segunda-feira, 29 de março de 2010

A teodicéia harmonista

Houve um movimento chamado Harmonista. Harmonizar é juntar coisas para que dê um resultado bom. A idéia de harmonizar é como resolver as diferenças juntando de uma forma positiva, alcançando um resultado positivo. Este movimento surgiu com Leibniz, lembrando que ele era um filósofo embora ligado à Igreja e tenha influenciado a Igreja, não era teólogo, mas filósofo; lembrando também que a origem do termo metafísica é aquilo que fica além da física, e do ponto de vista filosófico, metafísica é a linha que vai procurar a essência das coisas, o “como” e o “porque”: quem sou? de onde venho? para onde vou? porque estou neste tempo? Essa são as discussões da Metafísica Com base em Gênesis 1.31 que tudo era muito bom, Leibniz, sendo filósofo e interessado na metafísica, parte do seguinte princípio: Deus criou o melhor dos mundos; se Deus criou o melhor dos mundos, portanto, do ponto de vista metafísico o melhor dos mundos é o mundo onde existe o bem e o mal, porque o exercício filosófico é muito mais rico existindo o bem e o mal, porque se só existisse o bem não haveria discussão alguma, não existiria o exercício intelectual. Deus criou o melhor dos mundos porque obriga o homem a pensar. Leibniz tenta harmonizar o bem e o mal. Como extrair a essência das coisas sem a existência do mal? Para Leibniz o mal foi criado para que o mundo seja perfeito. Para ele o mundo só podia ser perfeito havendo conflito com alguma coisa; porque se tivesse só o bem seria um mundo monótono e só o mal teria acabado. Leibniz dizia que a origem do mal é metafísica. O mal metafísico gera o mal moral, pecado, e o mal moral gera o mal físico. Qual é a lógica desse conceito de Leibniz? Como podemos discutir esse pensamento de Leibniz? Podemos ver dois pontos.

Primeiro: Deus criou o mundo com o bem e o mal para que o homem seja mais feliz! Isto é um conceito antropocêntrico, pois está dizendo que o mal existe para que o mundo fique mais interessante para o homem! Com o bem e o mal o mundo fica melhor para quem? Para o homem. Leibniz está dizendo que Deus criou o mundo em função do homem. Bem, então, Deus criou todas as coisas boas completamente centrado no homem? Criou o mundo para o desfrute do homem? Na verdade, biblicamente, Deus nos colocou aqui como mordomos e como mordomos temos de cuidar e temos o direito de desfrutar todas as coisas que Deus criou, mas Deus criou todas as coisas para o louvor da Sua glória.

Segundo: dentro desse conceito de Leibniz, o mal não surge na história, mas é inerente à criação, faz parte da criação! O mal surge pré-queda do homem, mas atinge o homem na queda, os anjos já tinham caído, porque senão Satanás não estaria lá no jardim para falar com Eva.

Para Leibniz existia três tipos de mal. Estando no exercício metafísico, a metafísica estava na origem de todas as coisas. O primeiro mal era o metafísico que tinha a ver com a origem do homem. Leibniz dizia que o homem é essencialmente imperfeito porque o homem é finito. Veja a contradição aqui: Leibniz começa a sua tese dizendo que tudo o que Deus criou é bom, portanto precisou juntar o mal e o bem, por que o mal é bom. Mas agora está dizendo que o homem é imperfeito porque ele é finito, ou seja, esta imperfeição do homem é boa para o todo. Se o homem é imperfeito, se ele é incompleto, é essa incompletude do homem que, na verdade, é um mal original. Porque se o homem fosse perfeito ele seria Deus. Se o homem é imperfeito e finito em sua origem, é porque Deus o fez assim. Portanto, a criação é imperfeita ou o mal faz parte da perfeição da criação. É onde Leibniz quer chegar: o mal faz parte dessa perfeição. É uma perfeição imperfeita. Esse mal metafísico, segundo Leibniz, o fato do homem ser incompleto é que vai gerar o mal moral. O mal moral são nossas atitudes contra Deus, é o pecado. Como o homem é limitado, ele é imperfeito. Para Leibniz o mal moral não é pecado, no sentido de estar indo contra a vontade de Deus, mas é simplesmente a ausência do bem, mas ou menos como para alguns a paz é a ausência de guerra. Não praticar o bem significa que está sendo mau, é mais ainda do que ser contra a Lei de Deus. O mal moral é que provoca o mal físico. Concordamos com isto: existe o mal moral e sabemos que ele provoca os males físicos: o sofrimento, a morte, etc. Só existe perfeição em Deus, portanto, o homem perfeito seria equivalente a Deus. Qual o problema lógico disso? A criação é imperfeita porque ela englobou o mal. Dentro dessa lógica Deus não pode julgar ninguém! Deus tem de salvar todo mundo! Ele criou assim, portanto Ele é responsável. Ouvimos isso com muita freqüência! Leibniz esta dizendo que o mal é originário da criação, Deus criou o mundo com o mal existente. O mal existente era o fato do homem ser imperfeito. Ele está dizendo que o homem já é criado de uma forma imperfeita, por isso ele executou o mal moral. A maioria das teodicéias não tem nenhuma justificativa em qualquer texto bíblico. Por que a maioria das teodicéia surgem de elucubrações de seus criadores? Por que nascem da imaginação do homem? Porque tentam justificar o mal. Esse é o motivo sempre. E também justificar a Deus. Mesmo nascendo dentro da igreja, nasce muito mais como exercício filosófico do que como uma discussão teológica. Alguém diz: fiz a exegese de tal texto e cheguei a essa conclusão. Por que? Porque a Bíblia não traz essa explicação. A Bíblia afirma que existe o mal, o mal afronta a santidade de Deus, mas ele está sob o controle de Deus. Por isso as teodicéias não trazem textos bíblicos. As discussões sobre o batismo ou sobre a transubstanciação do pão o do vinho, são pessoas que fazem interpretações diferentes do mesmo texto bíblico, e geram discussões teológicas. No caso da teodicéia será sempre uma discussão filosófica, porque a Bíblia não trata desse assunto. Vamos estudar o que é o mal moral, quais as conseqüências do mal físico, mas não temos teodicéia, porque não precisamos defender Deus, não temos que justificar Deus para a existência do mal no mundo. O homem fica atrás disso para satisfazer a própria curiosidade. O homem fica estudando loucamente o universo porque ele precisa entender com a razão, com o seu intelecto, quando a Bíblia diz que pela fé entendemos que o universo foi formado pela Palavra de Deus (Hebreus 11.3).

Nenhum comentário: