segunda-feira, 31 de março de 2008

Tulip - o plano de Deus de acordo com o Calvinismo


1. Sistema : classificação lógica de verdades dependentes entre si, debaixo de uma idéia principal.

2. Princípio fundamental : Soberania Absoluta de Deus
Deus governa todas as coisas visíveis e invisíveis, com objetivos de conhecimento exclusivo dEle mesmo , em oposição às doutrinas de origem humanista que consideram o homem soberano em algumas decisões e, portanto tornam a soberania de Deus limitada.

3. Princípios da Reforma Luterana :
a) Supremacia da Bíblia
b) Autoridade de Deus sobre a consciência humana
c) Sacrifício único de Cristo e mediação exclusiva
d) Justificação pela fé
e) Ida para o céu imediatamente após a morte
f) Santificação na glória

4. Arminianismo
a) Sínodo de Dort (1618 : 7 meses, 154 sessões)
b) Análise da doutrina proposta por Jacob Hermann ( Arminius)
c) Doutrina foi considerada contrária aos ensinos da Bíblia e declarada herética
d) Reafirmação da doutrina reforma

5. Os 5 pontos
a) Depravação Total ou Incapacidade (T= total)
b) Eleição Incondicional ou Predestinação (U= Unconditional)
c) Expiação Limitada ou Redenção Particular (L= Limited)
d) Graça Irresistível ou Chamada Eficaz (I= Irresistible)
e) Perseverança dos Santos ou Segurança dos Crentes (P= Perseverance)

6. Depravação Total ou Incapacidade

O adjetivo total não significa que cada pecador é completamente corrupto, mas que todo ser humano foi afetado pelo pecado. O pecado afetou tudo , sua mente, sua vontade, etc.
Como resultado dessa corrupção inata, o homem é totalmente incapaz de fazer qualquer coisa espiritualmente boa, ou seja , o homem nada pode fazer no que se refere à sua salvação.
Muitas pessoas não salvas podem ser boas pelos padrões de julgamento humano , tem qualidade e praticam atos virtuosos. Pelos padrões espirituais são incapazes de fazer o bem. O homem natural é escravo do pecado, é filho de Satanás, rebelde para com Deus, cego à verdade, corrupto, incapaz de salvar-se a si mesmo ou preparar-se para a salvação.
O homem não foi criado dessa forma, Deus fez Adão reto, honrado, sem mal na sua natureza. A vontade de Adão era livre do domínio do pecado. Através da sua queda, ele trouxe morte espiritual sobre si e sobre toda a sua posteridade, perdendo a capacidade de escolher as coisas do Reino Espiritual. Os descendentes de Adão são livres para escolher (porque o homem faz escolhas a vida inteira), mas, como é nascido com natureza pecaminosa, eles não tem a capacidade para escolher o bem espiritual (a vontade não está livre do pecado).

a) Como resultado da transgressão de Adão, os homens são nascidos em pecado e estão espiritualmente mortos, entretanto, se eles estão para se tornar filhos de Deus e entrar no seu reino, eles devem nascer de novo, no Espírito.( Gn 2:16-17, 3:1-7, Rm 5:12, Ef 2:1-3, Cl 2:13, Sl 51:5, 58:3, Jo 3:5-7)

b) Como resultado da queda, os homens estão cegos e surdos à verdade espiritual , suas mentes estão obscurecidas pelo pecado, seus corações são corruptos e maus. ( Gn 6:5 , 8:21, Ec 9:3, Jr 17:9, Mc 7:21-23, Jo 3:19, Rm 8:7-8, I Co 2:15, Ef 4:17-19, Tt 1:15)

c) Antes dos pecadores nascerem no Reino, através do poder regenerador do Espírito Santo , eles são filhos do Diabo e estão debaixo do seu controle. São escravos do pecado. ( Jo 8:44, Ef 2:1-2, II Tm 2:25-26, I Jo 3:10 , 5:19 , Jo 8:34, Rm 6:20, Tt 3:3)

d) O reino do pecado é universal, todos os homens estão debaixo do seu poder, consequentemente, ninguém é justo – nem sequer um ! ( Jó 25:4-6 , 15:14-16, II Cr 6:36, Sl 130:2 , 143:2, Pv 20:9, Ec 7:20 e 29 , Is 53:6, 64:6, Rm 3:9-18)

e) Os homens em seu estado morto são incapazes de se arrependerem por si próprios, crer no evangelho ou vir a Cristo. Eles não tem poder dentro de si mesmos para mudar as suas naturezas ou prepararem-se a si mesmo para a salvação. ( Jó 14:4, Jr 13:23, Mt 7:16-18, Jo 6:44 e 65, Rm 11:35-36, I Co 2:14, 4:7, II Co 3:5).

7. Eleição Incondicional ou Predestinação

Por causa da transgressão de Adão, todos os seus descendentes entram no mundo culpados, pecadores e perdidos. Como criaturas caídas eles não tem desejo nenhum de ter a companhia do Criador que é santo, justo e bom. Deixados à sua própria escolha, eles irresistivelmente seguirão ao “deus” deste mundo e farão a vontade do seu pai, o Diabo. Todos os homens estão separados de Deus e perderam os seus direitos ao Seu amor e favor.

A doutrina da eleição declara que Deus, antes da fundação do mundo, escolheu certos indivíduos dentre os membros da raça humana (caída com Adão) para serem objetos do Seu imerecido favor. Estes, e somente estes, Ele propôs salvar. Deus poderia ter escolhido salvar todos os homens ( porque tem poder e autoridade para isso) , bem como poderia ter escolhido não salvar ninguém ( pois Deus não está debaixo de qualquer obrigação de mostrar misericórdia a ninguém), mas resolveu salvar alguns e excluir outros.

Sua escolha, que é eterna, não está baseada em qualquer ato previsto ou resposta da parte dos escolhidos, mas está baseada somente em Seu próprio prazer e vontade soberanos. Assim , a eleição não é determinada, ou condicionada a qualquer coisa que o homem poderia fazer, mas somente à autodeterminação de Deus. Aqueles que não foram eleitos para a salvação foram deixados em seus próprios planos e escolhas. Não pertence a nós decidir sobre a justiça ou não de Deus. Se Deus não tivesse escolhido alguns e providenciado salvação para esses, ninguém seria salvo. A escolha não é objeto da nossa contestação, Deus não tem a obrigação de salvar pecadores. A Bíblia rejeita essa idéia.

Eleição, apesar de ser um aspecto importante no plano salvador de Deus, não deve ser entendida como “salvação”. O ato da eleição não salva ninguém. Os indivíduos são marcados por Deus para a salvação. Consequentemente, a doutrina da eleição não pode ser dissociada das doutrinas da culpa humana, da redenção e da regeneração, ou ela será distorcida e apresentada erradamente. Segundo a Bíblia, o ato de eleição do Pai, deve ser relacionado com a obra redentora do Filho, que deu-se a si mesmo para salvar os eleitos, e com a obra renovadora do Espírito Santo , que traz o eleito à fé em Cristo.

a) Deus tem um povo eleito que Ele predestinou para a salvação e assim para a vida eterna. (Dt 10:14-15, Sl 33:12, 65:4, 106:5, Mt 11:27, 22:14,22,24,31, Lc 18:7, Rm 8: 28-30,33, 11:28, Cl 3:12, I Ts 5:9, Tt 1:1, I Pe 1:1-2, 2:8-9, Ap 17:14 )

b) Antes da fundação do mundo, Deus escolheu indivíduos para a salvação, Sua escolha não foi baseada em qualquer resposta ou ato previsto da parte dos escolhidos (incondicional). Fé e boas obras são resultado , e não a causa da escolha de Deus. (Mc 13:20, I Ts 1:4, II Ts 2:13 , Ef 1:4, II Tm 1:9, Ap 13:8,17:8, Rm 9:11-13 e 16, 10:20, I Co 1:27-29, Ef 1:12, 2:10, At 13:48, 18:27, Fp 1:29, 2:13, Tg 2:5, II Ts 3:1-2, II Pe 1:5-11)

