola Dominical (pelo menos no departamento infantil)

Não se trata de vocação ou de eleição (a história se passa no meio do povo escolhido – note bem, não está se referindo aos gentios – é com você mesmo !). É seleção para o trabalho cristão

O contexto :

i. Depois das batalhas de conquista Israel passa por períodos de paz e de guerra com os vizinhos. Nos momentos de crise, Deus convoca líderes (juízes) para libertar o Seu povo.
ii. Midianitas – vizinhos a oeste, tinham uma moderna arma de guerra (camelos) e atacavam anualmente na época da colheita (como gafanhotos).
iii. Gideão – tribo de Manassés – “homem valente” (irônico – debulhava escondido), como Moisés luta bravamente....contra o seu chamado. Teve medo de chamar a tribo mais forte.

Leitura clássica do texto (o comportamento dos homens)

De 32 mil sobram 300...

a) Tímidos e medrosos – 22 mil

Pessoas que hesitam – Não se oferecem voluntariamente (só vão porque não tem como escapar) – Tem medo de serem mal vistos. Às vezes, nem tem muita certeza se fazem parte do povo de Deus. Na primeira chance escapam. Sempre tem boas desculpas. Não confiam nem em si próprios nem em Deus

b) Distraídos e dispersos – 9,7 mil

Tem a cabeça e o coração divididos. Fogo de palha. Na hora da sede só olham para si próprios (auto suficientes) Sempre começam no exército, mas se distraem no meio do caminho. Acham bonito trabalhar (ter o título ou o poder), mas a falta de convicção ou retorno pessoal os afasta do trabalho.

c) Soldados de Deus - 300

Não são os mais fortes, experientes, nem os heróis. Tem a certeza que a sua capacidade vem de Deus ( sabem de quem é a vitória). Não desistem, mesmo quando enfrentam dificuldades ou são abandonados pelos demais. Sempre alertas. O trabalho é mais importante que eles mesmos. Não querem ser exaltados (Gideão recusa ser rei : “Deus dominará sobre vós”). Nunca abandoam o trabalho (e não vão até o fim, porque o trabalho cristão não tem fim)

A escolha de Deus

a) Poucos são escolhidos

Os que são escolhidos, são escolhidos para trabalhar
Deus não está preocupado com quantidade
Deus não escolhe os valentes ou mais forte (Gideão era um medroso)
Os que Deus escolhem sabem que não têm mérito nenhum nessa escolha

b) Ninguém está preparado para o trabalho cristão

Mas se você foge do trabalho cristão é porque não confia naquele que te chamou
Se o seu coração está dividido....não se pode servir a dois senhores
Se você se acha competente, e Deus não te chama...reveja sua relação com Deus. Sua auto suficiência está te excluindo do processo de seleção

c) Deus não precisa de nós

Não se iluda achando que a Igreja precisa do seu trabalho (“ se eles se calarem, as próprias pedras clamarão”)
Nós é que precisamos de Deus. Nós é que precisamos trabalhar.
Não somos abençoados porque trabalhamos (não espere recompensa) mas porque fomos escolhidos para trabalhar – o trabalho cristão em si mesmo é a benção.

Conclusão

Se você está dentro da Igreja, mas não está entre os soldados – reveja a sua vida e a sua relação com Deus

Se você está entre os soldados – faça o seu trabalho como a tarefa mais importante que você tem, sob pena de ser dispensado antes da batalha mais séria.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Miquéias - um estudo bíblico

Antes de mais nada, pegue a sua Bíblia e procure o livro de Miquéias(é logo depois de Jonas) e leia-o todo. É um exercício indolor e são apenas 7 capítulos.

Depois volte aqui e releia acompanhando as observações sobre o livro :


Ele te declarou, ó homem o que é bom; e que é que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça e ames a misericórdia e andes humildemente com o teu Deus ? (Mq 6:8)


1. Introdução

• Miká(ya) – quem é Yahweh ? Quem é como Yahweh ?
• Moresete Gate (possessão/herança) – 32km SE de Jerusalém (Judá)
• Período: de 739 (Jotão) a 687 a.C (fim do reino de Ezequias)
• Contemporâneo de Isaías (Mq 4:1-5 = Is 2:2-4), não confundir com I Rs 22:8
• Jotão =reto => Acaz= ruim => Ezequias = reforma religiosa

Divisão para Estudo

a) 1-2 OUVI – Denúncia do pecado
b) 3-5 OUVI – Anúncio do juízo
c) 6-7 OUVI – Julgamento e Promessa de bençãos

Tema : Com Deus não se brinca

2. Primeira profecia – Ouvi todos os povos !

• Destruição de Samaria é um alerta para Judá
• Tristeza do profeta...o castigo está chegando em Judá
• Aczibe=mentira : leito de rio seco que engana o viajante (Jr 15:18)
• Fazê-te calva : chamada ao arrependimento

Pecadores ilustres : nobres (cobiça e roubo material) e profetas mentirosos e ladrões : o castigo se estende a quem os segue.

Um restante será salvo !

3. Os líderes culpados – Ouvi cabeças de Jacó !

• Governantes, profetas e demais lideres
• Juízes deveriam conhecer o juízo (Rm 2:1)
• Deus se esconderá deles
• A conivência com o pecado : paz e guerra conforme seus estômagos
• Todos se vendiam – Nm 18:20 – Qual é o seu preço ?

4. O chamamento dos gentios

• Restauração e benção sobre Sião
• Últimos dias : reino do Messias – Reino de paz
• Restauração do rebanho disperso ( Am 5:15)
• Antes, a Babilônia : cativeiro, mas também livramento
• Cerco das nações que contribuíram para a dispersão (Jl 3)

5. A vinda do Messias

• Belém Efrata : casa do pão/frutífera (Gn 35:19-21, Rt 1:1-2 e 4:11)
• Tão pequena que nem consta das listas oficiais Js 13 e Ne 1
• Será a nossa paz : contra os inimigos, poder para vencer e acabará com as armas de guerra e idolatria.

6. Controvérsia com Israel

• Os montes e outeiros como testemunhas – Is 1:2 , Jr 2:12
• Cansados de Deus ? (Is 43:22-28)
• O sentido da verdadeira adoração é qualidade e não quantidade (I Sm 15:22; Is 1:10-20; Os 6:6; Am 4:5, 5:15,22-24)
• Relembrando o rol de pecados : castigo é inevitável
• Corrupção total , mas alguns são piores pois deveriam ser exemplos
• A base da sociedade não é o lar...é o temor de Deus !

7. Arrependimento e restauração

Compreensão do castigo
Quem é o teu Deus ?
Quem é semelhante a ti (Ex 15:11)
Voltará a ser pastor do rebanho que Ele escolher.

8. Aplicação para nós como crentes

a) Conceito messiânico : livro essencialmente messiânico uma vez que se concentra o tempo todo no pacto de Deus com o seu povo
• Agente
• Testemunhas
• Senhor
• Maldição e violação
• Bençãos
• Restauração

b) Plano de Deus : à medida que é um livro sobre o pacto, é sobre a nossa relação com Deus. Além disso enfatiza os mandatos cultural, social e espiritual

c) Conceito escatológico : profecia sobre o final dos tempos : cuidado com a leitura dispensacionalista (pré-milenista)

d) Nós somos o povo de Judá
i. Escolhidos para ser povo do pacto
ii. Muitas vezes seduzidos pelas profecias agradáveis e pelas leituras literais
iii. Também precisamos compreender os momentos de castigo e de restauração
iv. Não podemos nos furtar aos mandatos que Deus nos entregou

Bibliografia :

Bíblia de Estudos de Genebra . Editora Cultura Cristã. 1999
Bíblia Sagrada. Edição Revista e Atualizada do Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil. 1969
FEINBERG, Charles L - Os profetas menores. Editora Vida. 1988
PEARLMAN, Myer. Através da Bíblia livro por livro. Editora Vida. 1977
PFEIFFER Charles.F. & HARRISON, Everett.F. – Comentário Bíblico Moody Vol 3. Imprensa Batista Regular. 1990
REVISTA EXPRESSÃO. História da Redenção parte 3. Editora Cultura Cristã.
RIBEIRO, Américo J. – Iniciação Doutrinária . Luz para o caminho. 1981
van GRONINGEN, Gerard – Revelação Messiânica no Velho Testamento. Luz para o Caminho. 1995
van GRONINGEN, Gerard – Criação e Consumação. Editora Cultura Cristã. 2002
WALTON, John H. Chronological and background charts of the Old Testament. Academie Books. 1978

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Servos ou escravos ?

Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo... Fp 1:1

Paulo chamava a si mesmo de servo, tanto no livro de Filipenses, como em muitos outros.

A palavra grega original, é doulos. Alguns preferem que essa palavra seja traduzida por escravo. Pode-se argumentar a favor dessa tradução, mas a relação é muito mais profunda que a que havia entre senhores e escravos do mundo.

Paulo e Timóteo haviam sido comprados por um preço, tornando-se propriedade do seu Senhor, a quem pertenciam totalmente e a quem deviam toda a lealdade. Mas seria muito simplista pensar no termo escravo sem também lhe atribuir os seus aspectos negativos.

Paulo usa sempre o doulos em um sentido espiritual. É alguém que serve ao Senhor com alegria de coração, com espírito renovado e em perfeita liberdade (Rm 6:18), recebendo do Pai uma gloriosa recompensa. O amor e a boa vontade com Deus e com os homens enchem o coração desse servo.

Escravo, por outro lado, também traz o sentido de alguém que é forçado a trabalhar, está sujeito pela força e é objeto de maus tratos. O que torna o uso do termo escravo sem sentido para representar a relação entre Deus e seus santos. O termo servo é realmente mais adequado.

Algumas pessoas que se dizem crentes agem como se fossem escravos e não servos. Acham que Deus lhes impõe uma vida de trabalhos forçados e de tristezas.

Nós somos servos que trabalhamos para o Senhor de coração, pois sabemos que foram redimidos, pelo Seu sangue, da escravidão do pecado (essa sim, forçada e cheia de muas tratos).

Pertencemos, com alegria, ao Senhor soberano das nossas vidas e dos nossos destinos.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Criação sem fábulas

Como te roguei, quando partia para a Macedônia, que ficasse em Éfeso, para advertires a alguns que não ensinassem doutrina diversa, nem se preocupassem com fábulas ou genealogias intermináveis, pois que produzem antes discussões que edificação para com Deus, que se funda na fé... 1 Tm 1: 3-4

Muitas vezes tenho a impressão de que estou vivendo no final dos tempos apostólicos e que meu pastor atende pelo nome de Paulo de Tarso. Minha impressão é reforçada por comentários como o de um sobrinho meu que outro dia reclamava que fazia muito tempo que não ouvia uma pregação sobre a salvação.

Uma das fábulas mais recorrentes no mundo evangélico é a da discussão sobre a Criação. Os crentes parecem ter um problema sério com isso, acreditam que precisam se justificar com os de fora da Igreja, de uma forma que beira a humilhação e a vergonha.

Para se sentirem incluídos no mundo, sem renegar aquilo que dizem crer, procuram fórmulas fabulosas que harmonizem as escrituras com a ciência. Não poucas vezes procuram adaptar a Bíblia para satisfazer essa necessidade de contextualização. Esquecem que a palavra de Deus é loucura para os que se perdem. Não aceitam que nós não somos desse mundo, aqui estamos apenas como peregrinos.

Que diferença faz para a sua fé, se o dia de Deus tem 24 horas, 25 bilhões de anos ou 10 segundos ? Seu "deus" é mais ou menos soberano dependendo da forma como criou as coisas ?

O que as escrituras nos revelam, ou seja, tudo aquilo que é necessário para nossa relação com Deus é o seguinte :

A criação é um ato do Deus triúno : quem criou foi Deus. Jesus Cristo e o Espírito Santo não são meros coadjuvantes, mas co-autores, como não poderiam deixar de ser num Ser que é uno e trino.

A criação é um ato livre de Deus. Ele não precisava, nem foi obrigado por nenhum fator externo a Ele a criar alguma coisa. A criação não é uma emanação de Deus, isso seria uma incontinência criativa. Nada acontece que não seja por Sua vontade.

A criação é um ato atemporal e fora do espaço. Tempo e espaço são resultados da criação não provocadores dela.

Deus criou as coisas a partir do nada (ex-nihilo) : essa deve ser a parte mais incompreensível aos que não crêem, mas perfeitamente compreensível para aqueles que se fundam na fé. A idéia de que a matéria é eterna e que Deus foi apenas um moldador da mesma não faz sentido nem do ponto de vista filosófico que não aceita esse conceito dualista de dois eternos.

A criação tem existência distinta de Deus. A criação não é um pedacinho de Deus, como se ele tivesse extirpado um pedaço da sua matéria (que não existe, uma vez que Deus é espírito). O que não significa que a criação não dependa da providência divina para a sua subsistência. Colocar o universo criado como sendo o próprio Deus é apenas uma forma de negá-Lo.

Por fim, toda a criação foi feita para a Glória de Deus. Ainda que os humanistas não gostem do fato, o mundo não existe para a felicidade do homem. O homem existe porque Deus quis, e não o contrário. A criação é, ao mesmo tempo, a manifestação da glória de Deus e existente para o louvor dessa glória. Se por causa dessa constatação você acha que Deus é um egoísta, é porque ainda não provou do maravilhoso amor que tem por nós (e que também é manifestação da Sua glória e para a Sua glória).

Querer ir além disso, do ponto de vista religioso, é tentar acrescentar coisa ou modificar a Bíblia. Que a ciência seja ciência e, como toda atividade humana, efêmera e finita.

Que as fábulas e genealogias intermináveis continuem suas discussões.

Nós nos firmamos na Fé.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Guerra "santa" de spams

Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós. (Mateus 5:12-13)

Tenho recebido muitas mensagens de pânico a respeito de leis que tramitam em várias esferas legislativas. Geralmente as mensagens trazem títulos bombásticos : "Querem acabar com a Igreja", "Leis que acabam com a liberdade religiosa", "Lei que tramitam contra a Igreja de Deus". Não são nada diferentes das mensagens de spam que distribuem lendas virtuais (mais uma vez, gente que se acha crente tomando a forma do mundo... quando não deveriam se conformar com esse século)

Junto com uma delas recebi uma resposta enviada pelo amigo, psicólogo e cristão dos mais sérios Ageu Heringer Lisboa. O texto é, ao mesmo tempo, ponderado e incisivo. O que me levou a refletir sobre o tema. O texto abaixo traz essa reflexão, em alguns momentos, com os argumentos do Ageu (em itálico)

Eu não lembro nunca de ter lido na Bíblia que a vida terrena dos cristão seria um mar de rosas. Também não encontrei nenhum texto afirmando que teríamos carta branca para fazermos o que bem quiséssemos. Nem que deveríamos esperar benesses dos poderosos de plantão.

Mas encontrei avisos de dores, de sofrimento, de perseguição. Encontrei exemplos de pessoas que foram apedrejadas, açoitadas, mortas. Pessoas que deram suas vidas pela sua fé. Que não cederam em seus princípios religiosos.

Algumas dessas pessoas foram protegidas por Deus em determinados momentos, em outros casos, o plano de Deus era diferente. Daniel foi salvo da cova dos leões, mas muitos crentes foram devorados por leões nas arenas romanas. Ananias, Misael e Azarias foram salvos da fornalha - não poucos foram queimados nas fogueiras da inquisição. Paulo, mais de uma vez foi salvo da morte, o que não impediu de ser açoitado, apedrejado e passar longas temporadas na cadeia.

Muitos dos que se dizem crentes estão dispostos a qualquer coisa, desde que sejam bem remunerados pelo Criador. Sofrer por Cristo, nem pensar.