c) Eleição não é salvação , mas “até” a salvação . (Rm 11:7, II Tm 2:10 )

d) Eleição foi baseada na misericórdia soberana de Deus. Não foi a vontade do homem, mas a vontade de Deus que determinou que aos pecadores fosse mostrada a misericórdia e fossem salvos ( Ex 33:19, Dt 7:6-7, Mt 20:15, Rm 9:10-24, 11:4-6 e 33-36, Ef 1:5).

e) A doutrina da eleição é apenas uma parte da doutrina bíblica da soberania de Deus. As escrituras não somente ensinam que Deus predestinou alguns para a vida eterna, mas que todas as coisas e fatos estão debaixo do governo de Deus, nada escapa do Seu propósito.

f) (I Cr 29:10-12, Jó 42:1-2, Sl 115:3, 135:6, Is 14:24,27, 46:9-11,55:11, Jr 32:17, Dn 4:35, Mt 19: 26)

8. Expiação limitada ou redenção particular

Como foi visto, a eleição não salva ninguém, ela apenas marca pecadores particulares para a salvação. Aqueles escolhidos pelo Pai e dados ao Filho tinham de ser redimidos para serem salvos. Para assegurar a redenção deles Jesus veio ao mundo e tomou sobre Si a natureza humana de tal maneira que Ele pode identificar-se com Seu povo e agiu como substituto legal da raça. Através do sacrifício de Cristo, os pecadores são tornados justos diante de Deus. Eles são livres de toda a culpa e condenação como resultado do sofrimento de Cristo por eles. Através do sacrifício substitutivo Ele suportou a penalidade pelos nossos pecados. O povo de Deus é salvo não por aquilo que eles mesmo fizeram ou farão, mas somente sobre a base da obra redentora de Cristo.

A Bíblia ensina que a obra redentora de Cristo foi definida para certos pecadores, e que ela é realmente certa para esses indivíduos. A salvação que Cristo ganhou para o Seu povo inclui todas as bênçãos do relacionamento com Deus, inclusive a fé e o arrependimento. Todas as pessoas por quem Cristo sacrificou-se serão salvas infalivelmente. A Redenção foi designada para executar o propósito da Eleição de Deus. Todas as pessoas que nEle crêem são aquelas que o Pai tem dado a Cristo. Assim a obra de Cristo foi limitada a alguns e não a outros.

Visto que todos os homens não são salvos como resultado da obra expiatória de Cristo, temos de admitir que há uma expiação limitada no sentido de que ela garante salvação segura para certos pecadores. O sangue de Cristo derramado na cruz do Calvário seria suficiente para todos os homens, mas foi eficiente para alguns.

a) As escrituras descrevem o fim pretendido e consumado pela obra de Cristo como plena salvação do seu povo, incluindo reconciliação real, justificação e santificação.

i. Cristo veio ao mundo , não para capacitar os homens a salvarem-se a si mesmos, mas para salvar pecadores : Mt 1:21, Lc 19:10, II Co 5:21, Gl 1:3-4, I Tm 1:15, Tt 2:14, I Pe 3:18
ii. Como resultado daquilo que Cristo fez e sofre, seu povo está reconciliado com Deus, justificado e dado ao Espírito Santo que regenera e os santifica, benção que são asseguradas por Cristo : Reconciliação – Rm 5:10, II Co 5:18-19, Ef 2:15-16, Cl 1:21-22 – Justificação – Rm 3:24-25, 5:8-9, Gl 3:13, Cl 1:13-14, Hb 9:12, I Pe 2:24 – Regeneração e Santificação – Ef 1:3-4, At 5:31 , Tt 2:14, 3:5-6, Hb 13:12, I Jo 1:7

b) Passagens que apresentam Jesus Cristo sofrendo e fazendo tudo por Seu povo, cumprindo o pacto gracioso que ele fez com seu Pai celestial antes da fundação do mundo
i. Jesus enviado ao mundo para salvar as pessoas que o Pai Lhe deu, nenhum dos que foram dados se perderá : Jo 5:35-40, 43-45, 64,65
ii. Jesus como bom pastor, renuncia à sua vida pelas Suas ovelhas (que Ele recebeu do Pai) : Jo 8:43,45-47, 10:3,11,14-18, 24-29
iii. Jesus , na oração sacerdotal ora, não pelo mundo, mas por aqueles que o Pai Lhe deu : Jo 17:1-11,12-16,19-20,23-26 , 13:1, 18:8-9, Hb 2:10-13,16

c) Algumas passagens falam da agonia de Cristo por “todos” e da sua morte salvando o “mundo” (Jo 1:29,3:16-17, Rm 5:18, II Co 5:14-15), a razão para o uso dessas expressões foi corrigir a falsa noção de que a salvação era exclusiva dos judeus. Essas expressões pretendem mostrar que Cristo morreu por todos os homens sem distinção (judeus e gentios), mas elas não pretendem indicar que Cristo morreu por todos sem exceção.

d) Muitas passagens bíblicas mostram a obra salvadora em termos definidos e mostram que ela foi destinada para salvar infalivelmente um povo particular, nominalmente aqueles dados a Ele pelo Pai : Mt 1:21, 20:28, 26:28, Jo 10:11, 11:50-53, At 20:28, Ef 5:25-27, Rm 8:32-34, Hb 9:15, Ap 5:9, Is 53:11-12

9. Graça irresistível ou Chamada Eficaz do Espírito

Cada membro da trindade participa e contribui na salvação dos pecadores. O Pai marcou aqueles que seriam salvos e deu-os a Seu Filho para ser Seu povo. O Filho veio ao mundo e assegurou-lhes a redenção. Esses atos – eleição e redenção – não completam a obra da salvação, pois ainda falta a obra renovadora do Espírito Santo no coração do pecador. É com a aplicação pelo Espírito Santo que a doutrina da Graça Irresistível é compreendida, asseverando que o ES nunca falha em trazer à salvação aqueles pecadores por quem Cristo morreu. Inevitavelmente, aplica a salvação a todo pecador que ele pretende salvar, e é Sua intenção salvar os eleito.

O convite do evangelho estende a chamada à salvação a todo o que ouve a sua mensagem. Ele convida a todos os homens sem distinção. Mas essa chamada geral e exterior não trará todos os pecadores a Cristo porque os homens são, por natureza mortos em pecado e estão debaixo do seu poder. Os homens são, em si mesmo, incapazes de abandonar seus maus caminhos e voltar para Cristo. Entretanto, o Espírito Santo traz o eleito de Deus à salvação : estende a ele a chamada especial, interior, em adição à chamada externa, geral. Através desta chamada especial, o ES executa uma obra de graça dentro do pecador, trazendo-o à fé em Cristo. A transformação interior operado no pecador eleito, capacita-o a entender e crer na verdade espiritual . O ES cria dentro dele um novo coração e uma nova natureza. Isto é efetuado através da regeneração (novo nascimento) pela qual o pecador é tornado filho de Deus e recebe vida espiritual.