O mais grave é que, muito menos do que sofrer física e materialmente, muitos acreditam que estão acima da lei. E não estou falando de leis que afrontam as escrituras, mas de muitas que apenas limitam abusos cometidos... pelas igrejas.

Por que essa insubordinação contra a lei do silêncio ? O louvor a Deus tem o direito de incomodar os vizinhos ? "Ou não devemos ser cidadãos respeitadores do bem comum? Não podemos ser invasivos aos outros. Pregação em rua, deve obedecer a certos parâmetros legais sim, senão fica uma balbúrdia. Do mesmo modo que dirigir automóvel, quando a liberdade de cada um é condicionada ao direito dos demais, e à segurança de pedestres, etc."

Será que precisamos de passeatas que tumultuem a cidade ? Ah...mas a parada é permitida... Quer dizer que queremos ser iguais a eles ? Será que precisamos de demonstrações de força para mostrarmos que somos mais numerosos ? Se somos ou não mais numerosos, que diferença isso faz para Deus ?

Por que esse medo de leis que imponham auditorias fiscais nas igrejas ? Será que temos algo a esconder ? Se temos, isso não é um sinal de que não somos tão cristãos como arrotamos ser ?

Ou será que chamamos de corruptos aqueles que são do mundo e praticam as mesmas coisas, mas por trás de rótulos pseudo eclesiais pode-se burlar a lei ? (de novo, leis que nada contradizem as escrituras). O jatinho ou a fazenda daqueles que se dizem ministros do evangelho passaram por algum processo de purificação em relação à forma como foram obtidas ?

Quando combatemos algumas leis que liberam práticas que consideramos perversas, será que não é porque deixamos de combater o pecado e nos focamos apenas em perseguir os pecadores ? Será que esses não "ganham espaços na medida em que evangélicos estão fragmentados e falando bobagens na televisão, histéricos. Temos de mostrar uma conduta ética superior à média, respeitando os diferentes, mostrando amor firme para com todos, apresentando na prática, as possibilidades de uma vida e de um mundo melhor com Cristo."

Não poderemos falar mal de outras crenças ? Ah... isso que dizer que queremos liberdade religiosa, desde que seja só para nós...

Ah...mas tem uma lei que pode amordaçar a nossa pregação. E desde quando precisamos ter autorização para pregar ? Quando, no passado e mesmo no presente em muitos países, a palavra de Deus precisou de liberação legal ? Se não falarmos, as próprias pedras clamarão. Vamos se perseguidos ? Ótimo, bem aventurados seremos, alegrai-vos e exultai.

Termino com mais um trecho do Ageu, um sincero desafio :

"Por que lideranças de denominações e entidades missionárias não se reunem para estudar os desafios, fazer autocrítica, propor alternativas moralizadoras e éticas, convocar a um estilo de santidade pessoal e pública, dando exemplo a todos? Será que conseguimos reunir liderança de 20 grandes denominações? Eles se respeitam ou estão em disputa de fatias do mercado religioso? E na administração dos bens das igrejas, será que mantém-se contabilidade honesta?

Que tal começarmos a voltar para as Escrituras, meditando em sua inteireza, em todos os livros, nos submetendo ao Senhor Jesus. Constrangidos e dispostos a pensar e colaborar para um saneamento e edificação do Corpo e da cidadania."

Que Deus tenha misericórdia de nós.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Se Deus quiser

O coração do homem propõe o seu caminho; mas o Senhor lhe dirige os passos. Pv 16:9


Conheço pessoas que acham que planejamento é uma atividade anti-cristã, escolhem um versículo isolado da Bíblia (como soem fazer aqueles que pouco a conhecem) e inventam uma predestinação do cotidiano que não tem nenhuma base nas escrituras.

Planejar é projetar uma ação para o futuro e pensar quais os recursos e medidas que permitam que ela se concretize. A idéia por trás do planejamento é a de tornar as coisas mais fáceis (não é a toa que tem a mesma origem da palavra plano : liso, sem dificuldades)

A Bíblia nos ensina a fazer planos. Leia Provérbios 16:1-9 e você vai começar a ter a orientação para isso. Isso inclui sermos organizados, colocar nossas idéias nas mãos de Deus e entender a vontade d´Ele para as nossas vidas. Quando nos colocamos nas mãos de Deus, os planos deixam de ser nossos e passam a ser d´Ele.

O que não podemos fazer é deixar a nossa arrogância assumir o comando, quando isso acontece, qualquer plano nosso será uma abominação aos olhos de Deus (mesmo aqueles que parecem ser tão piedosos). Pensar que podemos fazer planos independentes de Deus é apenas mostrar o quanto nos afastamos d´Ele. Quando estamos por perto Ele nos dirige o tempo todo (Is 30:21), quando não, ele recusa até aquilo que chamamos de culto.

Não esqueça, plano é apenas meio para se alcançar objetivo, mais importante que a forma é o nosso alvo.

Nossos planos são instrumentos de Deus para realizar os seus planos. Nosso sucesso depende realizarmos a Sua vontade.

Recusar-se a ouvir a voz de Deus, desconhecer a Sua palavra e não praticar o que pregamos são as formas mais comuns de irmos de encontro à vontade do criador. Quando desafiamos a Sua soberania certamente nada vai dar certo.

Fica aqui uma piada antiga, mas muito real

Um homem tinha por hábito afirmar que faria o que bem quisesse, quando bem quisesse, sem a ajuda de Deus.


Sua esposa vivia lhe dizendo: - Olha, você precisa acreditar que Deus existe. Que ele é a força suprema que rege o universo. E dizer sempre "Se Deus quiser", quando pensar em realizar algum feito.


Ele respondia:- Eu não acredito nisso. Faço tudo como quero. Comigo não tem essa história de "Se Deus quiser" não. É de acordo com a minha vontade.


E continuou sua vida, teimoso como sempre, fazendo tudo o que queria, sem nunca dizer "Se Deus quiser".


Só que, um dia, Deus, que sabe tudo o que acontece no universo resolveu: "Nada melhor que um castigo para refrescar a mente desse homem, para tirar a teimosia dele".


Pensando assim, Deus decidiu transformá-lo em sapo, para que ficasse dez anos na lagoa não muito distante dali, coaxando o tempo todo.


Assim fez Deus.O homem, ou melhor, o sapo coaxava dia e noite na lagoa: "Croc croc croc..."

Passados os dez anos ele voltou. A esposa o recebeu dignamente.


Em minutos tomou ciência das novidades. Disse para a mulher:- Gostei desse troço de TV de plasma. Amanhã vou à loja comprar uma para nós.


- Se Deus quiser, homem! Se Deus quiser. Lembra do que já aconteceu com você.

Ele retrucou:- Ora! Se Deus quiser... se Deus não quiser senão a lagoa tá logo ali!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

As mandrágoras de Lia

"Hás de estar comigo, porque certamente te aluguei pelas mandrágoras de meu filho. E com ela deitou-se Jacó aquela noite." Gênesis 30:16


As mandrágoras exalam perfume, e às nossas portas há toda sorte de excelentes frutos, novos e velhos; eu os guardei para ti, ó meu amado. Cantares 7:13

Poucas plantas foram tão capazes quanto esta de excitar a imaginação e até mesmo o inconsciente dos homens. Durante vários milênios e até numa época recente, a mandrágora foi considerada a planta sagrada por excelência.

Os assírios a empregavam como soporífero e analgésico, talvez até se servissem dela como anestésico — o que fez, bem mais tarde, o ilustre Dioscoride, cirurgião militar grego no exército de Nero, que utilizava a mandrágora durante suas intervenções cirúrgicas. E sob esse aspecto que, a partir do século V a.C., é apresentada pelo grande Hipócrates que, ao estudar cuidadosamente seus efeitos, especificou que, em pequenas doses, a mandrágora combatia efetivamente a angústia e a depressão.