Embora a chamada exterior do evangelho seja freqüentemente rejeitada, a chamada interior do ES nunca falha na conversão daqueles a quem ela é feita (e não é feita a todos, mas somente aos eleitos pelo Pai). O ES não é dependente de nenhuma ajuda ou cooperação para o sucesso da Sua obra de trazer os pecadores a Cristo.

a) Afirmações gerais , mostrando que a salvação é obra do Espírito Santo, tanto quanto do Pai e do Filho : Rm 8:14, I Co 2:10-13, 6:11, 12:3, II Co 3:17-18, I Pe 1:2

b) Através da regeneração ou novo nascimento, os pecadores recebem vida espiritual e são feitos filhos de Deus. Este processo é como uma ressurreição espiritual, uma criação, um doar de um novo coração. A transformação interior que é trazida através do ES, resulta do poder e da graça de Deus . De nenhum modo depende da ajuda humana para o sucesso da sua obra.
i. Os pecadores, através da regeneração, são trazidos ao Reino de Deus e são feitos seus filhos, o autor do “segundo” nascimento é o Espírito Santo, o instrumento que Ele usa é a palavra de Deus : Jo 1:12-13, 3:3-8, Tt 3:5, I Pe 1:23, I Jo 5:4
ii. Através da obra do ES, ao pecador morto é dado um novo coração (natureza) e lhe é dado andar na Lei de Deus: Dt 30:6, Ez 36:26-27, Gl 6:15, Ef 2:10, II Co 5:17-18, 3:3
iii. O ES levanta o pecador do estado de morte espiritual e o faz vivo : Jo 5:21, Ef 2:1,5, Cl 2:13, At 26:17-18

c) Deus faz conhecidos aos seus escolhidos os segredos do Reino através da revelação interior dada pelo ES : Mt 11:25-27, 13:10-11,16, 16:15-17, Lc 8:10, Jo 6:37,44-45,64-65,

d) Fé e arrependimento são dons divinos e são trabalhados na alma através da obra regeneradora do ES : I Pe 1:21, At 3:16, 5:31,11:17-18, 16:14, 18:27, Ef 2:8-9, Fp 1:29, II Tm 2:25-26

e) A Fé salvadora é propriedade dos eleitos de Deus : Tt:1:1, II Ts 3:2, Jd 3

f) Embora a chamada exterior do evangelho seja freqüentemente rejeitada, a chamada interior do ES nunca falha na conversão daqueles a quem ela é feita : Rm 1:6-7, 8:30, 9:23-23, Gl 1:15-16, Ef 4:4, II Tm 1:9, Hb 3:1, 9:15, I Pe 1:15, 2:9 , I Co 1:-2,9,23-31, I Pe 1:3, 5:10, Ap 17:14

g) A aplicação da salvação é toda de graça e é executada exclusivamente através do todo poderoso poder de Deus : Jo 3:27, Rm 9:16, I Co 3:6-7

10. Perseverança dos santos ou Segurança dos Crentes

Os eleitos não são somente redimidos por Cristo e renovados pelo Espírito Santo, eles também são guardados em fé por Deus. Todos aqueles que estão espiritualmente unidos a Cristo através da regeneração, são eternamente seguros nEle. Nada pode separá-los do eterno e imutável amor de Deus. A doutrina da perseverança dos santos não diz que todos os que “professem” a fé cristã estão certos do céu. São os santos – aqueles que são separados pelo Espírito – que perseveram até o fim. São os crentes, a quem é dada a fé viva em Cristo, que estão seguros.

Os verdadeiros crentes caem em tentação, e até cometem graves pecados, mas estes pecados não lhes causam a perda da salvação, ao contrário dos que dizem professar a fé cristã – estes não caem do estado da graça porque nunca estiveram nele.

Is 43:1-3, 54:10, Jr 32:40, Mt 18:12-14, Jo 3:16, 36, 5:24, 6:47, 17:11-12,15, 10:28-29, Rm 8:1,29-30, 35-39, I Co 1:7-9, Ef 1:13-14, 4:30, Cl 3:4, I Ts 5:23-24, II Tm 4:18, Hb 10:14, 12:1-2, I Pe 1:3-5, I Jo 2:19,25, 5:4, Jd 1, 24-25.

Bibliografia :
BARTH, Karl. Carta aos Romanos. Ed. Novo Século. São Paulo. 1999.
CALVINO, João. Intitutes of the Christian religion . Eerdmans. Grand Rapids.1989.
CALVINO, João. Instrução na Fé. Logos. Goiânia.2003.
CAMPOS, Rev. Héber Carlos de. Apostila da I.P. Itanhaém. 1975.
KÜNG, Hans. On being a christian. Wallaby . New York. 1978.
ROBERTS, W.H. O sistema presbiteriano. Casa Editora Presbiteriana. São Paulo. 1955.
SPENCER, Duane Edwards. TULIP – Os cinco pontos do calvinismo. Parakletos. São Paulo 2000.
WESTMINSTER. Confissão de Fé e Catecismo Maior. Casa Editora Presbiteriana. São Paulo.1975.
http://www.monergismo.com/
http://www.solanoportela.net/

quinta-feira, 27 de março de 2008

Pena que eu não cheguei antes....


“....Que é isto que fizeste, que não nos chamaste quando foram pelejar contra os midianitas?...”
(Juízes 8:1
)


Muitas vezes você já ouviu sermões ou estudos bíblicos a respeito da saga de Gideão. Como um exército começou com 32 mil soldados e acabou só com trezentos. Como a mão de Deus agindo através desses trezentos homens foi suficiente para vencer os midianitas.

Mas, nesse história toda, não são os 22 mil medrosos e tímidos que me chamam a atenção, nem os 10 mil desatentos e despreocupados, nem os trezentos vitoriosos, mas o exército dos efraimitas que chegou depois que a batalha estava ganha e reclamou que não tinham sido chamados para a guerra. A tribo de Efraim era a maior de todas em Israel , os mais fortes e mais preparados para a guerra – poderiam estar combatendo os midianitas, que oprimiam o povo de Israel, há muito tempo, mas só apareceram quando a sua mão não era mais necessária

As nossas Igrejas e muitos dos seus membros costumam agir como os efraimitas. Muitas vezes eles são os mais preparados para o trabalho cristão. Normalmente são os que tem mais disponibilidade de tempo e de recursos materiais. Apesar disso tudo, são esses que nunca tomam a dianteira das batalhas, nunca se voluntariam , nunca se colocam nas mãos de Deus. Eu não consigo entender bem o por que, mas imagino alguns motivos.

Os efraimitas também entendem que só podem liderar , de preferência sem nunca ter de por a mão na massa. O trabalho braçal é para esses povos ( crentes) menores que não tem o mesmo brilho intelectual que eles tem. Deixam que os outros façam o trabalho e procuram chegar só quando não há mais nada a fazer senão usufruir.

Os efraimitas gostam de desfrutar das benesses da Igreja , são críticos rigorosos da qualidade do sermão, do conforto das cadeiras, da afinação do coral , da virtuosidade dos instrumentistas. Caso alguns dele cometa um deslize são os primeiros a dizer que poderiam fazer melhor, mas infelizmente, quando eles chegaram já estava tudo pronto.

A pior das minhas hipótese é que os efraimitas cristãos não precisam de Deus agindo nas suas vidas. Eles são fortes e auto-suficientes. Tudo o que eles conquistam é por mérito próprio e não querem dividir esses louros com as outras “tribos” , nem com Deus.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Conhecidos em todo o mundo


“...em todo mundo é proclamada a vossa fé .” (Romanos 1:8b)


Muitas vezes passamos pelo começo das cartas de Paulo e, como suas aberturas são parecidas na forma, vamos rapidamente avançando pelo texto até encontrarmos o começo do tema da carta ou dos assuntos práticos que cada uma delas trata. Com isso deixamos de prestar atenção às aberturas , orações e às saudações.

Ao escrever para a igreja de Roma, uma igreja que ele não conhecia pessoalmente, Paulo destaca o fato da fé dos crentes daquela cidade ser conhecida em todo mundo, fato menosprezado por alguns que alegam que , sendo a capital do mundo antigo, é óbvio que todos prestassem atenção no que acontecia por lá.