Tomada em quantidade maior, ela provoca estranhas impressões sensoriais, próximas à alucinação. Em doses ainda mais elevadas, a mandrágora exerce uma ação sedativa, depois sonifera e finalmente leva a um sono profundo, acompanhado de uma completa insensibilidade. Em resumo, a mandrágora seria provavelmente o mais antigo dos nossos anestésicos. Mas foi também um dos primeiros afrodisíacos conhecidos. Curiosamente é com esse renome e como apta a favorecer a concepção, que a mandrágora figura na Bíblia.

O fato é que Teofrasto, sábio e filósofo grego, relata as práticas no mínimo estranhas que deviam acompanhar a colheita da planta. Só podiam fazê-lo à noite. Primeiro o herborista se inclinava na direção do sol poente e homenageava as divindades infernais, isto é, as forças telúricas. Depois, com uma espada de ferro que nunca servira, ele traçava três círculos mágicos em volta do pé da mandrágora, ao mesmo tempo que virava o rosto para se preservar das emanações nocivas que poderiam fazer inchar o corpo se não se tomasse a precaução de protegê-lo com óleo. Em seguida era melhor não proceder pessoalmente à colheita, pois no momento em que era arrancada, a planta lançava um grito que matava ou enlouquecia aquele que o ouvisse. Por isso, depois de ter cuidadosamente tapado os ouvidos com cera, o herborista amarrava um cão à planta e lhe jogava um pedaço de carne um pouco além do seu alcance. O cão corria e caía morto. Mas a mandrágora estava arrancada.

Concorda-se que uma colheita tão perigosa merecia uma grande retribuição. Mas que importância tinha, já que a mandrágora reembolsava largamente seu comprador. Bastava fechá-la num cofre para que ela dobrasse o número de moedas que ele continha. Assim, desde essa época a mandrágora se tornara uma espécie de ludião ctoniano, de egrégora antropóide, como efetivamente o mostrava a estranha forma de sua raiz. Se a mandrágora, como muitas espécies de regiões com chuvas primaveris seguidas de uma longa seca estival, só deixa emergir do solo uma roseta de folhas muito grandes, sua touceira chega até 60cm de profundidade. Ela é marrom-escura por fora e branca por dentro e curiosamente bifurcada, evocando vagamente um tronco prolongado por coxas. Com um pouco de imaginação é possível encontrar nessa raiz, que os pitagóricos chamavam Anthropomorphon, uma silhueta humana, com uma cabeça um pouco acima do nível do solo e coroada por uma opulenta cabeleira, as folhas, principalmente, como às vezes acontece, se duas outras raízes adventícias se colocam no alto dos membros anteriores. E claro que as raízes mais procuradas e as mais caras eram as que lembravam melhor a forma humana, principalmente quando o sexo estava aparente, pois havia mandrágoras macho e mandrágoras fêmea. Diziam até que certos mágicos conseguiam “animar” essas raízes, isto é, fazer delas verdadeiros homúnculos.

Finalmente, a mandrágora se identificava com esses demônios que, nos contos e lendas, se submetem ao poder do homem, garantindo-lhe uma extraordinária prosperidade, mas que um dia precisa ser paga e na maioria das vezes com a salvação eterna. Na Idade Média, essa planta, cujo nome em grego significa simplesmente nociva aos estábulos, isto é, ao gado, chama-se em francês “mão de glória”, enquanto seu nome em alemão e em inglês arcaico a identificava a uma fada dos antigos germanos, Alruna. Garantia de prosperidade, assegurando ao seu proprietário o sucesso no amor e em todos os seus empreendimentos, a mandrágora, tornando-se talismã universal, era alvo de um proveitoso e misterioso comércio. Para lhe dar a aparência desejada, chegaram a cultiva-la em potes que serviam de fôrmas, a podar e até a esculpir sua raiz; por fim e principalmente, os charlatões a criaram inteiramente, utilizando para isso as raízes de briônia que eles talhavam, inserindo, nos lugares convenientes, grãos de cevada ou de painço que, depois de germinados, formavam tufos de pêlos. Esse comércio durou quase até nossos dias: na década de 30, era possível comprar essas mandrágoras nas lojas de departamentos de Berlim.

Na Idade Média, a fama da mandrágora vinha principalmente do fato de pertencer às plantas que entravam na composição dos filtros mágicos. Apesar do uso extravagante que fizeram dela, a mandrágora possui realmente propriedades singulares. Muito tóxica, ela é um anestésico tão poderoso que quem o experimenta aparenta estar morto; é provavelmente um afrodisíaco, mas certamente um produtor de visões, de alucinações e de delírios, podendo levar até à demência, como já notara Hipócrates.

Portanto, os poderes que lhe atribuíam se baseavam em observações reais, mas o que nos interessa aqui é a interpretação que o inconsciente coletivo deu a esses sintomas. Tudo leva a crer que outrora identificaram a mandrágora com os espíritos dos mortos. Para começar, seu antigo nome em latim, Au-opa, depois dado à beladona, de propriedades comparáveis. A mandrágora é encontrada enterrada e desenterrá-la constituía uma espécie de sacrilégio, imediatamente punido de morte; em outras palavras, só se podia reanimar um morto em troca de uma outra vida. Se então serviam-se de um cão é que este, em todas as mitologias, está associado à morte, ao mundo subterrâneo, onde ele guia seu dono defunto. Uma crença muito espalhada durante toda a Idade Média vem aliás confirmar essa interpretação: a planta nasceria sob as forcas, do esperma dos enforcados. Essa tradição relaciona a mandrágora à “mão de glória” que não era outra que uma verdadeira mão de enforcado, submetida, durante uma cerimônia mágica, a uma espécie de mumificação. O poder da planta, que conjuga morte e sexualidade, residiria assim no fato que esse sêmen desperdiçado seria, em suma, recuperado em proveito do feliz proprietário da raiz. Além disso, é sabido que para o espírito arcaico, a concepção só acontecia depois da penetração, na matriz, da alma disponível de um morto, de um antepassado.

Como é encontrada na natureza? Primeira surpresa: não existe apenas uma mandrágora, mas duas. A mandrágora oficinal, ou seja, de uso médico (Mandragora officinalis), mandrágora fêmea, chamada assim abusivamente, pois ambas são igualmente hermafroditas, cresce na Europa meridional e abunda principalmente na Caláb ria e na Sicilia. Suas flores violáceas aparecem no outono enquanto que as da outra espécie são primaveris e de um branco esverdeado. A mandrágora primaveril (Mandragora vernalis) é considerada como macho e seu habitat é mais nórdico. A mandrágora macho difere também da fêmea por sua raiz mais espessa, esbranquiçada por fora como por dentro, pelo cheiro muito mais pronunciado, nauseabundo, obcecante, em suma, temível, que espalham suas folhas e suas flores; finalmente, seu fruto é muito maior, tendo a aparência de uma pequena maçã amarela e exalando um perfume doce e suave. São os frutos dessa espécie que os antigos egípcios acreditavam ser afrodisíacos, tradição retomada pelos árabes que os chamavam de “maçãs do diabo”, em razão dos sonhos excitantes que eles provocavam, mas também de “ovos dos gênios”.

Apesar dos botânicos nos garantirem que as propriedades das duas plantas são iguais, pode-se duvidar, pois os mágicos faziam a diferença entre a mandrágora macho e a mandrágora fêmea e utilizavam de preferência a primeira, enquanto a antiga medicina empregava a mandrágora fêmea. Portanto podemos nos indagar se um estudo comparado das duas espécies não poderia nos revelar segredos que, por prudência e medo, foram perdidos.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Mais reflexões breves

Atitudes na Casa de Deus – Eclesiastes 5:1

Vivemos em tempos em que as pessoas acreditam que suas opiniões e vontades estão acima de todas as coisas. Tempos em que o conforto e a satisfação pessoal se sobrepõe ao respeito pelo próximo e, pior, que desconsidera qualquer respeito a Deus. Essa é uma postura tanto de liberais, que acreditam no vale tudo, como dos conservadores que defendem o proibir tudo. Tanto uns como outros estão mais preocupados em satisfazer suas preferências do que agradar a Deus. Quando Deus exige respeito a quem adentra na casa de Deus não é de aparência pessoal que Ele está falando, mas de vida cristã. Ele quer crentes que sejam misericordiosos com os necessitados e que não se deixem corromper pelo mundo. Esses estão sempre prontos a ouvir a mensagem que o Pai tem para eles e não oferecem seu culto em vão.

Pedi e Recebereis – João 16:23-24

Muitas pessoas que se autodenominam pastores, profetas e apóstolos têm difundido uma doutrina herética de que os filhos de Deus têm o direito de exigir D´ELE tudo o que quiserem, especialmente bens materiais. Confundem chuva de bênçãos com chuva de dinheiro. Jesus nos garante que o Pai nos concederá tudo o que pedirmos em nome do Filho, nosso problema é que queremos que o Filho seja intermediário de desejos que contrariam a vontade do Pai. Nós não temos a coragem manipular pais e amigos para pedir coisas más para alguém, por quê então o fazemos com Jesus Cristo? Se parássemos para pensar um pouco melhor antes de pedir tais coisas, não cairíamos no erro apontado por Tiago: que pedimos mal, apenas para o nosso deleite.

Manifestando a Verdade – 2ªCoríntios 4:1-4

O empresário americano do século XIX, Andrew Carnegie, dizia que “ao envelhecer, parei de escutar o que as pessoas dizem. Agora só presto atenção no que elas fazem." Um simples constatação de que o testemunho é muito mais eloqüente que o discurso, algo que a Bíblia nos diz o tempo todo. As nossas más práticas podem até ficar ocultas dos homens, nunca de Deus e, mesmo quando não sabem exatamente o que acontece, os homens sabem distinguir aqueles que andam com Deus, dos que somente se dizem de Deus. A luz do evangelho e a glória de Cristo se manifestam nos nossos atos. Os que andam de outra forma, na verdade, não conhecem o Evangelho em suas vidas.

Escolhidos Pelo Senhor – João 15:16

Ah...Como é dolorido para o homem ter de reconhecer humildemente que ele nada pode fazer por sua própria salvação. Tão dolorido que há séculos muitos têm se dedicado a distorcer a mensagem revelada nas Escrituras de que fomos escolhidos por Deus. A graça que, para nós que somos salvos, é algo maravilhoso, para os que não crêem é uma oferta que envergonha aqueles que acreditam serem donos dos seus próprios narizes. Desde antes de criar qualquer coisa Deus já havia escolhido os seus. Não nos escolheu a partir dos méritos de cada um, no entanto nos escolheu com um objetivo claro: para darmos frutos. E frutos para a Glória de Deus.

Tesouro em Vasos de Barro – 2ªCoríntios 4: 6-10

Nós gostamos de enfeitar as nossas casas com objetos de valor. Cada um, de acordo com a sua condição econômica, tem os seus enfeites em lugares de destaque. Algumas vezes, os recipientes que usamos são mais bonitos e chamativos do que aquilo que colocamos dentro deles. Deus não age assim. Ele escolheu pessoas imperfeitas, pecadoras, carentes, ignorantes e esquecidas para Si. Pessoas carentes que precisam que o seu conteúdo seja mais importante que elas mesmas. Somos objetos de baixo valor contendo o bem mais valioso de todos: a luz do conhecimento da glória de Deus, o reflexo da pessoa de Cristo. Todos os que querem ter brilho próprio, acabam obscurecidos pela ausência de Deus nas suas vidas.

Servir de Modelo – 1ª Timóteo 1:16-17

Se formos escolhidos para dar frutos, apesar de imperfeitos. Se o nosso brilho só existe quando manifestamos o verdadeiro evangelho. Se somente somos algo quando Cristo está nos nossos corações. Como é que podemos achar que somos modelo da verdade e do que é bom? Nós que nada somos, só podemos agradecer a misericórdia de Deus que faz de nós testemunho da Sua verdade. Só podemos glorificar a Deus porque ele nos usa como instrumentos para que a sua mensagem chegue a outros que também foram escolhidos para crer. Só podemos dar frutos quando reconhecemos que é o poder de Deus que executa em nós tanto o querer como o realizar.

Ceifa e Ceifeiros – João 4:35-37

Um amigo que atua na mesma área que eu costuma dizer que no nosso negócio existem dois tipos de profissionais: os que são bons planejadores e os que são bons executores. Quem tenta ser ambos, não é bom em nenhuma das coisas. Deus, quando nos escolhe para dar frutos, também a cada um dá dons específicos. Alguns para semear, outros para cuidar e proteger os campos, outros para colher. De uma forma que nenhum de nós é mais importante que o outro, mas que todos possamos juntos nos alegrar pelo resultado do nosso trabalho. E glorificar a Deus, sem quem, qualquer esforço nosso seria absolutamente inútil.

Publicado originalmente no boletim da Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo em Setembro de 2008

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Dos mortos só se fala bem

Não queremos , porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais que não tem esperança.(I Ts 4:13)


Eu sempre me surpreendo com o dia de Finados. Pessoas acorrendo maciçamente aos cemitérios a ponto das autoridades do trânsito terem que montar esquemas especiais que facilitem o fluxo das pessoas e dos carros em torno deles. Floriculturas cheias e se enchendo de dinheiro, seja pela quantidade vendida, seja pelos preços que praticam nessa época. Mesmo quando o feriado facilita as viagens de turismo, o panorama não muda muito.

As perguntas são inevitáveis. O que essas pessoas esperam encontrar ? Será que acreditam que os seus queridos que já partiram estão ainda dentro do túmulo aguardando uma visita ? Será que estão apenas cumprindo um rito social ? Ou estão apenas desafogando o seu complexo de culpa por não terem dado a atenção necessária à pessoa quando ela estava viva e acham que visitando o seu túmulo estão compensando essa falta ?

Os crentes da Tessalônica também tiveram dúvidas a respeito do destino dos seus mortos e Paulo , ao escrever para eles, orienta-os para que não sejam ignorantes a respeito desse assunto. É a ignorância que faz com que culturas antigas reverenciem os mortos. Algumas delas justificadamente, pois nunca ouviram o plano de Deus e , portanto, não sabem que a alma daqueles que foram salvos já está com Deus, e a dos que não foram salvos já está eternamente afastada do criador.

Nós não podemos alegar essa ignorância. Sabemos o provável destino daqueles que partiram, os seus frutos , quando estavam vivos, demonstravam de qual lado eles estavam. Também não podemos reverenciar restos mortais corruptíveis, pois temos a certeza que os corpos dos que foram salvos ressuscitarão no último dia recebendo um novo corpo , incorruptível, com os quais passarão a vida eterna.

Nós podemos falar bem dos nossos mortos. Ou não. De qualquer forma é com essas palavras da Bíblia que devemos nos confortar, nunca da forma como se confortam aqueles que não tem esperança.

sábado, 20 de setembro de 2008

Por uma igreja séria e atuante

A igreja evangélica opta - consciente ou inconscientemente pelo caminho do Titanic. De nada serve limpar as cadeiras no convés.(Volney Faustini)


Volney Faustini, mais do que um excelente profissional que milita na mesma área que eu, é um amigo do coração e verdadeiro irmão. Inconformado com os rumos do movimento evangélico como um todo, escreveu uma lista do que ele percebe como os grandes problemas que enfrentamos dentro de casa (ou seja, dentro das nossas igrejas).

O texto é, obviamente uma visão generalista, raras e nobres exceções não são avistadas a olho nu, mas existem.

No texto, ele pede a colaboração de todos na construção de um texto coletivo que possa levar a alguma ação efetiva. Abaixo segue a minha reescrita, assim como o original, serve como referência, reflexão e aceita sugestões e acréscimos.