No entanto, quando olhamos para a nossa igreja, situada numa cidade que é a maior da América do Sul, num bairro densamente povoado, vivendo em tempos em que a comunicação é muito mais rápida e eficiente que nos tempos de Paulo, devemos nos perguntar : por quê não conseguimos ser tão conhecidos quanto a igreja de Roma ?

Ao lermos com calma a carta aos Romanos , prestando atenção não só nos grandes temas ( e que temas grandiosos tem essa carta), mas também nos pequenos detalhes , podemos entender o que fazia dessa igreja uma comunidade notável e aprendermos como é que nós, numa pequena comunidade , em um das centenas de bairros da cidade de São Paulo poderíamos fazer para também nos tornarmos uma igreja digna de graças a Deus pela difusão da nossa fé.

O que fazia da Igreja de Roma uma igreja conhecida em todo o mundo ? O que nós podemos fazer para sermos uma Igreja como aquela ? Nessa semana vamos meditar sobre o primeiro aspecto da realidade romana que poderia também ser a nossa.

A diversidade evangelizadora

O primeiro aspecto importante a respeito da igreja de Roma era a sua diversidade. Ninguém sabe ao certo quem fundou a igreja , mas moradores de Roma estavam em Jerusalém no dia de Pentecostes e podem ter sido os que levaram o evangelho para lá. De qualquer forma, a igreja era composta tanto de judeus como de gentios e, certamente, com o predomínio desses últimos, também era uma igreja de pessoas fortes e fracas, ricas e pobres, senhores e servos.

Uma igreja formada com base em gentios é uma igreja que prega o evangelho mais do que arrebanha crentes de outras igrejas. Quando isso acontece é porque a igreja efetivamente entendeu a sua missão e quer compartilhar a sua fé com os demais, uma igreja em que a grande maioria é de crentes antigos perdeu a sua vocação e tende a desaparecer.

Quando a igreja tem pessoas fortes e fracas na fé é uma demonstração que muitos são recém chegados, ainda estão bebendo leite espiritual, sendo discipulados , aprendendo com aqueles cuja fé é sólida e saudável.

A Igreja que tem ricos e pobres, senhores e servos, é uma igreja em que o amor prevalece sobre as diferenças, onde todos se consideram irmãos em Cristo e compartilham da riqueza espiritual, não com as diferenças materiais.

Uma Igreja conhecida em todo mundo é aquela que evangeliza todo mundo.

Uma igreja em vários locais

Outro aspecto significativo que encontramos em Roma é a respeito do funcionamento da Igreja e da sua localização. A Igreja de Roma não estava confinada dentro das suas próprias paredes, talvez fosse uma igreja que nem tivesse uma sede.

Paulo menciona pelo menos três vezes o termo “ a igreja que se reúne em sua casa” . As casa eram apenas pontos de encontro, a igreja eram as pessoas e não o prédio.

Quando falamos sobre as nossas igrejas invariavelmente estamos nos referindo aos prédios onde se encontram os templos e as salas de escola dominical. Falamos que a nossa igreja está em reforma (e eu que pensava que já éramos reformados desde Lutero...), que a nossa igreja fica no endereço tal, que o telefone da igreja tem um número específico.

O grande problema é que o prédio da igreja não tem fé para ser proclamada em todo o mundo e por isso mesmo é que não conseguimos nos equiparar à igreja de Roma nesse aspecto. Enquanto olharmos para a nossa igreja como um amontoado de tijolos e cimento não seremos conhecidos nem pelos vizinhos da esquina.

Uma igreja conhecida em todo mundo é construída sobre os crentes , não sobre tijolos e pedras

Uma Igreja que trabalha

Perca uns minutos lendo as saudações que Paulo envia a diversos membros da Igreja de Roma no final do livro. Você vai encontrar algumas expressões como : “ Febe está servindo...Priscila e Áquila colaboradores...arriscaram... Maria muito trabalhou... Andrônico e Júnias... companheiros...Urbano...cooperador...Trifena e Trifosa...trabalham no Senhor...Pérside... também muito trabalhou... Asíncrito, Flegonte, Hermes, Pátrobas, Hermas,Júlia, Nereu, Olimpias e todos os santos que se reúnem.