1. Crescente Infantilização Teológica

Nossas igrejas temem o estudo teológico sério. Partem do princípio que os crentes, leigos, não serão capazes de compreender temas mais complexos, o que, por si só é negar a capacidade de Deus de se revelar a seu povo. Nossa produção é pífia e fraca. Na grande maioria das vezes não há discussão (no sentido acadêmico e nobre). Os centros de estudo se fecham em posições cada vez mais extremadas.

Qualquer voz discordante é abatida no nascedouro, sem piedade. Antagonizar para tirar mérito e em seguida desclassificar. Traduzem-se diretamente livros textos que se canonizam via comando e controle com um marketing impositivo e arrogante. Parece que não há mais nada para aprender, desenvolver, contextualizar, analisar, contrapor, acrescentar ou diminuir (claro que não nos referimos a acrescentar ou diminuir a Bíblia, mas o estudo teológico sobre ela). Muito menos revolucionar.

Primeiro corolário : Rebanho Vazio e Superficial.

Na sua grande maioria o rebanho evangélico é massa de manobra e mercado de consumo de produtos pseudo-evangélicos. Apesar do grande volume de Bíblias e livros vendidos nos últimos anos, a leitura é disfuncional e superficial. A postura bereana é nula ("porque receberam a palavra com toda avidez, examinando diariamente as Escrituras para ver se estas coisas eram assim" At 17:11). A fraca herança educacional só contribui, e pouco se desafia no sentido da mudança. Interessa à liderança essa perspectiva sombria pois serve como cortina para que os jovens pastores se 'percam' com seus problemas micro.

Segundo corolário : Ausência de Inovação e Estrutura na Educação Teológica.

O postulante ao ministério e pastorado carece de opções. A concorrência entre ofertantes é mínima - há o que sobra, o resto. Pelo porte do Brasil, temos quantos bons centros de preparo teológico e pastoral? Somos quantos Estados da Federação? Temos quantas cidades representativas? Se tivéssemos um exame da OAB Teológico, qual seria o número de aprovados? O que fazer? Pior, muitas das igrejas que se dizem evangélicas, por princípio, ordenam ministros sem nenhuma formação teológica (afinal, para que estudar essas coisas complexas que não vão ser usadas no ida a dia?)

Terceiro corolário : Produção editorial ridícula

Com um mercado relativamente grande as editoras tem tido bons anos de resultados financeiros, sem no entanto se deter para preparar e lançar autores nacionais. Ou melhor, bons autores nacionais. O que temos visto e lido tem sido abaixo da crítica, quando não são reprodução de teses acadêmicas, são textos supostamente apologéticos que mais parecem auto-ajuda.. Deveríamos também reconhecer que nossa dependência em importar e traduzir obras estrangeiras é uma acomodação num modelo ultrapassado e que em nada vai auxiliar em prol da mudança. Que tal um esforço na descoberta e desenvolvimento de novos autores?

2. Esvaziamento da Liderança Nacional

Longe de regurgitar o choro dos órfãos de fulano ou beltrano, e muito menos apregoar um papismo à la gospel tropicalista. Mas refiro-me a nomes de expressão nacional que não se intimidem frente a um debate público de nível (sem artimanhas apelativas do tipo 'mas a Bíblia diz'). Público perante a população em geral, e público também para o interno - os evangélicos. Carecemos de nomes que aglutinem e que enobreçam a representatividade. Nomes que não firam a decência evangélica. Nomes que não tragam uma agenda repleta de politicagem (com cheiro de enriquecimento ilícito e sangue de inocente). Nomes que não nos remetam às suas agendas comerciais de produtos editoriais de quinta categoria. Nomes que sejam genuinamente brasileiros e sim - comprometidos com a transformação macro, ainda sob o risco de serem taxados de messianistas ou ortodoxos.

Primeiro corolário : Espetacularização do Ridículo transformado em Ícones da Juventude

A crescente busca por impacto em apresentações e aparições de certos nomes da fama, tem produzido uma estapafurdia caricatura do cristão. A demanda pelo novo (no sentido de moda, modismo, lançamento) tem criado espetáculo histriônicos numa mistura de pseudo espiritualidade e exageros emotivos e manipulativos. Isso tudo só serve aos imbecis. E os imbecís são servidos 'a eles', aos borbotões. A alavancagem midiática serve à comercialização e interesses empresariais. O ministério, para esses, não se encontra em nenhuma lista de prioridades. Sem engano.

Segundo corolário : Reedição da Dependência externa

Não sabemos o que é mais é triste (o que é pior) : receber o filho de Billy Graham como grande esperança ou manter certos "apóstolos" no status-quo. Por falta de mais alternativas. Rick Warren ou bossa nova na casa de espetáculos ? Programas 'top-down', transmissões via satélite (dubladas ou tradução simultânea)? Grandes nomes para grandes massas ou massas grandes para nomes grandes? Em pleno século XXI, repetimos os trejeitos de uma republiqueta de bananas. Em pleno avanço de país emergente e possivelmente uma das 5 grandes potências em 25 anos, somos, como povo evangélico imaturos, dependentes, bebês-chorões, mimados, fracos e covardes. Não há nem contra-argumentos, nem justificativas.

Terceiro corolário : Institucionalização do poder dentro da própria Instituição.

As agendas (ou a missão) das instituições foram substituidas pelo fim em si mesmo. Ao invés de serem meios para se alcançar o ideário cristão maior, se tornaram matriz da manutenção de poder. Pessoas no comando, mantém, reforçam e garantem o poder para se manter, reforçar e garantir o poder. Organismos que nos remetem ao feudalismo misturado com um capitalimo desenfreado - ora usando a máquina encastelada, ora a dependência econômica. Há exceções - mas façamos uma auto-crítica profunda e descobriremos que o buraco é mais embaixo.


3.Imobilidade

Convivemos no passado com gente que por idade (éramos mais jovens) ou ingenuidade, facilmente se entusiasmava para colocar ordem na casa. Era relativamente mais fácil de se juntar e tomar pelo menos uma atitude e assinávamos uma Declaração. Hoje nem atitude nos é servida nem sequer temos para oferecer. De imediato produziamos um Manifesto ou uma carta aberta. Hoje vejo muita gente infeliz, aflita e revoltosa, com seus corações muito afinados com a agenda do Reino de Deus, a grande Comissão, o testemunho pessoal íntegro e uma vida exemplar de santidade e compromisso. Mas estão isolados e desarvorados com o que nos desafia diante do atual estado das coisas.

Corolário absoluto : Ausência de movimentos de ruptura.

Acomodação, desânimo, distanciamento. Por essas e outras razões, é muito difícil esperar por um movimento de reflexão e de mudanças. Uma iniciativa que venha propor alternativas positivas, que auxilie os que realmente são sinceros e desejosos do progresso do Reino - sem demagogia e sem falsas promessas.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Palavras, palavras

A morte e a vida estão no poder da língua... Pv 18:21


Respondendo a Polônio, que lhe perguntava o que lia, Hamlet diz : "palavras, palavras, palavras... "

Ouvindo os nossos políticos na televisão ou algumas pessoas que sempre estão se justificando, tenho muitas vezes me lembro da frase do príncipe da Dinamarca.

Deus nos mostra dezenas de vezes na Bíblia o poder e a fraqueza, o bom e o mau uso das palavras. No decálogo entregue a Moisés, dois mandamento se referem ao uso das palavras, das sete abominações citadas por Salomão (Pv 6), três estão no falar, Cristo menciona várias vezes problemas com as palavras, Tiago dedica um capítulo inteiro da sua carta ao tema.

Palavras são penetrantes, podem ir fundo no coração do homem. Também tem alcance e se ramificam rapidamente.

Palavras, no entanto, não substituem atos, meras palavras levam à penúria (Pv 14:23). Também não alteram os fatos (contra os quais não há argumentos, já diz um dos nossos ditados populares). Além disso, não são nenhuma garantia de ação.

Palavras podem ser hipócritas (disfarçando o que realmente sentimos), falsas (só uma mentirinha), maledicentes (você viu o que o fulano fez?), inoportunas e torpes. Aliás, esse hábito têm se multiplicado entre os cristãos que acreditam que o uso comum de termos chulos os tornam aceitáveis. Esquecem que o testemunho também está no bem falar e que são exatamente eles que deveriam ser diferentes do resto do mundo.

Boas palavras também têm poder, penetração e alcance.

Boas palavras são honestas em qualquer situação, como beijo nos lábios (Pv 24:26).

Boas palavras são poucas, até o tolo quando se cala é sábio (Pv 17:28). Quanto menos falamos menos pecamos, no muito falar não falta transgressão (Pv 10:19)

Boas palavras são calmas. Escuta-se antes de julgar, esperam que os ânimos serenem, influenciam as pessoas e desviam o furor (Pv15:1)

Boas palavras são aptas. Estão sempre preparadas para responder adequadamente, para a edificação.

Tiago diz que quem domina a língua, é capaz de dominar todo o seu corpo.

Você se domina ou é dominado pelas suas palavras ?

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Dia de festa

Bem-aventurado o homem que suporta a provação; porque, depois de aprovado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam. Tiago 1:12

Tiago era um sujeito que sabia bem o que era passar por dificuldades. Presenciou o sacrifício de Cristo. Viu muitos dos seus pares serem presos e mortos. Vivia no centro da perseguição religiosa ao cristianismo. Passou fome junto com toda a igreja de Jerusalém.

Mesmo assim ele começa sua carta fazendo uma declaração de amor pelas provações. Não diz para as pessoas simplesmente tolerarem as dificuldades mas para se alegrarem. E muito. Momentos de provações deveriam ser motivo de festas. Ser perseguido pelos homens ou pelo Diabo, um privilégio.

Certamente Tiago não era um precursor do masoquismo. Era um homem que conhecia perfeitamente o objetivo de todas aquelas dores. Assim como a prata e o ouro precisavam passar pelo fogo para atingir a pureza, as provações fazem parte do processo de refinação da nossa fé. Não um teste de fé, mas o fortalecimento daquela que já existe nos nossos corações - da mesma forma que não adianta passar uma pedra qualquer pelo fogo, não vai surgir ouro puro se já não existir ouro em estado bruto.

Ele também nos ensina como lidar com a situações de perigo : usando a sabedoria que, como qualquer judeu da época sabia e nós deveríamos saber também, principia no temor de Deus. Ele aprendeu as lições ensinadas por Salomão. Sabedoria é dada se medidas por Deus, basta pedir com humildade e confiar. Mais adiante, Tiago vai explicar porque muitas das nossas orações são desconsideradas por Deus que é um pai sério e não quer que seus filhos mimados e indolentes (engraçado que tem gente que acha que cristianismo é sombra e água fresca, confundem chuva de bençãos com dinheiro caindo do céu).

A provação produz perseverança, uma atitude ativa (muito diferente da paciência que é passiva), o crente quando provado tem uma resposta forte e ativa e, como qualquer exercício, isso gera crescimento espiritual. Nenhum atleta alcança bons resultados sem esforço físico. Nenhum crente recebe a coroa da vida sem esforço espiritual.

Isso não quer dizer que toda provação vem de Deus. Ele testou muitos dos seus servos, para o fortalecimento da fé dos mesmos, mas nunca para induzí-los ao pecado. Dizer que Deus atraiu alguém para o pecado é pecar duplamente e atentar contra a santidade do Criador.

O luterano Bengel já dizia que "as sugestões do diabo não representam perigo, até que elas se tornem as nossas". Se você morder essa isca, não culpe ninguém, a não ser você mesmo. Adão já tentou aplicar esse golpe, culpando Deus (a mulher que o Senhor me deu...) e o resultado nós conhecemos bem.

Você está passando por provações ? Comemore. Você nunca passa por provações ? (humm... algo está errado). Resista ativamente às provocações, se sentir que precisa de ajuda, peça sabedoria a Deus e cresça espiritualmente.

Caso sinta-se tentado a culpar Deus. Tenha um espelho sempre à mão para descobrir o verdadeiro culpado.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Liberais e conservadores

Todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas edificam. 1 Co 10:23

Conversando outro dia com uma amiga de igreja eu comentava que nos meus tempos de mocidade eu era visto como um bicho meio estranho (não que tenha deixado de ser). Eu era considerado um liberal pela turma conservadora e, a turma que se dizia liberal me achava conservador demais.

Como não gosto de rótulos nunca me denominei um liberal-conservador, tão pouco um conservador liberal, até porque, além de não definirem nada são oxímoros.

Alguns líderes religiosos, de tempos em tempos, resolvem se promover com discursos liberais que afrontam suas (assim declaradas) convicções religiosas. Alguns para conquistar adeptos para suas seitas, outros, por pura vaidade de aparecer na mídia.

E quando são entrevistados ainda tem a cara-de-pau de dizer que aquelas são opiniões pessoais e não representam o pensamento da sua organização religiosa. Como é que eles conseguem ter essa vida dupla eu, até hoje, não consegui compreender.

O que é ser liberal ? Ser conservador é exatamente o oposto disso ? Os crentes devem ser liberais ou conservadores ?

A palavra liberal tem origem num termo que significava "um tecido que se separava facilmente", algo que não se fixava de forma sólida. Com o tempo, passou a designar idéias ou opiniões avançadas (em relação a paradigmas estabelecidos), e também idéias e pessoas que se julgavam livres e tolerantes.

Conservador, por outro lado, são as idéias e pessoas hostis a qualquer inovação, adeptos das tradições. Conservar é evitar a deterioração.

Tanto um termo como o outro são usados indistintamente de forma elogiosa (de um liberal/conservador para seus pares) ou pejorativa (em relação aos oponentes). Sem nenhuma ambiguidade, nós devemos ser conservadores em algumas coisas e podemos ser liberais em outras.

Me explico melhor.

Nós devemos ser radicalmente conservadores nas doutrinas que alicerçam a nossa crença (a Salvação pela graça, só através da Fé no sacrifício de Cristo, nosso único e suficiente intermediário com Deus), no nosso monoteísmo, nas escrituras como única regra de fé e de prática.

Podemos ser liberais no comportamento - até o limite do escândalo do próximo - o amor ao próximo é o que limita a nossa liberdade. A recomendação bíblica é a de sempre se pensar primeiro no interesse do outro.

Podemos ser liberais em idéias sociais, econômicas e políticas - até o limite onde isso não se oponha à Palavra de Deus.

Podemos até ser liberais na forma de culto - até o limite da ordem (1 Co 14:23,33)

Em tudo mais até o limite da edificação e do crescimento espiritual. E sabemos muito bem quando algo não é sensato, quando o que fazemos não é para glória de Deus.

Agindo dessa forma, nunca precisaremos nos preocupar em adotar essa ou aquela postura. E nenhum rótulo conseguirá se colar nas nossas testas.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Um bando de incompetentes

Pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para confundir os sábios; e Deus escolheu as coisas fracas do mundo para confundir as fortes; 1 Co 1:27

O princípio de Peter (no caso, Lawrence Johnston Peter) dizia que todo mundo é incompetente, inclusive você! Ele demonstrava que em qualquer função as pessoas chegam a um ponto onde acaba a sua competência e que elas deveriam administrar esse fato, não se deixando passar para esse ponto.

Nosso Deus sabe exatamente qual é o limite de competência de cada um mas, ao contrário do que se espera dos líderes da administração, Ele resolveu escolher justamente esses para realizar a sua obra. Não os sábios, não os poderosos, não os nobres.