Você percebeu ? Todos esses nomes estão associados a algum verbo que indica atividade. Eram pessoas que faziam alguma coisa pela igreja, pessoas que trabalhavam para o Senhor e não apenas ficavam esperando que alguém fizesse tudo por elas.

Mas nós temos o mal costume de achar que sempre vai ter alguém na igreja que vai cuidar das coisas, alguém vai pregar, alguém vai discipular, alguém vai....menos nós. Estamos nos transformando naquilo que o teólogo James Packer chama da religião da banheira quente, ou religião da vida mansa. Queremos apenas sentar numa banheira quente e aproveitar o momento. Tudo o que significa trabalho deve ficar bem longe de nós.

Se você espera que a sua igreja seja conhecida quando os seus membros nada querem fazer por isso , pode esquecer. O mínimo que acontece nesses casos é a igreja escoar pelo ralo da banheira.

Uma igreja conhecida em todo mundo é uma Igreja que trabalha.

Uma igreja missionária

A igreja de Roma , certamente foi fundada por missionários. Não foi Paulo, o apóstolo dos gentios, tão pouco Pedro ou qualquer um dos outros discípulos de Jesus. Alguns supõe que tenha sido fundada por Áquila e Priscila, companheiros de Paulo, mas que não eram formalmente missionários. Muitos acreditam que tenha sido fundada por romanos presentes em Jerusalém no dia de Pentecostes que também não eram exatamente o que nós entendemos por missionários.

Essa é a grande diferença dessa igreja, seus missionários não precisavam ser pessoas formadas e preparadas para trabalhar em missões. Áquila, assim como Paulo, era um costureiro de tendas, Amplíato, Urbano, Eustáquis eram escravos. Rufo e sua mãe tinham conhecido Paulo em outro lugar e, portanto, levaram a Palavra com a sua mudança.

Você lembra quando você cantava na escola dominical “ posso ser um missionáriozinho, se falar de Cristo ao companheirinho...” ? É justamente isso que faziam os crentes de Roma, falavam de Cristo ao companheiro, ao vizinho e, aproveitando sua posição privilegiada como capital do mundo antigo, levavam essa mensagem até os confins da terra. Nós preferimos que o pastor seja um missionário, ou que o presbítero pregue a palavra, ou apenas que algum crente corajoso seja capaz de levar o evangelho aos índios, aos muçulmanos ou ao turcos.

Enquanto cada um de nós ( que somos a Igreja) , não se dispuser a ser um missionário, será impossível que sejamos reconhecidos pelo mundo como pessoas de uma fé notável

Uma igreja conhecida em todo mundo é aquela em que cada membro é um missionário.

Resumindo

Uma Igreja conhecida em todo mundo é aquela que evangeliza todo mundo : isso acontece é porque a igreja efetivamente entendeu a sua missão e quer compartilhar a sua fé com os demais

Uma igreja conhecida em todo mundo é construída sobre os crentes , não sobre tijolos e pedras : A igreja não pode ficar confinada dentro das suas próprias paredes.

Uma igreja conhecida em todo mundo é uma Igreja que trabalha : se você espera que a sua igreja seja conhecida quando os seus membros nada querem fazer por isso , pode esquecer

Uma igreja conhecida em todo mundo é aquela em que cada membro é um missionário : enquanto cada um de nós (que somos a Igreja) , não se dispuser a ser um missionário, será impossível que sejamos reconhecidos pelo mundo como pessoas de uma fé notável

O que você espera de você mesmo enquanto igreja ? Essa situação só pode mudar quando cada um de nós resolver assumir que , de fato, é um pedaço dessa igreja e contribuir para que, juntos, possamos crescer e cumprirmos a nossa vocação cristã.