Jacó era um trapaceiro. Raabe uma prostituta. Sansão um destemperado, Rute uma imigrante catadora de sobras. Saul nada mais era que um flanelinha (sua função era tomar conta das bagagens enquanto os líderes discutiam coisas sérias). Davi, um moleque que cuidava de ovelhas. Eliseu um lavrador. Jonas, um medroso. Amós, um boiadeiro. Além de um bando de pescadores toscos e alguns que ressaltaram seus próprios defeitos (Jeremias se achava uma criança e Isaías confessava ser um homem de lábios impuros).

Incompententes na visão quem ? Da nossa, é clara. Nós que nos achamos o máximo. Eles foram vítimas de preconceito no seu tempo, como seriam hoje se estivessem entre nós. O pai de Davi não o deixou ir para a batalha, era apenas uma criança. Amós foi chamado de conspirador barato. Elias de perturbador. Jeremias foi jogado numa fossa. Os apóstolos foram tidos por bêbados, iletrados e inclultos. Paulo teve de exortar a igreja a respeitar Timóteo (era muito jovem aos olhos dos crentes).

Claro, não se pode negar que todos possuíam dois problemas sérios : eram pecadores e totalmente despreparados para o tamanho da missão que receberam. Mas o que é que nos leva a olhar tantos servos de Deus como pessoas de segunda classe ? Por que é que nós somos preconceituosos ?

Primeiro porque nos falta Humildade (relação de cada um consigo mesmo) : nós nos achamos melhores que os que foram escolhidos, mais inteligentes, mais preparados, mais eruditos. Não será por nossa própria vanglória que deixamos de ser escolhidos tantas vezes (Gl 5:26). Será que Deus não escolhe os mais simples justamente para nos envergonhar (e para que nos humilhemos?)

Em segundo lugar, somos preconceituosos por falta de Amor (relação com o próximo). Falta do puro e genuíno amor que não se ensoberbece (1 Co 3:4). Será que Deus não escolhe os incompetentes para nos dar a chance de mostrar o nosso amor ?

Finalmente, somos preconceituosos por falta de (relação com Deus). Se duvidamos da escolha de Deus é porque não acreditamos na capacidade d´Ele de selecionar. Chegamos a pensar que Deus deve ter se enganado e o "raio da eleição" caiu no cara que estava do nosso lado e não em nós (como se Deus pudesse se enganar). Isso só demonstra a nossa falta de crescimento espiritual (Ef 4:11-12) e é Deus mesmo que declara que escolhe uns para aperfeiçoamento de outros.

Qual é o seu problema pessoal ? Falta de humildade, de amor ou de fé ? Bata um papo com Deus a esse respeito, certamente ele pode te transformar.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Quem precisa de igreja?

Saudai também a igreja que está na casa deles. Rm 16:5



Freqüentemente ouvimos pessoas que se autodenominam cristãos tentando justificar sua ausência na igreja (em qualquer igreja). O discurso é sempre o mesmo: não é a igreja que salva, me decepcionei com as pessoas, a igreja é uma estrutura burocrática, o pastor é isso ou aquilo.

A igreja, como a conhecemos hoje, surge na era apostólica, ou melhor, surgem, pois eram várias igrejas, cada uma definida pelas pessoas que se congregavam, Paulo se refere a “todas as igrejas de Cristo” (Rm 16:16) quando quer fazer menção das igrejas locais.

Isso, porque uma coisa é a Igreja Universal (não, não estou me referindo a essas que se dizem “universais”): aquela que congrega todas as pessoas que tem Cristo como seu único e suficiente Salvador. Aquela cuja cabeça é o próprio Cristo e da qual nós todos somos partes do corpo. Aquela das pessoas cujos nomes foram arrolados no céu.

Outra é a igreja local, que reúne pessoas que compartilham a mesma fé e que se congrega regularmente, como preconiza o autor de Hebreus (Hb 10:25). Local onde se ensina a escritura, celebram-se a ceia e o batismo, local de adoração, louvor, oração. Local de correção e disciplina, mas também de conforto e encorajamento. Que tem como missão buscar os que não tem Cristo e ajudar os necessitados.

Sendo essa uma estrutura neotestamentária é justamente nesses livros da Bíblia que encontramos a descrição de que pessoas precisam da igreja:

a) Pessoas humilhadas pelo pecado: que sabem o valor dos bens espirituais. Mesmo porque, quem não tem a coragem ou a humildade de reconhecer os seus pecados não vê nenhum valor em fé, amor e esperança. O mesmo livro de Hebreus (3:7-13) exorta os crentes contra os duros de coração. Esses se bastam, não precisam nem de Deus, nem de igreja.

b) Pessoas dependentes: não existe nenhum ser no mundo que seja totalmente independente (a não ser o próprio Deus). Na igreja somos todos dependentes uns dos outros e, todos juntos, dependente do cabeça da Igreja. Pessoas auto suficientes, pessoas que acreditam que a fé se pratica isoladamente, no mínimo, se acreditam possuidoras de todos os dons. Ou acham que o corpo funciona só com um pedaço – e que eles são esse pedaço mais “nobre”.

c) Pessoas imperfeitas: já ouvi que “o desafio de viver como um perfeccionista é tão agradável quanto abraçar um cacto”. Mas muita gente sai da igreja porque ela está cheia de pessoas imperfeitas. Claro, são elas que precisam de igreja, não os que se enganam a si próprios achando que são os melhores (1 Jo 1:8, 10).

d) Pessoas que precisam de ensino: quanto mais estudamos a palavra de Deus, mais precisamos aprender, sejam aqueles que bebem do leite espiritual, sejam os que já comem alimentos sólidos, todos precisamos continuar crescendo, naquele que é o cabeça, Cristo (Ef 4:16). “Se alguém acha que sabe alguma coisa, ainda não sabe como convém saber”. (1 Co 8:2).

e) Pessoas esquecidas: algumas pessoas gostariam de esquecer fatos das suas vidas, mas é impossível viver num mundo onde esqueçamos sempre de tudo. Muitas vezes esquecemos dos nossos maus comportamentos do passado...e voltamos a eles (Tt 3:3). Josué já recomendava que nunca nos afastássemos da lei, sob o risco de esquecer e pecar.

f) Pessoas com problemas: a igreja não foi feita para pessoas que podem carregar sozinhas os seus fardos, exortai-vos uns aos outros e edificai-vos uns aos outros, já recomendava Paulo aos Tessalonicenses (1 Ts 5:11-15), ele sabia que cada um dentro da igreja tinha os seus problemas e precisava da ajuda dos demais. Quem prefere a distância da igreja nunca tem a quem recorrer, ou acredita que é um sujeito tão importante que Deus, ao invés de usar a igreja, vai lhe oferecer uma linha particular diretamente com o trono.

g) Pessoas perdidas: você já se perdeu em algum lugar? Enquanto não achava que estava perdido (e muito acham que não estão), a sensação era de liberdade e prazer. Mas quando percebemos que não conhecemos o caminho de volta, o sentimento é aterrador. Os que estão perdidos não tem alívio e nem a chance de se apoiar em outros perdidos.

Quando Cristo ordena a João que escreva às igrejas locais (Ap 2 e 3) Ele se dirige a igrejas cheias de problemas e de defeitos. Ainda assim eram as Suas igrejas, que precisavam de admoestação e de correção. Em nenhum momento somos recomendados a abandonar a igreja.

Éfeso era uma igreja tão ocupada com outras coisas que tinha esquecido de amar a Deus. Esmirna era uma igreja sofredora e pobre. Pérgamo vivia no meio do pecado (mas que honrava a palavra mesmo num lugar ruim), Tiatira tolerava corruptos, Sardes vivia de aparências, Laodicéia se acomodou na sua riqueza material. Filadélfia reconhecia a sua dependência e sabia que não tinha força.

Onde você vai encontrar uma igreja perfeita? (como se você o fosse...): em lugar nenhum enquanto a Igreja Universal não estiver toda reunida no céu.

Enquanto isso, não deixemos de nos congregar, como é costume de alguns (Hb 10:25) certos de que mesmo em igrejas imperfeitas, as portas do inferno não prevalecerão (Mt 16:18).